segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Brasileiros respondem quem são os escritores mais admirados do País


Conheça um pouco mais sobre os cinco primeiros colocados da lista
​Monteiro Lobato é o autor mais admirado pelos brasileiros.
​Em um país onde metade da população ainda não aderiu à leitura, alguns escritores ainda despertam interesse com suas obras incorporadas ao imaginário popular.

A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo IBOPE Inteligência a pedido do Instituto Pró-Livro (IPL) e divulgada este ano, trouxe, entre outras informações, os nomes dos 25 autores mais admirados pelos brasileiros. Na lista, estão escritores de estilos e épocas diferentes da literatura nacional.

Monteiro Lobato
Em primeiro lugar entre os mais admirados do Brasil está Monteiro Lobato. O paulista, precursor da literatura infantil no País, fez história no imaginário popular com seus personagens fabulosos e oníricos, disseminados nas páginas de livros e também na televisão. Mas para alguns críticos, é na universalidade da linguagem do autor que reside a maestria da sua obra.

“A popularidade de Lobato deve-se exclusivamente a sua capacidade de falar tanto às crianças das metrópoles como àquelas que vivem na pequena cidadezinha do interior do país. Lobato abarca a experiência urbana e também a vida rural”, defende Augusto Massi, professor de literatura brasileira da USP.

Para o especialista, mais do que a televisão, o trabalho nas escolas primárias com os textos do autor explica o primeiro lugar alcançado na pesquisa. “Foi um trabalho de longa duração, num ritmo lento e constante que fez com que a literatura de Lobato penetrasse fundo no imaginário brasileiro”, completa.

Machado de Assis
Já na segunda posição da lista dos mais admirados do País figura Machado de Assis. Famoso por sua ironia e sarcasmo, o escritor é um ícone para o realismo brasileiro, corrente literária que tem início oficial com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881.

“Sem Machado de Assis e a densidade de sua obra, a literatura brasileira teria bem mais dificuldades de superar o naturalismo e o experimentalismo rasos”, explica Luiz Roncari, livre docente em literatura da USP.

Mas se Machado de Assis é referência para uma literatura vinculada à realidade e à sua crítica, o próximo colocado da lista dos escritores mais admirados traz um nome ligado ao ocultismo e esoterismo.

Paulo CoelhoO autor brasileiro mais vendido e traduzido no mundo, ocupa a terceira posição do ranking.  Polêmico pelos temas que aborda em suas obras, o escritor, apesar de querido, divide opinião entre os críticos. “Paulo Coelho é uma literatura de evasão, é isso que muitos querem. Há quem prefira assistir a televisão a ler um livro que fale da miséria de sua vida, é mais fácil”, afirma Roncari.

Mas para o professor Augusto Massi, o sucesso do escritor está ligado ao desejo das pessoas. “Os temas abordados nas obras de Paulo Coelho têm um alcance universal. Milhares de pessoas realizam anualmente o Caminho de Santiago de Compostela. Certamente, “O diário de um mago” narrado de forma direta e simples, funciona como uma caixa de ressonância desta experiência de peregrinação. Outros livros tratam de temas que têm um lugar assegurado nas listas de mais vendidos: bruxas, demônios, compilação de frases etc. No mundo todo existe um público ávido para ler esse tipo de obra”, complementa.

Jorge Amado
O sucesso em termos mundiais também aparece em torno do nome que ocupa a quarta posição da lista: Jorge Amado. O escritor já foi traduzido para inúmeras línguas, levando o universo da Bahia às mais remotas regiões do mundo.“Jorge Amado é um sedutor de mão cheia, com a pitada certa de política, culinária, erotismo, viagens, boêmia, imigrantes etc. Reforçando tal estratégia, os personagens de uma obra reaparecem em outra, criam elos, enredos, redes de relações que nos levam a revisitar sempre o conjunto de sua obra. Como bem observou o crítico Antonio Candido, Jorge Amado explora com riqueza um universo restrito”, afirma Massi.

Carlos Drummond de Andrade
Por fim, na quinta posição está o poeta Carlos Drummond de Andrade. Considerado um autor modernista, mas que está além das classificações, o escritor produziu poesia irônica, social e metafísica.  A abordagem dos dilemas humanos é a temática geral de sua obra e fonte da riqueza dos seus versos.

“Nenhum outro poeta brasileiro conseguiu penetrar em regiões tão pouco exploradas dentro da nossa tradição literária, como a poesia de caráter político ou filosófico. Somente em Drummond encontramos uma dicção reflexiva capaz de abranger tanto a poesia militante de Rosa do Povo (1945) como a lírica meditativa de Claro Enigma (1951). Ele mesmo tinha consciência disso ao afirmar: cansei de ser moderno, agora quero ser eterno”, reflete Massi.

Os demais escritores citados na pesquisa por ordem de menções são Maurício de Souza , José de Alencar, Vinícius de Moraes,  Zibia Gasparetto,  Augusto Cury,  Érico Veríssimo, Cecília Meireles, Chico Xavier, Padre Marcelo Rossi, Ziraldo, Manuel Bandeira, Paulo Freire, Fernando Pessoa*, Clarice Lispector,  Ariano Suassuna,  Graciliano Ramos, Mário de Andrade,  Mário Quintana , Silas Malafaia e Pedro Bandeira.

*Nas entrevistas realizadas para a pesquisa, os entrevistados responderam os nomes dos autores espontaneamente. O que levou o nome do português Fernando Pessoa a aparecer entre os escritores da lista.

Sobre a pesquisa
A pesquisa foi realizada de 11 de junho a 3 de julho de 2011. Ao todo, foram 5012 entrevistas domiciliares, em 315 municípios de todos os estados brasileiros. A margem de erro do estudo é de 1,4 pontos percentuais para mais ou menos, com um intervalo de confiança estimado de 95%. 

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