quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O ORIENTE MÉDIO NA CRISE ATUAL.

Companheirada

No seculo 21, a disputa imperialista lembra os tempos coloniais, com invasoes das sociedades diferentes, fazendo terra arrazada. É assim que esta sendo destruida toda uma sociedade milenar, como sao os paises árabes. 
Vejam abaixo, uma conversa na rede social SK. Quem puder, entre no http://www.voltairenet.org/Confirmado-la-mayoria-de-los e leia o relato de Pepe Escobar

A Síria em guerra
Comentadores de política internacional que não estão a serviço dos meios de intoxicação mental imperialista, nem são “habitués” de embaixadas estadunidenses, consideram a invasão da Síria a operação de guerra secreta mais importante desde a que os chamados “Contras”, bandos de mercenários estipendiados por R. Reagan, empreenderam nos anos 1980 para desestabilizar o governo revolucionário da Nicarágua.
Em meados do ano passado, o Exército Sírio Livre, sigla que abriga terroristas profissionais financiados pelos sheiks da Arábia Saudita e dos Emirados petroleiros, apoiados pela Turquia e pela Otan, passaram a operações mais pesadas. Em 16 de novembro, atacaram com lançadores de granadas, morteiros e metralhadoras uma base da Força Aérea Síria situada em Harasta, subúrbio de Damasco. A BBC, reproduzindo a emissora Al Jazeera, propriedade do Emir semifeudal de Qatar, comemorou o feito dos “Contra” árabes, informando também que eles tinham atingido outros alvos em Duma, Saqbar, Qaboun e Arabe n, na região de Damasco e congratulou-se com “o avanço estratégico dos opositores”.O que obviamente não impediu o bloco dos feudais e imperialistas de acionar seus sócios e vassalos na ONU para legitimar “bombardeios humanitários” visando a derrubar o “ditador Assad”. De um lado, armavam e financiavam a sedição, de outro ameaçavam intervir para proteger as vítimas do incêndio bélico que eles mesmos estavam ateando.
Essa sórdida comédia prosseguiu nos meses seguintes. Abanando a cauda ao som da voz do dono, os canis mediáticos da Al Jazeera e das emissoras das metrópoles imperialistas, CNN, BBC, Fox News etc., coadjuvadas por seus papagaios periféricos, cumpriram plena e ostensivamente os objetivos da propaganda bélica. Choramingando pelas vítimas, atribuíam ao Exército sírio, no mais das vezes mentirosamente, a responsabilidade pelos atrozes massacres de civis, mas contradizendo-se descaradamente, alardeavam os feitos guerreiros dos Contras, de modo a sinalizar as perspectivas de êxito da invasão, que prosseguia, tanto pelo norte, através da fronteira com a Turquia (que está comprando com sangue sírio sua entrada na famigerada União Europeia), quanto pelo sul, pela fronteira com a Jordânia (cujo reizinho é um fantoche dos gringos).
A agressão neocolonial se intensificou em meados de julho, quando a Otan lançou a operação «Vulcão de Damasco e terremoto da Síria». Nos dias precedentes, uma nova vaga de invasores, composta de algumas dezenas de milhares de mercenários e de fanáticos sunitas ligados à tenebrosa al-Qaeda (atualmente agindo de mãos dadas com a CIA, como já o fizera três décadas atrás na guerra santa contra os soviéticos no Afeganistão), entraram na Síria via Jordânia, após liquidaram grupos isolados de policiais e de militares e se apoderarem de vários postos de fronteira. O objetivo era tomar Damasco de assalto. Na manhã do dia 18, eles desfecharam seu até agora mais bem sucedido ataque terrorista, destruindo a sede de Conselho de Segurança Nacional. Conseguiram matar no ato três generais: Daud Rajha, ministro da Defesa, Assef Chawkat, ministro adjunto, e Hassan Turkmani, secretário da presidência da República.
Simultaneamente, outra aguerrida coluna de invasores atravessou a fronteira turca e rumou para Alepo, onde também se trava uma batalha em que se disputam ruas, prédios, bairros. Levando o incêndio às duas principais cidades do país, e tendo conseguido golpear no crâneo o Estado sírio, os sórdidos tartufos da Casa Branca, os colonialistas empedernidos da Otan, seu satélite turco, a família real saudita e o Emir de Qatar, nutriram fortes expectativas de que tinham triunfado. Por aqui, um desses sub pensadores bem bobinhos da papagaiagem mediática local bradou “Assad game-over” no título de um de seus artiguetes ( Folha SP, 19 de julho). Não, o “game” feudal-imperialista ainda não está “over”. Os invasores não conseguiram tomar Damasco e a batalha em Alepo segue furiosamente indecisa.
Enquanto a Síria se esvai em sangue, o imperialismo britânico, embora decrépito, continua insolente e arrogante. Com safadeza ímpar, o governo do camarão resolveu aproveitar os Jogos Olímpicos para comemorar suas agressões coloniais e as de seus predecessores. Um bando de pobres palhaços, envergando túnicas brancas, foi incumbido de entregar a bandeira olímpica a um pelotão de veteranos das tropas de choque de Sua Majestade, que participaram, nas últimas duas décadas, de todas as covardes exp edições punitivas da Otan contra o Iraque, o Afeganistão, a Sérvia, a Líbia e a Síria. Com tristeza, mas sem muita surpresa, já que desde 2010 sabíamos que na onda verde de Marina Silva surfam muitos ricaços brincando de alternativos, vimos a ex-candidata ecológica, toda lampeira em Londres, segurando uma das pontas daquela bandeira profanada.
João Quartim de Moraes
 
