quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Novo presidente do Banco do Vaticano lidera empresa ligada ao nazismo


Escolha do alemão Ernst von Freyberg teve a anuência do papa Bento XVI, mas não está a ser pacífica.

Mariana Cabral
O alemão Ernst von Freyberg é o novo presidente do Banco do Vaticano
O alemão Ernst von Freyberg é o novo presidente do Banco do Vaticano
Von Freyberg, advogado membro do grupo religioso Ordem de Malta, preside ao grupo Blohm & Voss, que produzia navios de guerra para a marinha alemã no tempo do nazismo. Atualmente, a empresa dedica-se à construção de iates de luxo e repara outros navios, de acordo com Federico Lombardi, o porta-voz do Vaticano, que também admitiu que a Blohm & Voss "faz parte de um consórcio que está a construir fragatas para a marinha alemã".
A nomeação de von Freyberg é incomum porque vai contra a tradição do Vaticano de não escolher personalidades ligadas a áreas controversas. Contudo, Federico Lombardi ressalvou que a decisão foi tomada pela comissão cardinalícia de supervisão do Instituto para Obras Religiosas - designação oficial do banco -, após uma "avaliação profunda e uma série de entrevistas ao longo de vários meses".
"O papa não o conhece pessoalmente"
A escolha teve apenas a "anuência do papa", indicou o porta-voz, que acrescentou que houve 40 candidatos ao posto, deixado vago desde maio do ano passado, quando Ettore Gotti Tedeschi foi afastado por não ter a confiança da administração, entre acusações de lavagem de dinheiro no banco.
 
"O papa não o conhece pessoalmente, conhece a sua família, mas não teve qualquer intervenção na nomeação", sublinhou o porta-voz do Vaticano.  
Ernst von Freyberg, nascido em 1958, estudou Direito em Munique e Bona, é católico praticante e tem estado envolvido em atividades religiosas. 
 
O Banco do Vaticano tem sido palco de vários escândalos ao longo da sua história, o mais grave dos quais, em 1982, envolveu uma loja maçónica ilegal (P2), a CIA e a máfia. Nos últimos tempos tem sido debatida a sua transparência financeira.  
 
O património do banco está avaliado em cinco mil milhões de euros e os seus clientes são padres, religiosas, conferências episcopais, fundações e ministérios do mundo inteiro.  
Bento XVI está a poucos dias de deixar a liderança da Igreja Católica, depois de ter anunciado a sua resignação a partir de 28 de fevereiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário