sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sebrae e Abic vão identificar gargalos nas pequenas indústrias de café




SÃO PAULO - A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e o Sebrae vão verificar os gargalos presentes nas micro e pequenas torrefadoras nos principais Estados que industrializam o grão.
A parceria ainda não foi oficializada, mas avançam as negociações sobre um projeto para o setor. O objetivo é verificar os problemas em cada região para que, em seguida, o Sebrae de cada Estado avalie,  em parceria com os sindicatos estaduais da indústria, as soluções e possibilidades de implementação de ferramentas de gestão, como conta Ênio Queijada, gerente de agronegócios do Sebrae.
Em um primeiro momento, Queijada acredita que não serão necessários recursos adicionais para o futuro projeto, a não ser aqueles já disponibilizados ao Sebrae. “É importante para fortalecer as micro e pequenas torrefadoras com essa concentração de mercado. A gente quer mantê-las competitivas”, afirma.
A concentração do mercado é citada como um dos problemas do setor. Segundo Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, as duas maiores empresas associadas à entidade têm 35% do mercado. E 95% das cerca de mil indústrias no país são micro e pequenas companhias, muitas com atuação local e, eventualmente, regional.
Das 416 empresas associadas à Abic, 83% estão enquadradas como torrefadoras de pequeno porte, com faturamento médio mensal de R$ 191 mil. O perfil predominante é de empresas familiares, pouco capitalizadas e com uso de equipamentos obsoletos, segundo Herszkowicz.
O dirigente da Abic observa que a entidade vem negociando há bastante tempo com o Sebrae um levantamento do perfil do setor. “É ajudar essas empresas a se posicionar de forma mais competente no mercado”, explicando que é preciso melhorar a gestão, o parque industrial e a produtividade das torrefadoras.
Herszkowicz pontua ainda que a indústria de café vem trabalhando com baixa rentabilidade há quatro, cinco anos. O preço final do produto industrializado depende de 65% a 70% do valor da matéria-prima, que apresentou picos de preços em 2010 e no ano passado, mas recuaram em 2012.
Herszkowicz argumenta que a indústria não consegue repassar para o varejo toda a alta ocorrida, enquanto aumentaram os custos com mão de obra, energia e embalagens. De acordo com o representante da Abic, de 2010 até hoje o aumento médio da matéria-prima foi de 80%, enquanto o reajuste praticado pela indústria foi de apenas 20%.
(Carine Ferreira | Valor)

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