Enviada em: quarta-feira, 8 de agosto de 2012 18:01
Assunto: Re: [ESK] A Síria em guerra
 
 
E o pior é que esta estratégia delirante vai ser ampliada e estendida. Abraço. O objetivo final é Teerã!
Caro João Quartim,
 
Muito bom, bem escrito e fiel aos fatos o seu diagnóstico de situação sobre a Síria em guerra. Pergunto: Qual a saída?  Quais estratégias utilizarão  as forças populares e verdadeiramente revolucionárias para neutralizar essa nova e eficiente ação  imperialista/neo-colonialista de desestabilizar países considerados por eles como inimigos? Será que  qualquer movimento interno (armado ou não) de resistência contra o establishment existente pode ser considerado como força libertadora, defensora da democracia e do progresso? Certos movimentos de esquerda estão embarcando nesse tipo de análise e passam a ser aliados (são inocentes úteis? ou são agentes úteis não inocentes?) e por isso não atuam explicitamente contra tais forças desestabilizadoras. Ou seja, se coligam disfarçadamente com elas! E isso pode ser constatado aqui na América Latina nos recentes golpes de estado acontecido em Honduras, Equador e Bolívia e até mesmo na Argentina referente ao lockout desestabilizador realizado pelos empresários dos agronegócios da Argentina contra o governo legítimo de Cristina Kirchner. Vemos também que Hugo Chávez e novamente Evo Morales estão sendo assediados pelas forças conservadoras pró-imperialistas e paradoxalmente também por forças de esquerda (as mesmas que se aliaram com o imperialismo e o atraso na Líbia e na Síria).  Insisto: Qual a saída? Um abraço Jacob David Blinder
 
 


Prezado Blinder, prezados companheiros da lista

Responder a fundo às questões levantadas pelo Blinder excede minha informação. O excelente artigo do Escobar, divulgado na lista pelo Morales, nos ajuda muito para analisar concreta e objetivamente a tragédia síria.  Apenas assinalo alguns dos pontos que me parecem decisivos na dinâmica do enfrentamento. (1) Sem o veto russo-chinês no CS/ONU, os valentões da Otan já teriam destruído meia Síria com seus "bombardeios humanitários"; (2)   A manobra tática decisiva para a batalha de Alepo é o controle da fronteira turca, por onde têm entrado milhares de terroristas, de pistoleiros mercenários e de fanáticos sunitas; só bloqueando essa brecha as forças patrióticas poderão tentar a operação de cerco e aniquilamento dos invasores; (3) É muito difícil, para quem olha de longe, opinar sobre a capacidade de resistência política do Estado sírio, alvejado com êxito na cabeça pelos terroristas e atacado também com chuvas de dólares regando os desertores da cúpula do poder.

