sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Histórias árabes em imagens



A organização libanesa Arab Image Foundation possui um acervo de mais de 600 mil fotos de pessoas e paisagens árabes. Público pode ter acesso pessoalmente ou pela internet.
Aurea Santosaurea.santos@anba.com.br
Arab Image Foundation Arab Image Foundation
Porto de Beirute: foto dos anos 1860
São Paulo – Imagens de árabes no Oriente Médio e Norte da África, Brasil, México, Argentina, Senegal e outras partes do mundo. Entre elas, fotos de famílias, de amigos, de paisagens, de festas, construções e diversos outros temas fazem parte do acervo de mais de 600 mil fotografias da Arab Image Foundation (AIF), organização libanesa sem fins lucrativos que se dedica a colecionar imagens árabes de todas as épocas e procedências.

A instituição foi criada em 1997 pelos fotógrafos Fouad el Khoury e Samer Mohdad, e pelo artista Akram Zaatari. "Os objetivos da fundação eram preservar o patrimônio cultural do Oriente Médio e Norte da África, estudar as práticas fotográficas locais e difundir o trabalho de fotógrafos árabes pelo mundo", conta Zeina Arida, diretora da AIF.

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Aeroporto do Rio de Janeiro
Para iniciar o acervo da AIF, Khoury e Zaatari viajaram cerca de um ano pelo Egito, Síria, Jordânia e Líbano, coletando de 15 mil a 20 mil imagens, conta Arida. Outros colaboradores foram a países como Palestina, Marrocos, Senegal e Irã, em busca de fotos de árabes e da diáspora nos países não árabes.

"Além destes trabalhos de pesquisas, colecionadores passaram a nos procurar e oferecer suas coleções para nós cuidarmos. Atualmente, nossos membros não estão mais viajando para coletar as imagens, mas nós continuamos a receber doações regularmente e ofertas de imagens, agora que estamos estabelecidos como um importante ponto de referência dentro e fora da região", explica Arida.

As imagens mais antigas vêm do Líbano, Síria e Palestina e datam dos anos de 1860. Atualmente, a coleção do AIF inclui fotos de países como Argélia, Egito, Irã, Iraque, Palestina, Jordânia, Líbano, Marrocos, Arábia Saudita, Síria e da diáspora libanesa no Senegal, México e Argentina. A maior quantidade de fotos, de acordo com a diretora da AIF, é do Líbano, Egito e Iraque.

"Temos nove imagens do Brasil, datando dos anos 1920 a 1960. A maioria é de pessoas e famílias do próprio Brasil ou que chegaram lá vindas do Oriente Médio. Há fotos do Rio de Janeiro e de São Paulo", revela Arida.

A diretora conta que, ao formar a coleção de imagens, a fundação não buscava por temas específicos, o objetivo era ter um acervo diversificado. "Ao coletarmos as imagens, nunca houve uma visão única na fundação. Cada membro entendia diferentemente a prática de colecionar e isso era encorajado", diz.

Arab Image Foundation Arab Image Foundation
Estudantes brasileiros em 1950
"Isto nos ajudou a construir uma coleção atípica e idiossincrática. As imagens são escolhidas com base tanto em seu valor artístico quanto em sua significância cultural. Nossa coleção inclui fotografias documentais, históricas, sociais, industriais, experimentais e publicitárias", explica.

As fotos da Arab Image Foundation já viajaram o planeta em 15 exposições, dentro e fora do mundo árabe. "Foram mais de 60 lugares, no Líbano, Oriente Médio, África, Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul. O projeto 'Mapping Sitting' (que mostra retratos árabes do século passado), dos artistas Walid Raad e Akram Zaatari, passou por 16 cidades em cinco anos", conta a diretora.

Além de colecionar imagens, a AIF também conta com livros, monografias, catálogos e vídeos sobre fotografias, como relata Zeina Arida. "As publicações são resultados de projetos de pesquisas realizados por artistas em parceria com a fundação. Estas publicações aumentam o acesso do público à coleção da fundação e, simultaneamente, refletem sobre a prática da fotografia em suas diversas formas, estudando a prática em si assim como os temas fotografados", afirma.

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Diáspora libanesa na Argentina
O trabalho da Arab Image Foundation pode ser conhecido pelo público tanto pessoalmente quanto pela internet. Das 600 mil imagens do acervo da instituição, incluindo fotos impressas, negativos e placas de vidro, 70 mil já foram digitalizadas e a organização pretende fazer o mesmo com toda a coleção nos próximos anos.

O site www.fai.org.lb recebe cerca de 200 visitas por dia. Na sede da fundação, estudantes de arte, história, antropologia e pesquisadores são a maioria dos visitantes. Além destes grupos, o arquivo da AIF também é visitado por fotógrafos, além de outras instituições na região em busca de troca de experiências.

"Nosso centro de pesquisa, que fica em nosso escritório em Beirute, oferece uma biblioteca de livros e outras publicações relacionadas à fotografia, arte, teoria, história regional e outros temas. Também temos uma crescente videoteca com produções artísticas da região. Contamos ainda com uma seleção de imagens impressas de nossa coleção", diz Arida. O espaço fica aberto cinco dias da semana à visitação do público.

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