quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

2013: O que nos espera?



 
Adrián Salbuchi
Analista político, autor, conferencista y comentador de radio y televisión en Argentina
Adital
Tradução: ADITAL
Já quase termina esse terrível ano de 2012, com suas renovadas ondas de violência no Oriente Médio e no Norte da África; com seus grandes protestos sociais nas ruas das cidades da Europa, dos Estados Unidos e da América Latina; com suas espoliadoras crises de dívida que salvam aos megabancos e matam aos trabalhadores.
A não ser que no dia 21 de dezembro cumpram-se as profecias maias e, efetivamente, o mundo acabe –algo pouco provável-, tentaremos antever o que nos espera em 2013. Lamentavelmente, veremos que os signos não são muito alentadores.
Não se trata de fazer especulações futurísticas, ou "predições”, hoje tão em moda; mas, de assinalar tendências, utilizando dados concretos que podem ser projetados racionalmente para fazer previsões que nos ajudem a entender o que vem em 2013... e estar melhor preparados. Para começar, aqui vão meia dúzia...
1. Onde está o piloto? Um dos fenômenos mais notórios do mundo atual é que os dirigentes políticos que manejam os países do mundo aprecem estar impossibilitados para resolver o gigantesco acúmulo de ‘crises’ e problemas que atingem a humanidade, desde conflitos políticos, sociais e bélicos até crescentes desastres ecológicos, colapsos econômicos e financeiros, e um generalizado deterioro moral, ético e cultural.
Notadamente, nem nos países mais poderosos, como os Estados Unidos, o Reino Unido e os da União Europeia, seus dirigentes acertam tomar as medidas necessárias para mitigar até pequenas crises. Em geral isso se deve à abismal mediocridade da classe política mundial em geral e à ocidental, em particular.
Vemos isso, por exemplo, na França, que após dar-nos um grande estadista como Charles de Gaulle, hoje nos apresenta anões políticos como Hollande e Sarkozy; ou os Estados Unidos, que teve um presidente como J. Kennedy e hoje nos apresenta caricaturas como Baby Bush e Obama. Inclusive a Inglaterra, a I e a Alemanha, que tiveram líderes da tala de W. Churchill, Alcide de Gaspari e Konrad Adenauer; hoje, mostram ante o mundo um desfile perverso de mentirosos e medíocres como Tony Blair, David Cameron, Silvio Berlusconi, Mario Monti e Angela Merkel.
Será que tudo isso é casualidade ou um reflexo de um monopolítico Sistema Político que parecera garantir que somente os piores e mais medíocres conseguem instalar-se nos postos de presidentes e primeiros ministros? Será que esse mecanismo preferido dos Donos do Poder Mundial para controlar todas as nações da terra através do dinheiro? Pois, apesar de que os povos, em sua sabedoria visceral e sagacidade instintiva não são nem bobos, nem incapazes, nem covardes, SUS políticos, no entanto, são. Sistematicamente e em todos os países ‘democráticos’!.
Estamos confrontando uma ‘vontade superior’ a todas as nações e povos que faz o necessário para que os graves problemas e crises acuciantes não somente fiquem sem resolver mas que, ano após ano, piorem, às vezes exponencialmente? As dívidas públicas usurárias e impagáveis, os sistemas provisionais colapsados, a exploração e espoliação econômica global; os conflitos políticos e sociais; e as piores perversões morais parecem ir da ‘Guatemala a Guatepeor...’.
Será que essa forma de mostrar ao mundo a inoperância de todos os Estados Nacionais soberanos, o que lhe daria maior peso e justificação ao objetivo de longo prazo dos Donos do Poder Mundial de aprofundar a crescente privatização do poder? O poder político real é extraído, pedaço a pedaço, dos Estados nacionais, migrando-o para estruturas privadas supranacionais, que vão monopolizando a ‘ultima palavra’ em assuntos fundamentais.
Então, a crise que hoje sofremos não são mais do que episódios conjunturais em uma longa viagem instigada pelos poderosos para subtrair aos povos seus Estados nacionais soberanos, substituindo-os por instâncias e entidades privadas a quem pouco ou nada interessa o Bem Comum.
Em seu léxico orwelliano hipócrita e falaz, os poderosos chamam a isso ‘democracia’; mas, os povos vão compreendendo que essa falsa ‘democracia’ não é mais do que uma gigantesca prisão programada nas mentes e nas almas das pessoas.
