A urbanização é a mania do novo número dois do regime, Li Keqiang. Recém-designado após o 18° Congresso do Partido Comunista chinês em novembro, Li assinou um longo texto no "Diário do Povo" sobre o papel da urbanização como "motor essencial" do futuro crescimento chinês.
Brice Pedroletti
Brice Pedroletti
Céu de Pequim é coberto pela poluição
Dezenas de milhões de outros são migrantes que trabalham nas cidades mas vivem ali de forma provisória (em dormitórios ou em quartos decadentes alugados a preços extorsivos) e na mais completa precariedade. Ademais, as estatísticas oficiais chinesas são enganosas: a maior parte das metrópoles englobam outras cidades e toda uma população rural.
Embora o desempenho da China em termos de urbanização seja impressionante, como revela um estudo publicado no final de 2012 sob direção de Christine Wong, diretora de estudos chineses em Oxford, todo o modelo das finanças municipais, fruto da "improvisação" e das pressões do desenvolvimento rápido, deverá ser revisado para ser viável. O hukou foi por muito tempo uma "tática" formidável para os planejadores urbanos, permitindo-lhes que economizassem limitando o acesso aos serviços urbanos a parte da população. E os governos locais encontraram novos financiamentos mais uma vez roubando dos moradores rurais: estes são despejados de suas terras, que são coletivas, em troca de baixíssimas indenizações.
As linhas gerais políticas, sobretudo do plano quinquenal atual (2011-2015), fazem da urbanização uma "obrigação ardente" [retomando o termo usado por De Gaulle]. Assim, observa o jornalista Tom Miller, em sua obra "China’s Urban Million: the story behind the biggest migration in human history", "os dirigentes chineses estão fazendo uma aposta de alto risco: a urbanização forçada pode melhorar de maneira espetacular a vida de milhões de pessoas – ou então inchar excessivamente a massa dos ‘pobres urbanos’".
A zona rural chinesa, campo de experimentação de toda espécie de política conduzida de forma impetuosa em nome da urbanização, por muito tempo acabou sendo a vítima. Para liberar terras, vilarejos foram destruídos e seus habitantes realojados em conjuntos habitacionais no campo mesmo. Só que em geral eles ainda têm o hukou rural e não podem vender seus bens de forma individual...
A zona rural chinesa, campo de experimentação de toda espécie de política conduzida de forma impetuosa em nome da urbanização, por muito tempo acabou sendo a vítima. Para liberar terras, vilarejos foram destruídos e seus habitantes realojados em conjuntos habitacionais no campo mesmo. Só que em geral eles ainda têm o hukou rural e não podem vender seus bens de forma individual...
A reforma do hukou, mas também a revisão da propriedade coletiva de terras são consideradas etapas essenciais para uma urbanização estável. Uma nova política está sendo testada. Ela poderá ser decisiva no sucesso da transição urbana chinesa: no início de janeiro, a primeira diretiva tomada pelo novo Comitê Central do Partido foi repertoriar e realizar o registro do direito de uso das terras em zona rural, o que é visto como condição prévia para um possível acesso dos habitantes rurais à propriedade. Dessa forma eles poderiam negociar melhor sua instalação nas cidades.
Tradutor: Lana Lim
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