Toda vez que vejo notícias da crise econômica que atravessa a Europa, principalmente Itália, Espanha e Portugal, fico imaginando como serão as próximas notícias que virão do Velho Continente.
Os índices de desemprego crescentes parecem ser um prenúncio do que aconteceu nos anos de 1800, principalmente após a década de 50. Foi neste período que milhares e milhares de pessoas vieram tangidos pela fome e pela miséria, em busca da terra prometida que jorrava ouro e ótimas perspectivas de um futuro digno e humano. Navios com péssimas condições de conforto e higiene despejaram os imigrantes na terra capixaba, depois eles se espalharam por todo território. Desembarcaram nos portos de Vitória, Itapemirim, Anchieta e Santa Cruz,
Os do grupo germânico, aqui incluindo os pomeranos tomaram o rumo de Domingos Martins e Santa Leopoldina, sendo que depois seguiram mudando e migrando internamente para o que é hoje Santa Maria do Jetibá. Um pouco mais adiante subiram o Estado no rumo Norte, atravessaram o Rio Doce. Mais adiante na segunda metade do século passado andaram mais, indo ocupar o Brasil novo e amazônico, foram para Rondonia e Para. Muitos vieram para as áreas urbanas do Espírito Santo.
Os primeiros italianos vieram enganados e ludibriados pela propaganda de Pietro Tabacchi e depois se rebelaram e subiram a montanha para criar Santa Teresa. Mais adiante um grande fluxo de imigrantes oriundos do território que hoje é a Italia, espalhou gente nas áreas que ficam abaixo do Rio Doce. Este grupo também contribuiu para a ocupação do território capixaba, aliás a população de origem italiana é tida como a que tem mais de 60% do total de capixabas.
Ainda temos os grupos menores que aqui vieram em busca de trabalho. Temos os poloneses, suíços, espanhóis, luxemburgueses, franceses, árabes e outros grupos menores. Todos aqui chegaram pelos portos já citados. Os brancos a gente sabe nome, sobrenome, país de origem, bem como a comunidade e o navio que os trouxeram. Mas os negros vieram em situação deplorável e desumana, vieram como mercadorias e ferramenta de trabalho para o uso dos senhores brancos, donos da terra.
No cenário futuro a porta de chegada não seria mais os portos de Vitória, Itapemirim, Anchieta e Santa Cruz, onde os registros indicam listas imensas de imigrantes. O cenário possível terá como entrada o Aeroporto de Vitória e certamente muitos virão em busca dos parentes que saíram no século XIX. Hoje muitos capixabas buscam a dupla cidadania na Europa, mas poderá ser verdade que a equação vai ser invertida. Muitos europeus vão desejar a cidadania brasileira por aqui terem parentes. O povo do Veneto italiano possui parentes em todo território capixaba, assim poderão ter abrigo certo e seguro.
Este exercício mental que realizei até aqui pode até parecer uma criação de uma mente desocupada. Mas na verdade este tipo de raciocínio eu não conseguiria fazer, por exemplo, quando em 1988 fui à Itália. Agora, que eles virão, não tenho a menor dúvida. Na minha casa vão aparecer libaneses de Zgharta, portugueses e suíços de Eggewil. Silencio. Parece que já estão bantendo na minha porta e na sua também.
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