quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Relatório mensal da OIC sobre o mercado de café



postado há 19 horas e 46 minutos atrás

Em janeiro houve uma pequena recuperação dos preços do café, sustentada por preocupações crescentes com o surto de ferrugem do café em toda a América Central. Há notícias de danos maiores ou menores à safra de 2012/13 em todos os principais países produtores da região. Abranda este quadro a perspectiva de uma safra recorde em 2013/14, um ano de baixa no ciclo produtivo bienal brasileiro.

A estimativa inicial da CONAB – a agência do Governo do Brasil responsável pela previsão de safras – é de uma produção de 47 a 50,2 milhões de sacas, exercendo uma pressão baixista sobre o mercado. No ano civil de 2012 o total das exportações alcançou um recorde de 113,1 milhões de sacas, 8,2% acima do total de 2011, devido predominantemente ao embarque de grandes volumes de café Robusta.

Gráfico 1: Preço indicativo composto diário da OIC


Evolução dos preços
No início de janeiro o preço indicativo composto diário da OIC subiu brevemente, de uma baixa de 132,89 centavos de dólar dos EUA por libra?]peso para uma alta de 139,44 centavos; depois, no final do mês, ele retrocedeu a seu nível inicial. A média mensal terminou em 135,38 centavos, 3,1% acima da média de dezembro, mas ainda bem abaixo dos níveis de 2012 (gráfico 1). Os três grupos de Arábicas foram os motores desta evolução. Os preços dos Suaves Colombianos, Outros Suaves e Naturais Brasileiros subiram 2,9%, 3% e 3,2%, respectivamente, mas no final do mês estavam abaixo dos níveis do início. Os preços dos Robustas também subiram no decorrer do mês, e o preço indicativo do grupo ultrapassou brevemente os 100 centavos de dólar dos EUA por libra-peso pela primeira vez desde novembro de 2012, antes de terminarem numa média mensal de 99,69 centavos, 3,2% acima da média de dezembro de 2012 (gráfico 2).

Gráfico 2: Preços indicativos diários dos grupos da OIC



Quanto aos diferenciais de preços, a arbitragem Nova Iorque-Londres aumentou um pouco (+2,8%), passando a 65,44 centavos de dólar dos EUA por libra-peso. Esse nível, entretanto, ainda é de menos da metade do de janeiro de 2012 (gráfico 3). Também aumentaram os diferenciais dos preços indicativos dos três grupos de Arábicas com o dos Robustas.

Gráfico 3: Diferencial entre os preços de futuros de Nova Iorque e Londres


Fatores fundamentais do mercado
O total da produção no ano-safra de 2012/13 no momento é estimado em 144,5 milhões de sacas,correspondendo a um aumento de 7,3% em relação a 2011/12. Nas regiões de cafeicultura do Brasil, algumas semanas de precipitação abaixo da média foram seguidas por períodos de chuva farta em janeiro, um bom presságio para a safra de 2013/14. Em sua estimativa preliminar da safra, a CONAB calculou que ela seria de 47 a 50,2 milhões de sacas, provavelmente um recorde para um ano de baixa no ciclo produtivo bienal do país. O total compreenderia de 35 a 37,5 milhões de sacas de Arábicas, ante 38,3 milhões em 2012/13; e 12 a 12,7 milhões de Conillon, ante 12,5 milhões no ano-safra anterior. Como indica o gráfico 4, as fases do tradicional ciclo produtivo bienal dos Arábicas do Brasil parecem estar convergindo.

Gráfico 4: Produção de Arábicas do Brasil e mudanças percentuais de ano para ano

* Média das estimativas mínimas e máximas

Na América Central, surtos de ferrugem do café foram reportados nos principais países produtores, sem exceção. Na Costa Rica as autoridades declararam um estado de emergência para enfrentar a propagação do fungo. Há notícias de que na Guatemala e em El Salvador a ferrugem pode ter afetado 40 a 50% de todos os cafeeiros; os dois países estão realizando programas para fornecer fungicidas aos cafeicultores. Recentemente a Nicarágua também lançou uma campanha para treinar especialistas e cafeicultores no combate à propagação. Honduras declarou uma emergência fitossanitária. Também se tem notícia de ferrugem em certas partes do México. Os surtos atuais podem ter sérias implicações de longo prazo para a produção de Arábica lavado na América Central, com uma queda potencial da produção regional de 2,5 a 3 milhões de sacas de café. É muito cedo, contudo, para fornecer uma discriminação exata.

