Os dados são alarmantes: 56% das crianças brasileiras com menos de um ano bebem refrigerante – até mesmo em mamadeira. Um pacote de biscoito recheado equivale a oito pães franceses.
Mariana Claudino
Mariana Claudino
“O Brasil é um país enorme, mas os problemas alimentares das crianças, em geral, são os mesmos, independentemente de onde ou como vivem. Tanto a criança do Amazonas quanto a do Rio Grande do Sul não sabe o que é um mamão e não lembra quando foi a última vez que comeu uma manga. E todas adoram e consomem salgadinhos e refrigerantes“, contou Estela.
Além das entrevistas com as famílias e dos dados pesquisados, o filme ouviu uma série de especialistas nacionais e internacionais da medicina, da nutrição, do direito, da psicologia, da publicidade, entre outros. Entre eles, Frei Betto; Enrique Jacoby, médico da Organização Mundial de Saúde; o chef Jamie Oliver e Amélio Fernando de Godoy Matos, do Instituto de Diabetes e Endocrinologia. “As pesquisas, segundo Jamie Oliver, indicam que a criança de hoje viverá 10 anos a menos que seus pais por causa do ambiente alimentar que criamos em volta dela”, alerta a cineasta.
A diretora defende, como prevenção, uma campanha para a TV aberta nacional. “O que os especialistas nos dizem é que há necessidade de regulamentação de composição de produto por parte do governo, como também há necessidade de sobretaxar produtos que vão gerar custo para a saúde pública depois, como fazem com o cigarro, no caso de produtos muito ricos em açúcares gordura e sal. Há necessidade de educação nas escolas como parte do currículo escolar das crianças. Eles também apontam como fundamental as campanhas de mídia alertando para o que se deve e o que não se deve oferecer para o seu filho no cotidiano. Além disso, de aparelhar pais e mães para que eles possam ter e também dar uma educação alimentar em casa. É precisoregulamentar a publicidade dirigida às crianças urgentemente. Não podemos mais deixar que os pais sozinhos enfrentem esta batalha só porque eles são os pais das crianças. Os pais precisam de ajuda porque as crianças precisam de ajuda.”
As cenas dos bebês tomando refrigerante antes do primeiro ano de vida são as mais chocantes, na opinião de Estela. “Um dos nossos primeiros contatos com o mundo é por meio do aleitamento materno, e é um momento fundamental de reconhecimento e formação da relação mãe e filho. Além de chocante do ponto de vista da saúde, acho muito simbólico, do ponto de vista das relações que estamos criando, ter um produto tão cheio de químicos já intrometido entre mãe e filho. Na minha casa, tenho três filhos e a batalha por uma alimentação saudável sempre existiu. Depois do filme, até a nossa equipe mudou os hábitos alimentares. Você convive com isso por quase dois anos, e naturalmente não tem mais coragem de colocar na boca uma coisa que tem um corante proibido na Europa porque provoca câncer. Quem assistir ao filme vai mudar.”
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