quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Em São Paulo, representantes da ONU realizam encontro sobre a Palestina


15/08/2012 | Roberto Bueno

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Mediado pelo professor Salem Nasser, do curso de Direito Global, o encontro sobre a Palestina teve como palestrantes Filippo Grandi, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para Assistência e Obras aos Palestinos Refugiados no Oriente Médio – UNRWA, na sigla em inglês -, e Milton Rondó Filho, conselheiro de Assistência Internacional de Combate à Fome do Ministério de Relações Exteriores do Brasil.
Em sua primeira visita ao Brasil, o italiano Filippo Grandi, da UNRWA, começou dizendo que o país acabou se tornando um grande colaborador da agência. Ele explicou a importância de falar sobre os palestinos num contexto de grandes mudanças no Oriente Médio. “Os palestinos se comparam com o que está acontecendo no restante do Mundo Árabe e se sentem profundamente frustrados”, comentou Grandi, que citou a afirmação do premiê palestino Salam Fayyad numa entrevista, há alguns dias, de que “o principal risco para os palestino hoje é a marginalização política”.
O conselheiro de Assistência Internacional de Combate à Fome do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, Milton Rondó começou sua fala explicando as atribuições do órgão, que segue o artigo IV da Constituição, que diz que um dos parâmetros da política externa brasileira é a promoção dos Direitos Humanos, ou seja, proteção, promoção e provimento. “Se alguém passa fome em Gaza é responsabilidade do governo brasileiro, do povo brasileiro”, ressaltou.
O mediador Salem Nasser contou ao público presente que, durante uma viagem realizada para Israel com o conselheiro Milton Rondó, para uma palestra na Universidade Tel Aviv, viu o real sofrimento da população palestina. “Deixando as questões políticas de lado, você via o sofrimento real, profundo. Você percebia a importância da atuação de uma organização como a ONU. É vital”. Nasser também destacou que, para organismos internacionais, como a Cruz Vermelha e a World Food Programme, o problema da Palestina é a ocupação. “Eles sabem trabalhar, eles sabem plantar. Assim que eles não estiverem mais sob ocupação, não precisarão de ninguém.”
Grandi explicou que a condição de refugiado é suspensa em três situações: quando os refugiados retornam para casa, voluntariamente; quando integram-se ao local onde estão ou quando são recebidos por um outro país, como o Brasil. “No caso palestino, os refugiados não podem voltar para suas casas porque Israel se recusa a aceitar o retorno deles para manter o estado israelense formado por maioria judia”, ressaltou. O direito à volta de refugiados palestinos é garantido pela lei internacional e pela Resolução 194 da ONU.
Perguntado pelo público sobre como estão os refugiados palestinos no Brasil, Milton Rondó contou o caso de uma família de palestinos trazidos do Iraque para Venâncio, no Rio Grande do Sul, que foi inserida nos programas de assistência social brasileiros.
Para Milton Rondó, o evento foi perfeito. “A questão dos refugiados palestinos é importante para o Brasil. Em poucas regiões do mundo os diretos humanos são tão desrespeitados quanto na Palestina.”
Na opinião do conselheiro-geral Filippo Grandi, o Brasil tornou-se um grande doador da UNRWA. “Quero conversar com a sociedade civil, com a iniciativa privada e governos locais. Tive encontros em Brasília e em mais quatro cidades do país com esses entes da sociedade brasileira”. O conselheiro também comentou que o mundo árabe vê a questão dos palestinos como central e a ajuda de alguns governos árabes aumentou. Um exemplo é a Árabia Saudita, que tornou-se o terceiro maior doador da UNRWA.

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