Em dezembro de 2012 o total das exportações de todos os países exportadores alcançou 9,4 milhões de sacas, elevando o total exportado nos três primeiros meses do ano cafeeiro de 2012/13 a 28,3 milhões de sacas (quadro 3). Esse volume representa um aumento de 15% em relação ao do mesmo período do ano anterior. Além disso, o total das exportações registrou um volume recorde de 113,1 milhões de sacas em 2012 – o maior de que se tem notícia, e 8,2% acima do volume exportado em 2011. Em 2012 foram particularmente expressivos os embarques de Robustas, que aumentaram 24,2% em relação a 2011.

Como indica o gráfico 6, em 2012 a participação percentual dos Robustas subiu para 41,2%, de 35,9% em 2011. A maior parte desse aumento procede do Vietnã, que em 2012 exportou um volume calculado em 25,5 milhões de sacas, ou seja, 44,1% mais que em 2011; e da Indonésia, que exportou 6,2 milhões de sacas, 80% a mais. O Brasil, a Colômbia e o Peru, por outro lado, exportaram menos que no ano anterior. Respectivamente, seus embarques caíram 15,6% para 28,3 milhões de sacas; 7,3% para 7,1 milhões de sacas; e 8,2% para 4,3 milhões de sacas. Apesar dos embarques expressivos de Robustas nos 12 últimos meses, os estoques certificados da bolsa de futuros de Londres diminuíram.

Em dezembro de 2012, eles consistiam em 1,8 milhão de sacas, em contraste com 4,3 milhões em dezembro de 2011. Já na bolsa de futuros de Nova Iorque, os estoques certificados aumentaram, passando de 1,7 milhão de sacas em dezembro de 2011 a 2,9 milhões em dezembro de 2012 (gráfico 5). Essa tendência dá uma indicação da apetência do mercado por café Robusta.

Gráfico 5: Estoques certificados das bolsas de futuros de Londres e Nova Iorque


O dinamismo das exportações dos países exportadores nestes últimos anos também levou a uma redução de seus estoques iniciais, que no começo do ano-safra de 2012/13 haviam caído para 15,3 milhões de sacas, de 18,2 milhões no ano-safra anterior.

Gráfico 6: Total das exportações de todos os países exportadores, por tipo de café


As informações são da OIC, adaptadas pelo CaféPoint.
Avalie esse conteúdo:(e seja o primeiro a avaliar!)

Comentários:

São José dos Campos - São Paulo - Produção de café
postado há 15 horas e 51 minutos atrás
O cenário na cafeicultura é desolador. Produzir mais de 40 milhões de sacas/ano no Brasil é virar marionete do mercado. Estamos caminhando para uma super safra de ano de ciclo baixo, o que faz com que o mercado não dê sinal de melhora nos preços. Caso não se tenha um contra tempo como uma grande geada no Brasil, estaremos caminhando para o caus na cafeicultura. Com o aumento nos preços em 2011, houve um plantio exagerado de café, que estarão em produção o ano que vem. Acredito que se tudo correr bem, produziremos no ano de ciclo alto, mais de 60 milhões de sacas, o que é assustador. O que já está muito ruim, têm espaço para piorar mais. Não adianta as cooperativas sairem dizendo em quebra de safra que isso funciona como combustível para fazer os preços caírem mais. Somos um país de pouca credibilidade, ninguém respeita nossas previsões; o que querem é nosso café bem baratinho.
São José dos Campos - São Paulo - Produção de café
postado há 15 horas e 22 minutos atrás
continuando... O governo brasileiro nada têm feito para evitar esse derretimento nos preços do café, não demonstra nenhum interesse pelo setor. O que vem acontecendo são as prorrogações das dívidas, o que de certo modo também contribui para o relaxamento dos preços. O que precisamos é de preço remunerador para o café, caso contrário, o cafeicultor se endividará ainda mais e não terá condições de honrar seus compromissos.

Produzir café para vender a R$300 a saca, já está dando um prejuízo de no mínimo R$100 por saca, principalmente na região de montanha. É só fazer as contas... Lancei uma campanha (link de acesso*) que até certo ponto parece uma loucura, mas, com essa insanidade toda que estamos vivendo, parece ser um remédio mesmo que só sintomático, em que o governo brasileiro ajudasse de algum modo quem quizesse deixar a atividade. Pagando para arrancar lavouras por exemplo, estaria contribuindo para se evitar uma inevitável e certa super safra.

O futuro na cafeicultura está bastante incerto e medidas urgentes precisam ser tomadas, mas, essa irritante letargia governamental só nos deixa ainda mais apreensivos. Aqui nesse país já se ajudou a tantos, e a fundo perdido, a cafeicultura precisa de uma ajuda urgente e a fundo não perdido. Precisamos de representantes que nos represente de fato, que tal contratarmos um sindicalista metalúrgico para nos representar, de certo, nossas revindicações serão ouvidas mais prontamente! Aqui em São José dos Campos não é difícil encontrar um...!

* Inserido pela Equipe CaféPoint.

Nenhum comentário:

Postar um comentário