domingo, 16 de setembro de 2012

Especialistas avaliam que café colombiano deve mudar foco econômico



Um evento do Banco da República da Colômbia analisou os resultados de um estudo denominado "O mercado mundial de café e seu impacto na Colômbia". Esse documento ressalta que a agricultura e, em especial o café, tem grande oportunidade de oferecer ferramentas para que o país possa sair da pobreza e o governo deveria deixar de lado o assistencialismo e apoiar o setor com pesquisa e educação. Essas foram algumas das conclusões tiradas após a apresentação efetuada por César Valeu Média e Carlos Gustavo Cano, codiretores do Banco da República, ao longo da Semana Econômica, organizada pela Universidade La Grau Colômbia, em Armênia.

Segundo o expressado pelos conferencistas, desde que se rompeu o pacto de cotas, em 1989, os cafeicultores colombianos ficaram sem um modelo, sendo que dificilmente a estrutura anterior voltaria a vigorar. Ou seja, viveu de uma forma totalmente contrária a outros países produtores, como Brasil, Vietnã e Honduras, entre outros. Para os palestrantes, o Estado colombiano não pensou que o mundo estava mudando e, assim, a cafeicultura local não conseguiu se adaptar às dinâmicas impostas para o impulso no mercado.

Não obstante, o estudo ressalta que o mundo segue em constante evolução, com novas potências emergindo e excelentes oportunidades para ampliar mercados. Além disso, aspectos como a facilidade para teracesso à informação, tecnologia de vanguarda, gostos e preferências mais exigentes das novas gerações forjaram um cenário no qual se deve entrar na concorrência, oferecendo valor agregado.

Carlos Gosta Cano, que foi ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, em 2002, indicou que "apesar da recessão que está sendo vivida na Europa, estamos em um momento conjuntural, com um impulso que trazem as economias da Índia e da China. Por isso, em breve o mundo se verá necessitado de ampliar sua fronteira agrícola e aí a demanda crescerá e, não apenas no café, mas em muitos produtos do campo, o que pode ajudar no desenvolvimento do país e gerar um impacto importantíssimo na superação da pobreza".

De acordo com os dois especialistas, deve-se reintegrar a política cafeeira aos temas de desenvolvimento social e rural para levar aos cafeicultores os serviços do Estado, tendo em conta que o índice de desenvolvimento humano da região do Eje Cafetero está abaixo da média colombiana.

César Vallejo Mejía, co-autor do estudo, sustentou que o problema da pobreza no campo será solucionado com a criação de condições para que as pessoas possam se desenvolver e tenham condições de acessar os créditos, dando ferramentas para que os produtores possam ter um valor adicional no café que produzem e que eles pensem mais como empresários que como cafeicultores. "A boa qualidade do café já não éexclusiva da Colômbia. Neste momento, muitos países do mundo já oferecem. É o momento de abrir a mente, pensar mais além e dar ao café os valores agregados”.

Eles explicaram que há exemplos de cafeicultores em unidades produtivas que conquistaram o restante do mundo, conseguindo colocar o café nos mercados internacionais, podendo vender uma libra por até 20 dólares, devido ao aprendizado de explorar fatores diferenciais, como marca, desenho de melhores embalagens, entre outros atributos. "O consumidor de hoje está muito mais exigente, sendo que ele quer ser contemplado com aquilo que seu paladar deseja. Por isso, conquistar esse consumidor é uma meta para os cafeicultores, mas isso não pode ser feito do dia para a noite", complementou Vallejo Mejía

CNC Café

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