segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Poda dos cafeeiros ‘Conilon’ e ‘Robusta’: preparando a lavoura para as próximas safras



Terminado o período de colheita do café Coffea canephora (‘Conilon’ ou ‘Robusta’), é hora de fazer a poda para preparar as plantas para as próximas safras. A técnica deve ser realizada no período de estiagem entre o término da colheita e, quando possível, o primeiro florescimento. Nos cafeeiros da espécie C canephora, os ramos horizontais e os verticais que estiverem esgotados devem ser eliminados pela poda, permitindo-se assim, a renovação parcial ou total do cafezal para novos ciclos de produção.
 
Os ramos horizontais, também conhecidos como ramos produtivos, guias ou plagitrópicos, são os responsáveis pela produção dos frutos de café, enquanto que os ramos ou hastes verticais, conhecidos tecnicamente como ortotrópicos, são os responsáveis pela sustentação dos ramos produtivos. As hastes ortotrópicas devem ser podadas de acordo com o tipo de manejo de ortotrópicos proposto, enquanto que a poda ramos produtivos deve ser realizada todo ano, a partir da primeira safra, independentemente do manejo de ortotrópicos recomendado.
 
Para a poda dos ramos horizontais, devem ser eliminados todos aqueles da parte inferior da planta, que já produziram frutos em pelo menos 70% de sua extensão. Esse procedimento também é conhecido como derrama ou retirada da “saia” do cafeeiro. De maneira geral, a planta é visualmente dividida em três partes, sendo eliminados os ramos do terço inferior. Na prática, esses valores podem ser diferenciados, ou seja, em anos em que houve baixa produtividade, deve-se eliminar menos plagiotrópicos, enquanto que nas safras de alta produtividade podem ser eliminados mais ramos.
 
As hastes ortotrópicas devem ser eliminadas sempre que atingirem altura que dificulte os tratos culturais, tais como aplicação de produtos químicos (fungicidas, inseticidas, acaricidas e adubos foliares) e colheita. Na prática, esses ramos devem ser mantidos por três ou quatro colheitas, dependendo do manejo adotado. Em Rondônia, existem três tipos de podas de ramos ortotrópicos praticadas atualmente: poda tradicional, recepa parcial e recepa total.
 
O sistema de poda de produção tradicional (anual) consiste na renovação anual de 1/3 a 1/4 das hastes verticais da planta. Após completar um ciclo de poda, a planta apresenta hastes podadas com um, dois, três e quatro anos de idade dependendo da quantidade eliminada por ano.
 
No sistema de “recepa parcial”, o número de hastes ortotrópicas é definido durante a formação da lavoura, preferencialmente após indução para formação de copa (envergamento ou capação) dos cafeeiros. Estas hastes, em número de três ou quatro, são conduzidas pelo período de quatro a cinco anos (três a quatro produções), após os quais há a eliminação de 3/4 dos mesmos, restando apenas uma ou duas hastes por planta, que funcionam como “pulmão”, permitindo o crescimento mais rápido dos novos ramos, além de manter a produção da lavoura, uma vez que podem produzir até 40% da colheita anterior. No ano seguinte à recepa parcial, após a seleção de brotos para substituição das hastes antigas, promove-se a eliminação dos ortotrópicos remanescentes depois da safra. Essa poda é semelhante à Poda Programada de Ciclo (PPC), realizada por agricultores do estado do Espírito Santo.
 
A recepa total consiste em conduzir o número de hastes verticais desejado, três a quatro, por um período de cinco anos (quatro anos de produção), após os quais é realizada a poda drástica, em que todos os ortotrópicos são eliminados à altura de 20 a 40 cm do solo. A principal diferença entre as recepas parcial e total é a manutenção do ramo “pulmão”, que tem como função fornecer energia para as novas brotações, além de possibilitar colheita de frutos, embora pequena, na produção do ano seguinte à poda dos ortotrópicos.
 
e-mail: marceloespindula@cpafro.embrapa.br
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