sábado, 15 de dezembro de 2012

Desmate da Amazônia gera mais CO2 que total de carros do país, diz Imazon


Mesmo com o registro de queda recorde no desmatamento da Amazônia Legal deste ano, os efeitos da destruição da mata persistem, como a emissão de CO2, afirma Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Rafael Sampaio
Em uma estimativa apresentada ao G1, o pesquisador avalia que o desmate entre 2011 e 2012 tenha levado à liberação de 245,3 milhões de toneladas de CO2 no ar, mais que o dobro de todas as emissões do gás por carros e veículos de passeio leves (121,6 milhões de toneladas) no Brasil no mesmo período.
Barreto fez o cálculo com base no monitoramento anual feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que indica que de agosto de 2011 a julho de 2012 houve o desmatamento de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente no fim de novembro.
O tamanho do desmatamento é 27% menor que o registrado anteriormente, no período entre agosto de 2010 e julho de 2011 (6.418 km²). Foi a menor taxa desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a fazer a medição, em 1988. Além do Prodes, Barreto levou em conta previsões do Imazon sobre a emissão de CO2 por km² de floresta destruída e dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), de outubro de 2012, que apontam a existência de 41,9 milhões de carros e veículos leves no país. O levantamento foi apresentado no 6º Encontro do Fórum Amazônia Sustentável, realizado na última semana em Belém (PA).

pesquisador afirma que o cálculo das emissões por veículos desconsiderou que existem carros movidos a álcool e outros combustíveis que não gasolina, o que indica que o valor relativo aos veículos está superestimado. Foram desconsiderados caminhões e motos. "Se você incluir o etanol, a comparação seria ainda pior para o lado do desmatamento", pondera. Barreto diz ter feito a conta "considerando, em média, que eles [os veículos] rodam 30 mil km por ano". Em média, cada veículo emite 2,9 toneladas de CO2 equivalente, levando em conta apenas os movidos a gasolina, de acordo com os cálculos do pesquisador.

Milhões de árvores

Barreto estima ainda que, no período avaliado (de agosto de 2011 a julho de 2012), foram derrubadas 232,8 milhões de árvores na Amazônia - o que equivale a cortar mais de uma árvore por habitante do país. Além disso, foram afetados pelo desmatamento cerca de 8,3 milhões de aves e 270 mil macacos, segundo Barreto. Para chegar ao número de animais atingidos, o pesquisador disse ter usado previsões que constam em um estudo do Museu Paraense Emílio Goeldi.

Comemorar, mas nem tanto

"Acho que tem que comemorar que o desmatamento caiu 27%, mas o número restante ainda é muito alto", afirmou o pesquisador. Para ele, a destruição da floresta amazônica não está contida.

Para o pesquisador, é essencial ampliar medidas bem-sucedidas para proteger a floresta amazônica, como "melhorar a eficácia da fiscalização" e "demarcar e vigiar as unidades de conservação e as terras indígenas". A fiscalização deve agir principalmente "por meio do confisco de bens e equipamentos envolvidos em atividades ilegais", ponderou Barreto no levantamento.

Segundo o governo federal, a estimativa de 4.656 km² de desmatamento indicada pelo Prodes possui margem de erro de 10%, e os dados finais do levantamento devem ser divulgados no próximo ano.

As informações do Prodes consolidam dados coletados ao longo de um ano por satélites capazes de detectar regiões desmatadas a partir de 6,25 hectares. São computadas apenas áreas onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – característica denominada corte raso.

Desmatamento por estados

Dados do Inpe apontam que, no período avaliado, o Pará foi o estado que mais desmatou a Amazônia. Em um ano, foi responsável por devastar mais de um terço da área desmatada registrada pelo sistema Prodes (1.699 km²).

Mato Grosso foi o segundo estado que mais devastou a floresta (777 km²), seguido de Rondônia (761 km²), Amazonas (646 km²), Acre (308 km²) e Maranhão (267 km²). Completam a lista Roraima (114 km²), Tocantins (53 km²) e Amapá (31 km²).

De acordo com o Ibama, entre agosto de 2011 e julho de 2012 foram registrados 3.456 autos de infração na região da Amazônia Legal.

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