Mestre em Sociologia (UnB)
e especialista em Segurança no Trânsito, Eduardo Biavati é hoje um
dos nomes mais respeitados quandose fala em trânsito,
em todo o país. É membro titular da Câmara Temática de Educação e Cidadania do Conselho Nacional de Trânsito(Contran).
De 1993 a 2004, foi Coordenador Nacional do Programa de Prevenção de Acidentes de Trânsito da Rede Sarah
de Hospitaisde Reabilitação.
Biavati será o convidado do Detran|ES para falar a estudantes de ensino médio sobre “Jovens e Trânsito”, dentro das atividades daSemana Nacional de Trânsito, que vai de
18 a 25 de setembro. O tema deste ano é “Não exceda a velocidade,
preserve a vida”.
Na entrevista a seguir, Biavati fala sobre prevenção de acidentes e
o papel fundamental da educação para a formação de bonscondutores.
1 – Em sua opinião, qual é o maior desafio para a redução dos acidentes de trânsito?
Biavati: O maior desafio é a integração intersetorial das políticas públicas. Essa é a essência da "Década Mundial de Ação para aSegurança no Trânsito 2011-2020", convocada pela Onu. Integração exige compartilhamento de poder, exige soma de inteligências e,sobretudo, a compreensão de que a morte e a lesão no trânsito são responsabilidades compartilhadas tanto pelos cidadãos como pelosgestores públicos.
2 – No caso específico do excesso de velocidade,
o que pode ser feito para que os motoristas respeitem a legislação?
Ascidades brasileiras estão se preparando para lidar com
a prioridade ao transporte coletivo, pedestres e ciclistas?
Biavati: O controle da velocidade é um passo fundamental para a redução da morte e da lesão no trânsito. A violência do trânsito éfunção direta da velocidade dos deslocamentos no sistema do trânsito. Nós ainda não entendemos nem fomos capazes de formar umconsenso social de que a velocidade nos torna desiguais no trânsito - quanto maior a velocidade maior a fragilidade dos usuários maisvulneráveis.
Queremos mesmo integrar as bicicletas no
trânsito? Queremos mesmo incentivar as pessoas a caminharem na cidade? Então,
teremos que baixar substancialmente os limites de velocidade dos veículos
motorizados - inclusive do transporte público. Se queremos mesmo cidades
melhores, mais sustentáveis e mais seguras, teremos que maximizar o controle da
velocidade no trânsito e esse é um desafio político que praticamente nenhuma
cidade brasileira enfrentou até o momento.
3 – Qual é o papel da
educação na formação dos futuros motoristas?
Biavati: A educação para o trânsito no Brasil ainda não encontrou um lugar na agenda da educação do cidadão - talvez esse tenha sido nosso menor avanço na última década. Nós temos que abandonar o lamento infinito de que as escolas e os professores não reconhecem a importância da segurança no trânsito e nos questionar onde temos falhado em construir a importância desse tema. Falhamos, para começo de conversa, em "vender" a educação para o trânsito como um projeto político-pedagógico que converse com as outras temáticas especialmente da saúde: poderíamos falar de segurança no trânsito a partir do trabalho escolar de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e HIV? Poderíamos falar de segurança no trânsito a partir do tema muito mais amplo da formação de hábitos de saúde? Sim, essa seria minha aposta: demonstrar que o trânsito é apenas uma dimensão constituinte da cidadania.
4 – Como o senhor avalia
a ideia de punição mais rigorosa para motoristas que dirigem depois de beber?
Biavati: Não concordo que a punição da conduta de beber e dirigir tenha que ser mais rigorosa - basta que ela aconteça efetivamente e isso hoje confronta a capacidade gerencial de execução não apenas dos órgãos gestores de trânsito do país, mas também da Justiça brasileira. Nós já temos uma legislação rigorosíssima que estabelece, na prática, a proibição do consumo de qualquer quantidade de álcool pelos condutores de veículos. Basta aplicar a fiscalização dessa proibição, o que nos leva de volta à questão da obrigatoriedade de uso do bafômetro - que está aguardando uma decisão final do STF - e também à aplicação hábil e útil da suspensão da habilitação do condutor transgressor. Os condutores deveriam temer seriamente perder a habilitação, mas não temem - não temem sequer continuar dirigindo sem a habilitação, porque contam com a fragilidade e a insuficiência de vigilância do poder do Estado.
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação do Detran|ES Tels: (27) 3137-2627 / 9944-1358
karyna.amorim@detran.es.gov.br Vinícius Yungtay 3137-2627 / 9943-7060
vinicius.yungtay@detran.es.gov.br www.detran.es.gov.br Texto: Maria Luiza
Damiani
Nenhum comentário:
Postar um comentário