É muito bom que os povos de todos os países se perguntem "onde está o piloto?”. "Quem são, realmente, os que sempre decidem a favor dos bancos e contra o trabalhador? Sempre a favor da guerra e contra a paz? Sempre promovem a corrupção e a perversão e combatem a honestidade, o saudável e o belo...?”
Quem busca, encontra; as pessoas lúcidas vão descobrindo com desagradável surpresa que o ‘piloto’ não reside nem na Casa Branca, nem no Palácio do Eliseu, nem na Casa Rosada, nem no 10 de Downing Street; mas, muito mais acima. O efeito nocivo dessa crescente privatização do ‘poder’ se aprofundará em 2013, o que inspirará a mais e mais cidadãos a buscar novos pilotos para conduzir a nave de seus respectivos Estados.
2. Estados Unidos da América do Norte – Se o republicano Mitt Romney houvesse ganho as eleições em novembro de 2012, hoje estaríamos em um ‘impasse’ global em um amplo conjunto de temas. Pois os Donos do Poder Mundial teriam sido obrigados a esperar que Romney assumisse a presidência em janeiro 2013 e, em seguida, como flamejante ocupante da Casa Branca, favorecê-lo com os tradicionais 100 dias de ‘lua de mel’, evitando pressioná-lo e criticá-lo... demais.
Isso teria permitido prever quatro, talvez cinco meses de relativa ‘tranquilidade’. Porém, Romney perdeu as eleições e Barack Obama continuará sendo presidente dos EUA por quatro anos mais. Nesse caso, nada de esperar janeiro chegar; nada de lua de mel. Os tempos são curtos e com rosto adusto, o Grande Irmão Bwana já está gritando suas ordens ao Boy Obama para que se mova... e rápido!
Los Big Bosses de Aipac, Wall Street, Tel-Aviv, Goldman Sachs, la Reserve Federal, JPMorganChase, o Congresso Mundial Judeu e as Logias têm muitos planos para os EUA, para a União Europeia e para o Oriente Médio no ano que vem... e Obama está demorando muito, demais... Chegou o momento de atuar!
Será que foi permitido a Obama continuar mandando nos EUA para que cumpra com a ulterior missão de transformar-se em um tipo de ‘Mijaíl Gorbachov americano’? Um administrador do colapso controlado dos EUA?
Igor Panarin, politólogo russo, membro do Ministério de Relações Exteriores desse país já anteviu há mais de uma década que poderosas forças políticas, sociais e culturais centrífugas dentro dos EUA logo serão muito mais potentes do que as forças centrípetas que até agora mantêm a União Americana unida...
Já vemos movimentos secessionistas em quase todos os Estados: Texas, Carolina do Sul, Geórgia, Louisiana, Flórida, Missouri, Tenessee, Carolina do Norte, Alabama, Oklahoma e Ohio já reuniram as 25 mil assinaturas de que cada um necessita para obrigar o Governo federal a responder sua petição de secessão.
Quando, no final dos anos 80, os Donos do Poder Mundial decidiram que chegava a hora da ‘Globalização’ –um processo caótico, horizontalizado, transitório e dissolutivo das soberanias nacionais- necessitaram de um liquidificador da antiga União Soviética: Mijaíl Gobachov.
Hoje, os Donos do Poder Mundial dão por concluída a ‘Globalização’ e pretendem avançar rumo a um Governo Mundial: disciplinado, piramidal, autoritário e centralizado. Agora, necessitam que a outra superpotência passe à história: os Estados Unidos já não têm mais razão de ser; inclusive representa certo potencial perigo para os Donos do Poder Mundial. Apesar de que até agora os processos eleitorais ‘democráticos’ subordinados ao dinheiro têm conseguido que a Casa Branca sempre permaneça em mãos ‘amigas’ –Reagan, Bush pai, Clinto, Baby Bush, Obama-. Imaginam o que aconteceria se um autêntico patriota chegasse à Casa Branca? Alguém que dissesse "Basta!” à Reserva Federal. "Basta de apoio irrestrito a Israel! Basta de destruir e convulsionar países como a Líbia, o Afeganistão, Mali, o Egito, o Iraque ou a América Latina!”.
Talvez esta seja, então, a missão do Moreno Gobachov norte-americano, que ainda continua na Casa Branca: gerenciar a dissolução controlada dos Estados Unidos.