Não me parece descabido acrescentar algumas observações de caráter pessoal.  

Há quarenta anos, contribuo regularmente para a revista Afrique Asie, hoje dirigida por um  sírio, de formação comunista e a quem incluo enre meus amigos, Majed Nehme. O atual diretor gráfico da publicação (que circula entre árabes e africanos francófonos) também é um  sírio, Bachar Rachmani. Estive na Síria duas vezes, como turista.  Em fevereiro do ano passado, em Paris, antes de que eu tomasse o avião para Damasco, Bachar me deu o endereço de um irmão, Ammar Rachmani, engenheiro em Alepo, o qual, com o sentido da hospitalidade síria, convidou-me para jantar num estupndo restaurante da cidade velha. Veio com a mulher -uma belíssima senhora, seja permitido notar- em uma de suas duas filhas (a outra, que não conheci, estava em plena preparação de ex ames universitários).Conversamos em francês ou inglês (carrego a limitação de não falar o árabe). Corria o mês de fevereiro 2011. Ammar, sabendo-me colega e até amigo do irmão (que lhe telefonara avisando-o de minha visita) ficou à vontade e, sem baixar a voz num restaurante cheio de orelhas que certamente entrendiam aqueles dois idiomas, fez acerbas críticas ao governo, do ponto de vista de um empresário burguês liberal. A filha ouvia com um sorriso algo enigmático. Uma garota bonita como a mãe, mas culturalmente bem diferente. Tinha o rosto enquadrado e os cabelos envolvidos pelo espesso lenço das muçulmanas. O pai, respondendo a uma pergunta que eu não tinha feito, aproveitou um momento em que a filha estava entretida em outra conversa, para me explicar "-É a maneira dos jovens afirmar sua identidade". (Sujeito oculto da frase: "Esse lenço"). Mas que identidade? Não me permiti perguntar. No longo passeio de automóvel num  "Alepo by night", em q ue Ammar percorreu vários bairros da cidade (não só os mais bonitos), a garota, sentada a meu lado no banco de trás, deu prova de desinibição de gestos, permitindo-se cutucar-me o ombro para me chamar a atenção quando passávamos diante de algo que a seu critério merecia meu interesse. Outras pequenas observações convergentes, muito limitadas por meu desconhecimento do árabe:(a) o ambiente na Síria de Assad não era tão repressivo quanto dizem; em Damasco, ao menos, na fascinante cidade velha, que eu percorri a pé em todas as direções, em muitos cafés/restaurantes frequentados pela juventude local, havia mesas só de garotas, algumas com lenço, outras sem, todas fumando narguilê tranquilamente; (b) os ambientes culturalmente mais pesados para os estrangeiros são as mesquitas, mas mesmo assim, cumpre distinguir as grandes mesquitas de Damasco, onde  praticamente não há nenhuma rejeição aos cara-pálidas, das de Alepo, onde o ambiente é mais pesad o; (c) em matéria de peso, nenhuma dessas duas cidades se compara a Hama, onde não se serve álcool nos restaurantes de hoteis e não se vêem mulheres sem lenço cobrindo os cabelos, salvo claro alguma turista ocidental.  Destas observações, tirei algumas conclusões, singelas, mas talvez não inúteis. (1) O lenço cobrindo os cabelos femininos, sobretudo em meios intelectuais, pode ser mais ideológico do que religioso. Garotas como a jovem Rachmani de Alepo rejeitam o "lay-out" do "glamour" ocidental sem que isso, posso garantir, lhes tire o encanto. (2) A diferença da pressão religiosa varia muito de uma cidade para outra: uma das críticas mais contundentes dos fanáticos da oposição feudal-imperialista a Assad é que ele ingere bebidas alcoólicas e deixa as mulheres sairem na rua sem véu. (3) O fato de que o cartaz que mais se vê nas ruas de Damasco é o de Assad ao lado de Nusrallah deixa claro que para os pistoleiros da Otan e os sheiks seus sócio s, aniquilar o regime do Baas é abrir a via para esmagar não só o Irã, mas também o Hezbollah.  

saudações a todas e todos
JQM

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