quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OIC - Robério Silva analisa cenário cafeeiro



* Agência Safras 

O consumo mundial de café tem tudo para manter sua taxa de crescimento médio anual em torno de 2,5% e fechar o ano de 2012 em pelo menos 142 milhões de sacas de 60 quilos. Em 2011, a OIC (Organização Internacional do Café) indicou consumo de 139 milhões de sacas, e apesar dos problemas macroeconômicos, a tendência é de manutenção no incremento da demanda. A avaliação é do diretor executivo da OIC, Robério Oliveira Silva, em entrevista concedida durante o 20° Encafé, evento da cadeia industrial do café ocorrido na Bahia semana passada.

Robério Silva destacou que a OIC trabalha com um cenário de crescimento estável no consumo para os próximos 10 anos, o que levará o mundo a demandar (desde uma perspectiva mais pessimista a um mais otimista) algo entre 158 e 168 milhões de sacas em 2020.

Quanto à produção mundial, a OIC estimou a safra global 2011/12 (outubro/setembro) em 134,5 milhões de sacas. No último relatório mensal, a entidade indicou que em 2012/13 a produção deveria ficar de 146 a 148 milhões de sacas. Robério falou que a tendência é a produção ficar mais para o lado de 146 milhões de sacas, segundo as últimas informações recolhidas. Assim, com produção de 146 milhões de sacas e consumo de 142 milhões de sacas, o superávit na oferta ficaria em torno de 4 milhões de sacas.

Oferta e demanda
"Não há mudanças nos fundamentos do café que justifiquem essas baixas nos preços". A afirmação é do diretor executivo da OIC (Organização Internacional do Café), Robério Oliveira Silva, que falou com exclusividade à Agência SAFRAS durante a 20ª edição do Encafé (Encontro Nacional da Indústria do Café), que ocorre de 28 de novembro a 02 de dezembro, na Bahia.

A OIC reúne-se em setembro e em março, de modo que as recentes quedas nas cotações internacionais não foram discutidas ainda no âmbito da entidade. Falando sobre o lado fundamental, Robério observa que segue havendo um ajuste "precário" entre oferta e demanda. 

A produção mundial em 2011/12 foi indicada pela OIC em 134,5 milhões de sacas, com consumo em 139 milhões de sacas em 2011, o que levou a um déficit de oferta de 4,5 milhões de sacas. Em 2012/13, a produção deverá ficar em cerca de 146 milhões de sacas, com consumo tendendo a ficar ao redor de 142 milhões de sacas, embora ainda não haja estimativa oficial da OIC, o que levaria dessa vez a um superávit de 4 milhões de sacas. Isso apenas cobre o déficit do ano anterior, lembra Robério. 

Ele destaca que os estoques dos consumidores seguem em cerca de 20 milhões de sacas nos últimos 4 anos, o que não mudou. O que admite afetar o mercado é a crise macroeconômica, com os problemas em países europeus destacadamente, mas também com o crescimento econômico complicado nos Estados Unidos, China e outras nações, o que prejudica as commodities. "A disponibilidade de financiamentos das empresas foi bem afetada", comentou. 

Ainda assim, Robério acredita que, como não há mudanças nos fundamentos, em "algum momento o mercado vai reverter essa situação", o que não deve demorar, aponta. Mas, prefere não arriscar o potencial de reversão, para quanto os preços na Bolsa de Nova York, por exemplo, subiriam.

Sustentabilidade e certificação

Estes atuais níveis mais baixos de preço do café no mercado internacional começam a afetar a sustentabilidade do produtor em algumas regiões, como é o caso da cafeicultura de montanha, que tem alto custo de produção. A indicação é do diretor executivo da OIC Robério Oliveira Silva, durante o 20°Encafé ocorrido na Bahia semana passada. 

Embora isso ainda não represente indícios de diminuição na produção, Robério afirma que essa situação pode afetar a capacidade, que o consumidor quer, do produtor entregar o café na qualidade desejada, levando-se em consideração inclusive as exigências de certificação e sustentabilidade. As certificações foram discutidas na última reunião da OIC em setembro, e Robério destaca o aspecto positivo no sentido de como isso ajuda no processo de melhorar o gerenciamento do produtor, como ocorre com programas como o Certifica Minas. 

Entretanto, há o "outro lado da moeda". "É preciso a valorização do café que esse produtor leva ao mercado", comenta Robério. O setor industrial no mundo sinaliza que vai valorizar os grãos certificados, do contrário vai apenas levar ao aumento do custo e ao lado da sustentabilidade social e ambiental, enquanto a econômica ficará de fora e tornará impossível se manter a produção com tal qualidade. 

*As informações são da Agência Safras, adaptadas pelo CaféPoint
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