segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O papel da Alba na "ressignificação" de Cuba


O papel da Alba na "ressignificação" de Cuba

Cuba foi expulsa da OEA em 1962 pois “a afinidade de tal governo com o bloco comunista quebranta a unidade e a solidariedade do hemisfério”, nas palavras da própria resolução. Agora, a ilha preside a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), um organismo com 33 países e 550 milhões de habitantes. Essa é uma vitória da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) no processo de ressignificação da revolução cubana.

Quando terminou agora em janeiro a II Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos), uma notícia foi exemplo do momento político do nosso continente: Cuba, a pequena ilha sempre desdenhada pelos poderes da vez, passará a presidir um organismo continental que reúne 33 nações – todas, com exceção dos Estados Unidos e Canadá.

A foto de Raul Castro recebendo a presidência pró-tempore significa uma vitória não só cubana, mas também do grupo de países que fazem parte da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América). E, especialmente - é necessário dizê-lo com clareza – da Venezuela, Bolívia e Equador, cujos governos privilegiaram uma relação política e ideológica com a ilha, de irmandade anti-imperialista.

O que significa a presidência da Celac em mãos de Cuba?
Em primeiro lugar, significa uma profunda reivindicação histórica do papel da Revolução Cubana. Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) em 1962 porque, segundo a resolução: a "adesão de qualquer membro da Organização dos Estados Americanos ao marxismo-leninismo é incompatível com o Sistema Interamericano e a afinidade de tal Governo com o bloco comunista quebranta a unidade e a solidariedade do hemisfério". 

Daí em diante, começou uma "caça às bruxas" contra a ilha, política mas com consequências diretas em outras esferas. O bloqueio econômico, comercial e financeiro estabelecido pelos EUA foi -e é- a ponta da lança, mas também devemos falar do virulento -e permanente- ataque contra Cuba e seu governo pelos multimeios de (des)informação com capitais norte-americanos e europeus (CNN, El País da Espanha, Miami Herald, entre outros).

Quem poderia imaginar que essa pequena ilha fustigada constantemente pelo poder político, econômico, comercial, financeiro e até midiático, teria a presidência de um organismo que reúne uma população global de uns 550 milhões de habitantes e cuja extensão territorial supera os 20 milhões de quilômetros quadrados? Quem, em sã consciência, teria dito, durante o esbanjamento neoliberal dos anos 90 em nosso continente, que essa ilha digna ia ter tal papel no acordo das nações da América Latina e do Caribe, duas décadas depois?

O papel da Alba na "ressignificação" de Cuba
Devemos mencionar, sem dúvida, o papel da Alba e seus governos nesta "ressignificação" de Cuba. Primeiro, a Venezuela, depois a Bolívia e o Equador, tiveram – e têm – um papel protagonista em mostrar a realidade da ilha, longe de qualquer manipulação midiática. Como fazem isso? Com a cooperação cotidiana em educação, através do sistema "Sim eu posso", que já alfabetizou seis milhões de pessoas em 28 países; e com a ajuda permanente em matéria de saúde, as missões humanitárias cubanas já chegaram a quatro continentes – e têm especial relevância na Venezuela (Missão Barrio Adentro) e Bolívia (Operação Milagre).

Com a presidência pró-tempore da Celac, Cuba encerra um ciclo em nosso continente: aquele que começou com o "Não à Alca" em Mar del Plata 2005. Aquele que construiu a Unasul e a própria Celac. É indubitável e objetivo o avanço de nossos povos desde então. Estamos em melhores condições, claro. 

Mas também está a "outra cara": os golpes em Honduras e Paraguai (2009), a constituição da Aliança do Pacífico - com os governos mais retrógrados em seu interior -, o aumento de bases militares norte-americanas em nosso território. Nesse cenário, de disputa entre o que não termina de morrer e o que não termina de nascer – parafraseando Gramsci – a notícia de que essa digna ilha vai presidir um organismo como a Celac é de uma enorme importância.

É que, como disse José Martí – lembrado pelo 160º aniversário de seu nascimento – escassos, como os montes, são os homens que sabem olhar desde eles, e sentem com entranhas de nação, ou de humanidade". E Fidel e Hugo Chávez, quando em 2004 planejavam a criação da Alba, com certeza não imaginavam até onde podia chegar esse ato de profunda criação humanitária – com entranhas de nação e Pátria Grande –que hoje é um dos principais impulsos da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos.

*Artigo traduzido e divulgado pela Telesur.

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