domingo, 16 de dezembro de 2012

Desvio do rio Missouri nos EUA é defendido como estratégia para conter escassez em rios


Importar água do rio Missouri para o semiárido de Front Range no Colorado surgiu como uma opção que os Estados norte-americanos estão considerando para lidar com crescente uso excessivo do rio Colorado.

Bruce Finley
Casas e comércios inundados em Plattsmouth, no Nebraska, devido a cheia do rio Missouri, nos EUA
Casas e comércios inundados em Plattsmouth, no Nebraska, devido a cheia do rio Missouri, nos EUA
Esse desvio foi listado como uma possibilidade de longo prazo depois de uma análise de mais de 100 ideias, às vezes inviáveis, apresentadas ao Escritório de Recuperação dos EUA. Entre elas: "rebocar um iceberg embrulhado em algum tipo de plástico até a Califórnia e capturar a água derretida'"; canalizar o rio Mississippi; e "encher de água grandes sacos de nylon" no Alasca para distribuir no sul. Funcionários do Escritório de Recuperação disseram na terça-feira (4) que o "Projeto de Reuso do Rio Missouri" será avaliado quanto à sua viabilidade depois do lançamento, nas próximas semanas, de um estudo do governo federal sobre o abastecimento de água para o oeste norte-americano. "O Estado do Colorado não assumiu uma posição formal quanto à canalização ou qualquer uma das opções", disse o porta-voz do Departamento de Recursos Naturais do Colorado, Todd Hartman.
O desvio do Missouri descrito pelos documentos do Escritório de Recuperação exigiria uma tubulação que atravessasse o Kansas, e a água seria usada para encher reservatórios superficiais e recarregar aquíferos esgotados ao longo do caminho até Denver. Ele transportaria 600 mil acres-pés de água por ano, dependendo das necessidades do centro oeste. Um acre-pé tem sido visto como uma quantidade de água considerada suficiente para sustentar duas famílias de quatro pessoas durante um ano. "É provável que a água seja restaurada nos reservatórios de Front Range, como Carter, Barr e Chatfield", diz um resumo do projeto. "O Colorado pode optar por construir novos reservatórios ou ampliar os reservatórios existentes para o projeto." Parte da água também poderia ser direcionada para as cabeceiras da Bacia do Rio Colorado por meio de dutos e túneis quando houver muita necessidade de aliviar a seca na bacia, continua o resumo. Além dos obstáculos políticos, um projeto como este custaria bilhões. "A ideia de construir meios para transportar os recursos hídricos entre outras bacias e o Colorado já foi levantada antes e agora é mais uma vez apresentada como uma ideia neste processo", disse o chefe de relações públicas do Escritório de Recuperação numa declaração.

"Qualquer proposta será avaliada quanto à sua viabilidade, amplo apoio e potencial realista de financiamento antes de ser melhor considerada". As opções de importação água refletem preocupações crescentes quanto à escassez futura. A bacia do rio Colorado, que se estende pelos Estados do Arizona, Califórnia, Colorado, Novo México, Nevada, Utah e Wyoming, é a fonte de água para 30 milhões de pessoas. O Estudo de Fornecimento e Demanda de Água da Bacia do Rio Colorado, feito pelo governo ao longo de três anos, revelou que dentro de 50 anos, o déficit anual de água chegará a 3,5 milhões de acres-pés. Funcionários do Escritório de Recuperação disseram que sua principal meta foi definir os desequilíbrios atuais e futuros da oferta e demanda de água.

Eles pediram aos interessados e às agências de todos os sete Estados da bacia para enviarem ideias para prevenir a escassez. Os Estados concordaram em considerar um desvio do rio Missouri. Outras ideias foram colocadas num apêndice. Desviar o excesso de água dos rios Missouri e Mississippi foi uma medida lançada em 2006 quando os estados no oeste começaram a buscar maneiras de permitir o crescimento populacional. Grupos conservacionistas consideraram absurdas a maioria das ideias de importação de água e disseram que o projeto do Missouri era equivocado. "Tubulações gigantes não são a solução para o problema fundamental de que estamos usando mais água do que podemos sustentar. É impossível produzir mais água", diz Drew Beckwith, gerente de política hídrica para a Western Resource Advocates, com sede em Boulder. "Temos  de trabalhar juntos na conservação e nas estratégias de reutilização que podem ter um impacto positivo imediato. Mesmo que uma tubulação desde o Missouri fosse a solução perfeita, como é que pagaríamos isso?"
Tradutor: Eloise De Vylder

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