"É cedo para declarar que o Brasil se desindustrializou, e um conjunto de fatores sugere a necessidade de sermos mais cautelosos"
Jorge Arbache
Jorge Arbache
Um dos assuntos que mais têm atraído a atenção no Brasil são os destinos da indústria. Vários analistas, políticos e líderes empresariais argumentam que o Brasil está se desindustrializando.
Utilizam, para isso, estatísticas de queda da participação do valor adicionado da indústria no PIB, queda da criação de emprego industrial, queda das exportações e crescente deficit comercial industrial, entre outras.
Sem dúvida, esses indicadores sugerem, no mínimo, tendência de estagnação.
Mas ainda é cedo para declarar que o Brasil se desindustrializou, e um conjunto de fatores sugere a necessidade de sermos mais cautelosos. Primeiro, indicadores mais sofisticados, como o de densidade industrial, e comparações internacionais sugerem que é preciso uma análise mais rigorosa. Baixa participação no PIB ou no emprego nem sempre implicam que a indústria seja marginal, tal como atestam os EUA.
Segundo, desindustrialização é um fenômeno de países nos quais outros setores econômicos ganharam proeminência como polos dinâmicos. O setor primário ou de serviços ainda não cumpre esse papel no Brasil, e a indústria ainda é quem mais gera impostos, impactos em outros setores e inovação.
Terceiro, a indústria brasileira passou por vários ciclos nas últimas décadas e mostrou fantástica capacidade de recuperação quando as condições melhoraram.
Quarto, as competências, infraestruturas, diversificação produtiva, capitais e instituições políticas de representação e de ensino profissional -condições para recuperar o dinamismo- ainda estão fortes e presentes.
Quinto, vêm emergindo e continuarão a surgir oportunidades para o desenvolvimento industrial, como pré-sal, PAC eMinha Casa, Minha Vida, sem falar no crescimento do mercado de consumo.
Além disso, políticas públicas voltadas para custos do capital e insumos, infraestruturas, tributos, treinamento e inovação influenciarão a competitividade da indústria.
Parece-nos assim mais razoável concluir que as estatísticas sugerem mais perda de dinamismo que desindustrialização.
A produção industrial mensal será divulgada nesta semana. É improvável que vejamos alguma mudança significativa na tendência. O acompanhamento do desempenho da indústria requer um conjunto mais amplo de indicadores, incluindo investimento, produtividade, atratividade dos empregos, rotatividade, inovação e comércio intraindústria. Quando esses estagnarem ou piorarem por um período longo, então será a hora de colocarmos as barbas de molho.
Utilizam, para isso, estatísticas de queda da participação do valor adicionado da indústria no PIB, queda da criação de emprego industrial, queda das exportações e crescente deficit comercial industrial, entre outras.
Sem dúvida, esses indicadores sugerem, no mínimo, tendência de estagnação.
Mas ainda é cedo para declarar que o Brasil se desindustrializou, e um conjunto de fatores sugere a necessidade de sermos mais cautelosos. Primeiro, indicadores mais sofisticados, como o de densidade industrial, e comparações internacionais sugerem que é preciso uma análise mais rigorosa. Baixa participação no PIB ou no emprego nem sempre implicam que a indústria seja marginal, tal como atestam os EUA.
Segundo, desindustrialização é um fenômeno de países nos quais outros setores econômicos ganharam proeminência como polos dinâmicos. O setor primário ou de serviços ainda não cumpre esse papel no Brasil, e a indústria ainda é quem mais gera impostos, impactos em outros setores e inovação.
Terceiro, a indústria brasileira passou por vários ciclos nas últimas décadas e mostrou fantástica capacidade de recuperação quando as condições melhoraram.
Quarto, as competências, infraestruturas, diversificação produtiva, capitais e instituições políticas de representação e de ensino profissional -condições para recuperar o dinamismo- ainda estão fortes e presentes.
Quinto, vêm emergindo e continuarão a surgir oportunidades para o desenvolvimento industrial, como pré-sal, PAC eMinha Casa, Minha Vida, sem falar no crescimento do mercado de consumo.
Além disso, políticas públicas voltadas para custos do capital e insumos, infraestruturas, tributos, treinamento e inovação influenciarão a competitividade da indústria.
Parece-nos assim mais razoável concluir que as estatísticas sugerem mais perda de dinamismo que desindustrialização.
A produção industrial mensal será divulgada nesta semana. É improvável que vejamos alguma mudança significativa na tendência. O acompanhamento do desempenho da indústria requer um conjunto mais amplo de indicadores, incluindo investimento, produtividade, atratividade dos empregos, rotatividade, inovação e comércio intraindústria. Quando esses estagnarem ou piorarem por um período longo, então será a hora de colocarmos as barbas de molho.
Jorge Arbache, professor de economia da Universidade de Brasília e assessor econômico do BNDES.
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