segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Carta da Juventude Indígena à sociedade brasileira



Várias organizações
Adital

Foto: ÍndiosNE

"Não tenha medo de falar para essa sociedade
quem somose mostrar para eles
o nosso orgulho de ser indígena.
Sou jovem, tenho força e dou a minha
palavra como povo indígena:
a luta de vocês não vai ser em vão.”
TUPÃ GUARANI – Abertura do Seminário.
Nós, Jovens Indígenas reunidos no II Seminário Nacional de Juventude Indígena, representantes de 42 povos das cinco regiões do Brasil, escrevemos esta carta para comunicar os aprendizados gerados entre os dias 25 e 30 de novembro de 2012, no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia – GO.
Aqui reafirmamos nosso compromisso de união entre os diferentes Povos Indígenas, pois sabemos que os problemas dramáticos que afetam povos, como a falta de território, a violência e assassinatos de lideranças que lutam pela demarcação ou proteção de seus territórios tradicionais, são inúmeros. Isso nos preocupa bastante, pois são atos violentos que poderão acontecer com qualquer uma de nossas comunidades, caso a nossa Constituição Federal continue a ser violentada e nossos direitos fundamentais violados, como o direito ao território, à saúde, à educação diferenciada e ao reconhecimento da nossa organização sociocultural.
Dessa forma, nos dirigimos à nossa Presidenta da República e a todos os gestores de políticas públicas indigenistas, que têm como missão institucional a proteção e a promoção dos direitos indígenas, para que ouçam a nossa voz e compreendam a relevância dos nossos problemas.
Objetivamos garantir de fato que a juventude indígena acesse espaços de participação, se empodere e seja protagonista, na perspectiva de contribuir com o movimento indígena nacional, podendo assim dar credibilidade à justiça brasileira.
Acreditamos que nós, jovens indígenas, somos capazes de atuar na melhoria da qualidade de vida e promoção dos direitos dos povos indígenas e, portanto, nos dirigimos à sociedade brasileira preocupada com a contaminação da água que mata a sede de seus filhos, com a destruição dos solos férteis, que produzem os alimentos de sua mesa diária, e com a extinção irreversível de florestas e biodiversidade que dão suporte à vida no planeta.
Queremos que a nossa causa pela ampliação e proteção dos territórios indígenas e repúdio à violência histórica que se repete a cada dia seja abraçada pela sociedade brasileira, pois nós, jovens indígenas, nos comprometemos a cuidar bem desse patrimônio, que é de toda a humanidade, dando continuidade ao legado que os nossos líderes anciãos, representados aqui no seminário pelo cacique Raoni Metuktire e Álvaro Tukano, nos deixam nesse momento crucial para a juventude planetária: nos relacionarmos com as novas tecnologias e conhecimentos dos não-indígenas, sem perder os fundamentos do nosso bem viver, que são a cultura, o respeito pelos conhecimentos tradicionais dos anciãos e a estreita relação com a natureza.

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