3. Guerras e mais guerras no Oriente Médio– Quanto mais caos, melhor; quanto mais guerras civis e convulsões no estilo da Líbia e da Síria, melhor; quanto mais caos social, como no Egito, melhor. Tudo avalizado e alimentado pela guerra psicológica dos multimeios globais. Saiam as coisas ‘bem’ ou ‘não tão bem’ na Palestina, na Líbia, na Síria, no Irã, no Egito, em Tunes, sempre avançam rumo a um objetivo permanente: debilitar a todos os Estados nacionais.
No final desse processo perverso e violento, ao que, hipocritamente, batizaram ‘Primavera Árabe’, está o alvo ulterior do sionismo fanatizado: a destruição do Irã. Todas essas ‘experiências’ também traz importantes ‘lições’ e ‘aprendizagens’ aos operadores da Nova Ordem Mundial, para desenhar futuras ‘primaveras’ na América Latina, na África, na Ásia, na Europa, a partir de 2013...
4. Israel continua louco - Cada vez que Israel se levanta de mau humor ou se aborrece, livra-se de seu ataque de nervos dando uma enorme ‘peia’ nos palestinos, enquanto que o Grande Irmão Homero olha para o outro lado e não faz nada. Assim, acaba de acontecer na Faixa de Gaza; tal e qual aconteceu em janeiro de 2009; igual ao que passou no Líbano, em 2006: bombas de racimo, assassinatos, chuvas de fósforo ardente sobre bairros, escolas e hospitais,; torturas; humilhações; vexações; ataques a observadores da ONU e a jornalistas.
Israel tem o duvidoso ‘mérito’ de ser manager do maior campo de concentração do planeta. Em 2013, veremos Israel aumentar sua crueldade carcerária no grande 'Auschwitz' que administra em Gaza.
5. Abismo Fiscal– Os Estados Unidos estão total e absolutamente quebrados. O Reino Unido também… No entanto, quando a Argentina, o México, a Tailândia ou a Islândia sofrem colapsos financeiros, descobrimos que suas débeis moedas locais (ou a falta delas, como no caso da Grécia, da Espanha, da Itália ou da Irlanda) não estão ‘respaldadas’ por nada. Então, suas populações sofrem as terríveis consequências.
Porém, quando os Estados Unidos, o Reino Unido ou a União Europeia quebram, então descobrimos que sempre lhes resta uma poderosa carta na manga: suas moedas –dólar, euro, libra- sim, estão muito bem ‘respaldadas’: pelas forças militares mais formidáveis, potentes, violentas e caríssimas que o mundo jamais viu.
Na prática, o dólar, a libra e o euro estão respaldados por bombas atômicas, caças bombardeiros supersônicos, drones, porta aviões, mísseis Tomahawk, helicópteros artilhados e exércitos públicos (e privados) de tropas aguerridas e altamente capacitadas.
É o pior do pior, sempre poderão ativar sua ‘solução final’, sua ‘Opção Sansão’ consistente em desatar uma terceira guerra mundial. Então, pouco importará o colapso do dólar ou dos bancos ou as convulsões sociais ou a Internet. Uma terceira guerra mundial seria uma magnífica maneira de fugir. Os poderosos sabem bem: "Já fizemos com a primeira e com a segunda guerra mundial... E saímos bem!, parecem dizer. Será essa uma de suas cartas para 2013? Dizem que não há dois sem três...
6. Olho na Rússia e na China – Ainda bem para o mundo que Vladimir Putin continua firme no Kremlin de Moscou. Não parece estar nada disposto a abandonar seu tradicional aliado, a Síria; nem, muito menos o Irã. Não é só uma questão de princípios, mas de autodefensa e de sobrevivência. Se caem a Síria e o Irã ante o sionismo e as pretensões hegemônicas anglo-norteamericanas, quem será o próximo? Moscou não é bobo…
A China, por sua vez, tem um novo e experimentado secretário geral do PC e futuro presidente, XiJinPing. Colaborando desde diferentes ângulos e com distintos interesses comuns com a Rússia, o Irã, a Índia e países da América Latina e da África –inclusive com o Japão-, a China sabe muito bem o que quer, como consegui-lo e quais são seus objetivos a médio e largo prazo. Algo que deixa nervosos aos planejadores do Pentágono e dos 'think-tanks' ocidentais.
Em 2013, a Rússia, a China, o Irã, a Índia, o Paquistão, o Brasil a África do Sul seguramente estreitarão filas, discutirão planos, coordenarão ações. O tempo está do seu lado; o cerco se fecha.
[Fonte: RT.com].

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