Já se vão 43 anos que um grupo de
capixabas foi ao Norte da Itália iniciar um processo de intercambio que tem
hoje frutos advindos das sementes plantadas pelo Movimento Educacional e
Promocional do Espirito Santo (MEPES) e a Associação de Amigos do Estado do
Espirito Santo (AES). Foram sete jovens que saíram no ano de 1967 e lá ficaram
até o final de 1968 - Ednis Orlandi, João Bortolot, Inacio Pompermayer, Celio
Martins, Osmar Longui, Luiz Mill e Dirceu Marchiore. O grupo foi conhecerem o sistema
de educação rural que estava dando os primeiros passos no sentido de valorizar
a comunidade e a família rural.
Na Itália os brasileiros conheceram o
que seria aqui a Escola Família Agrícola(EFA) que na sua base e essência tem a
solidariedade entre pessoas e grupos. A maneira de atuar conhecida como
Pedagogia da Alternância. Na prática o estudante fica um tempo na escola e
igual período na sua família. Este esquema não distancia o estudante da sua
família, faz dele a ponte entre a escola e o seu núcleo familiar. Fica claro
que a família é o elo central, a escola uma linha auxiliar.
Este primeiro passo no intercambio gerou novas oportunidades
para muitas pessoas irem a Itália e também a Argentina, parceira na ação
educativa e formativa. O passo dado pelo Mepes e pela Aes serviu de modelo e
exemplo para muitas entidades que tinham como fundamento a solidariedade para
com os que menos possuíam, os deserdados do sistema.
Quando o grupo voltou a EFA de Anchieta/Olivania
já estava funcionando, em 1968. Depois vieram as EFA’s de Alfredo Chaves, Rio
Novo do Sul e Iconha. Do grupo inicial apenas Ednis Orlandi permaneceu até a
sua aposentadoria, mas continua dando apoio ao Mepes e a EFA de Alfredo Chaves.
Hoje no Estado são 17 EFA’s ligadas
ao Mepes e 10 autônomas. Por este Brasil afora 240 EFA’s, que sempre tiveram o
apoio capixaba. Apoiar e assessorar novas EFA´s no Mepes é obrigação e
compromisso, um dogma. Todas EFA”s brasileiras tiveram o seu berço o nosso
Estado. Centenas de viagens foram feitas por este Brasil afora por mepianos
para falar sobre a Pedagogia da Alternância. Centenas de viagens e visitas
foram feitas por lideranças rurais e comunitárias de outros estados ao Mepes.
O Agroturismo capixaba nasceu graças ao intercambio com a
Italia. Lá a denominação é Agriturismo, aqui nós trocamos o i pelo o. Uma maneira
de mostrar que o modelo italiano não foi transportado, mas a sua essência sim.
A sua maneira de mostrar que a comunidade rural pode crescer com as suas forças
e com a sua capacidade de organização e produção. Agregar valor a produção
primaria e repassar a sua mercadoria com um mínimo possível de da
intermediação. Uma ligação direta, sempre que possível. A idéia do agroturismo
surge em 1988, na Fazenda Agroturistica Mondragon, do casal Roberto Tessari e
Tina Sartori, mas é no ano de 1992 que toma corpo em Venda Nova do Imigrante.
Depois ganhou outros municípios e o Brasil. Roberto havia sido voluntário
italiano no Mepes na década de 70.
O intercambio Brasil Itália reergeu as relações dos
descendentes dos imigrantes que começaram a chegar ao Estado no final do século
XIX. Milhares de capixabas são beneficiários do intercambio iniciado em 1967,
por ação do jesuíta italiano Humberto Pietrogrande.
A ação do Mepes e da Aes sempre foi assentada no respeito à
individualidade das pessoas, mas com um forte sentimento coletivo. O principio
da liberdade sempre norteou o intercâmbio. Como diz o agricultor filósofo João
Martins, lá de Cachoeirinha, Rio Novo do Sul, “a ação do Mepes sempre foi
norteada pela liberdade e compromisso social de cada indivíduo”.
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