segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Laís Abramo: idade que jovem entra no mercado de trabalho é fortemente marcada pelas desigualdades sociais


 
Tatiana Félix
Jornalista da Adital
Adital
OSeminário Juventude, Educação e Trabalhocomeçou na manhã desta quinta-feira (6), em São Paulo (SP), com um de seus principais debates: "Juventude e as interfaces entre educação e trabalho”. Na ocasião, a diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho no Brasil (OIT-Brasil), Laís Wendel Abramo, destacou que a idade que o/a jovem entra no mercado de trabalho é um forte indicador das desigualdades sociais.
Segundo ela, esse fato pode ser bem evidenciado quando adolescentes, principalmente de famílias mais pobres, começam a trabalhar. "Muitas vezes [esses trabalhos exercidos por adolescentes] equivalem às piores formas de trabalho infantil e adolescente, proibidos até os 18 anos. Poucos estão protegidos pela Lei de Aprendizagem”, alertou.
Para ela, a juventude brasileira é uma juventude trabalhadora. "A maioria dos/as jovens conciliam estudo e trabalho, até por uma questão de sobrevivência”, disse. Mas, além das questões de estudo e trabalho, também é preciso considerar a questão da responsabilidade familiar, já que, por outro lado, também existem os/as jovens que não estudam nem trabalham, muitas vezes, devido às responsabilidades familiares.
Neste quesito, Laís ressaltou que as jovens mulheres e negras são as mais afetadas. "É importante destacar que algumas jovens que estão fora do mundo do trabalho e do ambiente escolar, estão tendo responsabilidades familiares, algumas são mães e outras cuidam dos irmãos menores para que suas mães possam trabalhar”, lembrou. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio (PNAD) de 2009, 17% dos/as jovens são pessoas responsáveis pelo domicílio.
A diretora da OIT-Brasil indicou ainda que o ensino médio completo é condição fundamental para aumentar as oportunidades de acesso do jovem ao trabalho "de mais qualidade e mais protegido”. Prova disso é que 70% dos novos empregos formais gerados em 2010 foram ocupados por jovens com esse nível de ensino concluído. No entanto, ainda é preocupante a taxa de jovens (23%), com idade entre 16 e 29 anos, que não completaram nem o ensino fundamental, o que vai implicar diretamente no momento de procurar um trabalho.
Laís falou sobre a importância de se avançar em políticas públicas para jovens no campo do trabalho, e citou a Agenda Nacional de Trabalho Decente para a Juventude (ANTDJ) da OIT, que aponta algumas prioridades como melhorar a qualidade da educação; conciliar estudos, trabalho e vida familiar; inserção digna e ativa no mundo do trabalho com igualdade de oportunidades e tratamento; e, incluir o diálogo social: juventude, trabalho e educação.
De acordo com ela, a ideia é transformar essa Agenda em um Plano Nacional. A diretora da OIT também adiantou que estão sendo iniciados os diálogos sobre a construção de Agendas estaduais.
Além de Laís Abramo, também expuseram nesta mesa de debate a coordenadora de Programa de Estudo sobre Juventude, Educação e Trabalho do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social da Argentina, Cláudia Jacinto, o professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Cláudio Salvadori Dedecca, e Paulo Carrano, professor e integrante do Observatório Jovem da Universidade Federal Fluminense (UFF) quem atuou como mediador.
Acompanhe e contribua com os debates do Seminário Juventude, Educação e Trabalho, através do site da Ação Educativa, realizadora do evento: www.acaoeducativa.org.br

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