quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ipea e Câmara debateram política externa brasileira



Ascensão chinesa e crise mundial foram destaques no seminário

Fotos/João Viana
Luciana Acioly abordou a ascensão econômica da China durante o seminário
Nos dias 18 e 19 de setembro foi realizado, no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, o seminário Política Externa Brasileira: desafios de um mundo em transição. O evento teve como foco a análise, proposta e prospecção da estratégia brasileira para atuação em conjunto com os demais países, abordando temas como o Mercosul e a Unasul, crise e reforma do sistema financeiro internacional, e análise da ascensão da China.
Dividido em seis painéis, o seminário teve a presença de embaixadores de mais de 80 países, parlamentares, autoridades, jornalistas, pesquisadores do Ipea e de outros institutos de pesquisa, além de estudantes.
Perpétua Almeida, deputada presidenta da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, abriu o seminário e ressaltou a necessidade da compreensão do reposicionamento do Brasil na nova conjuntura internacional. Participaram da mesa o ministro das Relações Exteriores (MRE), Antônio Patriota, o presidente do Ipea, Marcelo Neri, e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
“Os 20% mais pobres do país crescem mais que em outros países que compõe os BRICS, exceto a China”, destacou Neri, ao afirmar que o país tem conseguido diminuir as desigualdades e avança no combate a pobreza extrema. Já o Antônio Patriota ressaltou que a China, até o final desta década, poderá ter o PIB maior que os Estados Unidos, e que o país é muito importante para os latino-americanos, pois “é um parceiro comercial de quase todos os países da América Latina”.
No primeiro painel do dia, O Mercosul e a Unasul: desafios para o aprofundamento da Integração Sul-Americana, foi destacado o papel cada vez mais crescente e decisório da sociedade brasileira nos rumos da política externa nacional. Comporam a mesa representantes do MRE, da Universidade de São Paulo (USP), além de Pedro Barros, pesquisador do Ipea em missão em Caracas, Venezuela.
A crise no sistema financeiro também foi tema de um painel, que contou com a participação de representantes do BNDES, da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi consoante entre os palestrantes que a crise iniciada em meados de 2008 é longa e que possibilitará a formação de um novo mundo multipolarizado. Entretanto, há ainda uma dificuldade em se traçar um novo caminho para a econômica mundial que leve em conta a nova dinâmica da sociedade e da economia.
João Brigido, pesquisador do Ipea, no painel O Brasil e a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, destacou que o Brasil é um dos principais países compartilhadores de saberes e conhecimentos por meio de cooperações. Tal assertiva ficou constatada através do levantamento para a Cobradi (Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional), ressaltou o pesquisador. A mesa também contou com a participação de representantes do MRE, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Finalizando o evento, o painel A ascensão da China: desafios para o Brasil foi debatido, com a presença do embaixador Affonso Preto, presidente do Instituto de Estudos Brasil-China, de Luciana Acioly, diretora de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais (Dinte) do Ipea, além de estudiosos da economia e política chinesas. Os elevados níveis de crescimento chinês, com o aumento em quase vinte vezes de sua renda per capita, foram apontados pelos palestrantes para demonstrar que o Brasil pode se desenvolver ainda mais se começar a levar em consideração e ter como parâmetro as estratégias e decisões históricas tomadas pela China. Um exemplo foi o investimento daquele país em suas empresas nacionais, como destacou Luciana Acioly, afirmando que “um país se expande através de suas grandes empresas nacionais, é preciso o investimento em nossas empresas para buscar investimento internacional e, por conseguinte, a internacionalização dessas empresas”, concluiu.

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