NEWTON BRAGA, CACHOEIRENSE AUSENTE, para comemorar o centenário de seu nascimento. Este é o título do livro que resgata em parte a vida do grande cachoeirense, que escreveu:
...está sensibilidade que é uma antena delicadíssima, captando pedaços de todas as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não minhas.
Estes versos estão na minha e na memória, mas eles por alguns anos estiveram em bronze ao lado do busto de Newton na Praça Jeronimo Monteiro, uma homenagem ao filho ilustre. Um dia um administrador municipal o reduziu apenas ao busto e seu nome, eliminando as palavras em bronze, mas não a sensibilidade dos cachoeirenses de verdade
O ponta pé inicial para a publicação do livro foi dado por Rachel, filha de Newton, que incumbiu a jornalista Helena Carone, em 1982, colher depoimentos sobre Newton Braga. Em 1994, Marília, filha de Newton, “enxugou” os textos captados por Helena. Edson, filho de Newton, deu o toque final neste documento histórico. Uma obra de família, cachoeirense. O livro editado pela Prefeitura de Cachoeiro está dividido em duas partes.
Na primeira parte os amigos falam até a página 108. São 20 depoimentos onde podemos sentir a força, a marca e o trabalho de Newton. Abrindo os depoimentos o médico João Madureira, amigo de infância desta: no convívio humano todos nós temos as nossas contestações; há uma hora em que a gente se revolta, grita, reclama e chora. Mas Newton nunca se queixava de nada. Newton pertencia à paisagem humana cachoeirense, igualzinho ao Itabira – se você tirar o Itabira, Cachoeiro não existe.
Sua irmã Anna Graça Braga de Abreu fala do homem que amava a leitura: gostava tanto de ler que tinha uma conta corrente na livraria Semprini; duas ou três vezes por semana ia lá pegar os livros que encomendava e pagava no fim do mês. O interessante é que ele devia ter deixado uma grande biblioteca, mas não deixou, porque emprestava os seus livros.
Deusdedit Baptista lembrou: uma das coisas mais importantes que ele criou, “o Dia de Cachoeiro, a Festa de Cachoeiro. Hoje, o país inteiro comemora o dia de sua cidade, e isso foi idéia de Newton Braga. Um dia em que todos os filhos de Cachoeiro (ele chamava assim quem tinha nascido aqui ou que gostava da cidade) que estivessem fora voltassem para visitar a sua terra,uma confraternização dos filhos e amigos da cidade.
Edmar Baião, que foi seu funcionário no Cartório fala que Newton “era um homem muito discreto, muito correto, não falava da vida de ninguém, era incapaz de intriga, de qualquer coisa- eu vi isso durante os mais de vinte anos em que nós convivemos.”
Para Gil Gonçalves, outro apaixonado por Cachoeiro e dono de um grande acervo fotográfico do Município e íntimo de Newton, faz um desafio: dou um doce para você se descobrir alguém que tenha uma queixa dele. Gil Gonçalves
O cunhado Levy Rocha lembra que “ele era um crítico severo, mas muito sincero e tolerante; amigo, mas muito imparcial. Não misturava amizade com a redação do jornal: se o trabalho não tivesse valor, ele simplesmente condenava.”
A palavra de Newton Meirelles não poderia ficar fora, “ele não era de discutir muito, quando discordava, geralmente se afastava, mas nós dois conversávamos e discutíamos muito. Quando eu citava os exemplos da Europa, ele dizia: Meirelles, a Europa não me interessa, meu país é Cachoeiro de Itapemirim: quero resolver os problemas de Cachoeiro e não do Mundo.
- A real dimensão da figura humana de Newton só será mesmo revelada quando escreverem um livro, porque ele merece realmente ter sua história contada. Ormando Moraes
- Newton você põe todo mundo para trabalhar, faz esta festa toda e fica escondido aí? Daí ele dizia: e você acha pouco, botar esse povo todo para trabalhar? Wilson Rezende
Na segunda parte textos de Newton, fotografias do cotidiano familiar e de gente do seu entorno, oportunidade para acessar o seu mundo, uma viagem no tempo e na História. Para entender Cachoeiro é preciso saber dos Coelho Braga. O livro Newton Braga, cachoeirense ausente é uma das chaves da alma de Cachoeiro de Itapemirim. A viagem vai da página 109 até a 226 de grandes maravilhas.
Newton mereceu a publicação. Cachoeiro jamais conseguirá saldar a sua dívida histórica com ele, que colocou a cidade na vitrine do Brasil. Ele merece mais, muito mais, mas o que consigo dizer como admirador de Newton Braga, muito obrigado a todos. Apenas duas sugestões, façam mais uma edição com uma grande tiragem e voltem o busto de Newton Braga e “...esta sensibilidade que é uma antena delicadíssima captando pedaços de todas as dores do mundo, e que me fará morrer de dores que não são minhas.”, para o lugar original na Praça Jeronimo Monteiro.
Ronald, muito obrigada. Foi trabalhoso e doloroso, mas tive grande alegria ao fazer este livro, que reafirma o amor de Newton por sua terra.
ResponderExcluirMarilia,
ResponderExcluirNewton é Cachoeiro de verdade.
Fiquei encantado com o trabalho de resgate.
Foi um contribuição a memória histórica, que às vezes fica esquecida.
As entrevistas são marcantes e como conheci alguns dos entrevistados,
parecia que estava ouvindo a voz deles.
A segunda parte com fotos e os textos recuperados nos mostra
a real dimensão de Newton.
Como disse, Newton colocou Cachoeiro na vitrine do Brasil.
Fiz a minha parte na divulgação,
espero que este livro tenha nova edição
e que o busto volte ao lugar original na Praça.
um abraço
ronald mansur