Santa Teresa é a cidade mais italiana do Estado, em todos os sentidos. Algumas construções, do tempo dos primeiros imigrantes que lá chegaram ano de 1874, ainda se sustentam. Um olhar mais atento no que vem sendo feito em Santa Teresa, por parte de sua população, indica uma esperança no que diz respeito a preservação de nossa História.
Na culinária muitas famílias ainda seguem mantendo o padrão e tradição dos antepassados, com o agnoline, tortei de abobora, polenta com lingüiça, macarrão e torta todesca. Podemos citar também a produção de uva para a produção de vinho e para o consumo in natura, vem ganhando destaque e importância.
O modo de agir da população como um todo, revela uma característica interessante, parece que vive num conflito latente e constante entre pessoas e grupos. Mas esta observação é fruto de anos e anos de uma proximidade que mantenho com a cidade. É uma marca teresence.
Este conjunto de situações vem agregado a ação de empreendedores locais, de que é sempre possível preservar, viver e sobreviver com os valores do passado.
A tradição do vinho, que os imigrantes trouxeram da Itália e que aos poucos foi se perdendo, ganha força na ação de famílias que tiveram os seus esforços ajudados e incentivados por programas da municipalidade, do Sebrae e do Estado. Ter mantido acesa a chama do passado, ao preservá-lo, deu a base para que hoje muitos ganhem a vida com dignidade e competência. O imigrante não tendo a uva, fez da jabuticaba, a sua uva. Fez o vinho que encanta o turista. Revela o empreendedor nato, que viu a possibilidade de substituir uma tradição milenar, que ficou distante na velha Itália. Uma lição de coragem e adaptação Numa nova terra, longe de Pátria original, o fato concreto e real é viver a realidade e dela tirar o melhor partido. Assim a segunda Pátria para os imigrantes, mas a Pátria verdadeira para os seus descendentes.
São as pequenas cantinas familiares e artesanais que vão se consolidando, gerando produção, trabalho e renda. É aqui que a ação visando o bem comum, deixa de lado as desavenças familiares e políticas, ficam apenas como referencias históricas. É comum vermos nos rótulos nomes como Melicio, Rasseli, Labiata, Mattiello, Romagna, Tomazelli, Ziviani, Caravaggio e Brum. O tempo de hoje é tempo de ação e exige estender a mão para a coletividade e aos turistas. Muitos estão fazendo as suas compras de garrafas e embalagens em conjunto, o que possibilita um custo menor. Eles estão fazendo cursos e viajando em busca deconhecimento.
Mas é de lá o maior e o mais importante capixaba fruto da imigração. É lá que se encontra o Museu Mello Leitão, idéia, criação e trabalho de Augusto Ruschi, o homem que viveu na floresta e fez dela a sua vida, Ruschi conseguiu ver muito mais longe, bradou em defesa da Natureza. Lia o futuro auxiliado pela beleza guiado pela beleza das orquídeas e bromélias, com velocidade dos beija flores.
A gente descobre Santa Teresa indo lá e convivendo com a sua população. Um amigo, Walter Pianna, que também anda por lá, certa vez me disse que Santa Teresa teria grande futuro se escolhesse bem os seus parceiros. Aliás, Pianna me fez um desafio: registre as boas coisas que a comunidade faz. Foi fácil, porque eles escolheram o trabalho e a competência. A História eles herdaram. Nestes tempos modernos, com o individualismo fazendo as suas vítimas, sempre será possível agir em comunidade e por ela.
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