segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Brasil é o país onde o Santander mais lucra e corta empregos



O Santander Brasil anunciou na manhã desta quinta-feira (31) lucro líquido "gerencial" de R$ 6,329 bilhões em 2012, uma queda de 5% em relação ao ano anterior. Os ganhos do banco espanhol só foi inferior ao do ano passado porque a empresa aumentou em 30,11% as provisões para despesas com devedores duvidosos (PDD), apesar de a inadimplência nesse período ter crescido apenas 1 ponto percentual. Ainda assim, o Brasil foi responsável por 26% do resultado global do banco, que obteve lucro líquido de 2,2 bilhões de euros, recuo de 59% na comparação anual.

Sindicato Dos Bancários De Pernambuco
Apesar do resultado fabuloso no Brasil, o Santander fechou 572 postos de trabalho de bancários brasileiros, ao contrário do que ocorreu em outros países onde atua, inclusive na matriz na Espanha. Essa é a principal conclusão da análise que o Dieese fez do balanço de 2012 do Santander.

Para o secretário de Administração do Sindicato, Epaminondas Neto, o balanço do Santander confirma as denúncias que o movimento sindical tem feito. “Temos dito que o Brasil é o país mais lucrativo para o banco espanhol e, no entanto, é aqui o lugar que o Santander mais demite no mundo. Mesmo na matriz da Espanha, país em crise financeira, o banco não demite e, inclusive, fechou recentemente acordo com os sindicatos de lá garantindo a manutenção dos emprego”, conta Epaminondas que é funcionário do Santander.

O dirigente ressalta que só em dezembro o Santander demitiu sem justa causa 1.153 trabalhadores brasileiros, cerca de 60 em Pernambuco. “Conseguimos reverter metade das demissões em nosso estado depois de muita luta e pressão. Mas a pratica administrativa do Santander aqui no Brasil mostra que o banco espanhol não tem nenhuma responsabilidade social com o nosso país, embora seja o mercado mais lucrativo daempresa”, destaca Epaminondas.

Maquiagem no balanço - Repetindo a estratégia de todo o sistema financeiro nacional no ano passado, o Santander mais uma vez superdimensionou as provisões para dívidas superiores a 90 dias, que nos últimos 12 meses passaram de R$ 11,5 bilhões para R$ 14,9 bilhões, um aumento de 30,11%.

"Essas provisões representam duas vezes e meia o lucro líquido do banco no ano, o que é um evidente exagero diante de uma realidade em que a inadimplência cresceu 1 ponto percentual em 2012, mas vem caindo. Essa maquiagem no balanço visa ludibriar o governo e a sociedade e tem impacto negativo até na distribuição da PLR dos bancários", critica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).

Mesmo com a pequena redução dos juros e do spread no ano passado por força da pressão do governo federal e da ação de mercado dos bancos públicos, o Santander aumentou as operações de crédito em 8%, ampliou a receita de prestação de serviços em 12% e as rendas de tarifas bancárias também em 12%. Com isso, a receita de prestação de serviços passou a cobrir 137,7% das despesas de pessoal, um incremento de 5,13 pontos percentuais.

“Como se vê, a situação do Santander é privilegiada no Brasil. O banco espanhol precisa retribuir a sociedade brasileira com crédito mais barato, criação de empregos e respeito aos trabalhadores e suas entidades representativas. Vamos intensificar essa cobrança em 2013”, avisa o presidente da Contraf-CUT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário