Tem gente que se preocupa com gente. Tem gente que pensa o futuro, vivendo o presente, mas com o olhar e o conhecimento do passado. Mas o passado não representa um amontoado de informações e de conceitos imprestáveis. Um passado que serve não como um ancoradouro de lamúrias e lamentações. Um passado que seja a base e um trampolim para o futuro. Agir individualmente, em primeiro lugar, depois em sequência, agir no coletivo. É assim a pessoa que é o título deste texto.
Jorge agora nos brinda com mais um livro: Cidades Irmãs Pomeranas – Vila Pavão (ES) Espigão do Oeste (RO). São 116 páginas e uma leitura rápida que fornece base para começarmos a atender o que é o povo pomerano. Já na Introdução o autor responde a uma pergunta que a ele é sempre dirigida: por que você escreve tanto sobre os pomeranos? A resposta: sou pomerano e temos apenas 30 anos de pesquisa, de existência, de auto-definição cultural, de registros, de busca pela nossa identidade histórica e cultural. É pouco tempo para uma cultura tradicional e tão complexa.”
Mas o que contem este livro? A indagação é correta e tem sentido. É preciso saber o conteúdo para decidirmos se vale a pena ler o texto. Jorge vai nos levar para fazer um passeio na História, rumo a Europa e depois rumo ao Brasil, em “viagens na maioria das vezes eram muito tristes, uma vez que crianças e idosos não suportavam a desidratação, enjoos e vômitos: os que morriam eram deixados no oceano.’’ Assim aconteceu com milhares de pomeranos rumo ao Espírito Santo, que após grande sofrimento na Europa, segundo o autor, ‘’agora tinham nas mãos seus sonhos: a terra prometida. Longe dos grandes centros, sem igreja, sem escola, sem assistência técnica, iniciavam uma nova vida. A grande conquista estava no fato de não mais serem servos ou escravos como na Pomerania.’’
No Espírito Santo os pomeranos vieram para Santa Leopoldina, subiram para onde é hoje Santa Maria do Jetibá e com a sina de migrar foram ocupando o Norte capixaba e também o Leste de Minas Gerais. Um povo que anda, que migra e que trabalha, trabalha e trabalha... Já no início da década de 60, novo êxodo, agora em direção ao Paraná. Mais alguns anos adiante Rondonia foi o destino. É aqui que Jorge nos traz fotografias e relatos marcantes, numa linguagem forte e sofrida, falando de seus amigos e familiares que tomaram a estrada rumo ao novo paraíso.
Neste espaço é quase impossível fazer um relato fiel às palavras registradas por Jorge. Melhor mesmo é abrir o livro e ir se deliciando com histórias e fatos. Cita que ‘’os primeiros pomeranos do Espírito Santo chegam a Rondonia em 1967. Foram os irmãos Martim Hollander e Artur Hollander que vieram de São Gabriel da Palha. Inicialmente queriam trabalhar numa serraria e assim conhecer Rondonia. No ano seguinte voltaram para sua terra natal e fizeram propaganda das belas matas, caça e terras que conheceram no então Território Federal de Rondonia.’’ Um livro único feito e lavrado por uma pessoa que é pomerana e que tem a sensibilidade e a maestria para falar de sua gente. É como estar sentado e acomodado, apenas absorvendo a beleza e a força de quem sente na carne e na alma a migração de seu povo. Assim é o relato de Jorge Kuster Jacob.
Agora as Prefeituras de Vila Pavão e de Espigão do Oeste, em Rondonia, estabeleceram que serão cidades irmãs. O livro pode ser adquirido na loja do Hortifruti da Praia da Costa, Vila Velha, por 12 reais. Em tenho em mãos alguns exemplares que passo por 12 reais e mais a postagem do Correio, caso seja necessário.
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