segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

África deve planejar uso da água


Levantamento realizado pelo Banco Mundial afirma que as cidades africanas são as que crescem mais rapidamente no mundo e alerta que o sistema hídrico não está preparado para atender a demanda.

Da redação
São Paulo – As cidades dos países africanos crescem a uma taxa média de 3,9% ao ano, a maior do mundo, e deverão dobrar de população até 2030. Segundo o estudo O futuro da água nas cidades africanas: por que desperdiçar água, que foi divulgado na última semana pelo Banco Mundial, as principais cidades do continente, que hoje têm 320 milhões de habitantes, deverão ter 654 milhões em 2030 e não estão preparadas para esse crescimento de demanda.

O estudo foi elaborado para alertar os governos, empresários e populações dessas cidades sobre os desafios que há pela frente, mas também apresenta municípios em que houve planejamento do sistema hídrico e como os projetos adotados neles podem ser implantados em outros lugares. É o caso do reuso de água em Windhoek, na Namíbia, o tratamento da água utilizada em Arua, em Uganda, e o gerenciamento de todo o sistema hídrico que foi adotado em Nairóbi, no Quênia.

O levantamento foi feito com base em informações coletadas em 31 cidades africanas que representam as grandes cidades, com mais de dois milhões de habitantes, as cidades que crescem mais rápido e as pequenas em que o Banco Mundial tem projetos de gerenciamento de recursos hídricos. Foram selecionadas, entre outras, Dakar, no Senegal; Addis Abeba, na Etiópia; Nairóbi, no Quênia; Cartum, no Sudão; Durban, Johanesburgo e Cidade do Cabo, na África do Sul; e Conacri, na Guiné.

O estudo afirma que se nenhum projeto for executado na maioria das cidades, haverá uma “grande pressão” sobre a já escassa oferta de água, que está diminuindo. Segundo este levantamento, o aumento da população e das necessidades da indústria e dos governos fará com que a demanda por água seja quatro vezes maior do que hoje dentro de 25 anos.

O estudo afirma que os governantes africanos precisam considerar, ao fazer o planejamento do uso dos recursos hídricos, quais são as necessidades que precisam atender.

Esses governantes devem se questionar, por exemplo, como a irrigação da lavoura afeta o fornecimento nas cidades, se o entupimento de esgotos causa inundações, se o saneamento ou a falta dele afeta o lençol freático e se o uso da água atende todas as demandas.

A gerente do departamento de águas do Banco Mundial, Julia Bucknall, afirmou que muitas cidades da América do Norte e da Europa terão que “se reconstruir” para atender o crescimento das suas populações e observou que os países africanos têm a oportunidade de fazer os projetos adequados “na primeira vez”.

“Isso requer uma liderança ousada, mas já temos visto muitos líderes africanos que estão de olho nas oportunidades que esta nova abordagem oferece e estamos animados para apoiá-los”, afirmou Bucknall. O gerente de desenvolvimento urbano e serviços do Banco Mundial na África, Alexander Bakalian, disse que enfrentar o desafio de gerenciar os recursos hídricos no continente é fundamental para “destravar” o potencial econômico das cidades africanas e aumentar a qualidade de vida da população.

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