No ano de 1997, Paulo Galvão era o prefeito de
Castelo, onde a economia girava em torno do café e da pecuária leiteira. Um dia
com ajuda do Frei João Constantino, da Ordem dos Agostinianos, trouxe a Castelo
o classificador de café Odilon Brasileiro, que por 40 anos foi provador e
classificador da Cooxupe, a maior e mais importante cooperativa de
cafeicultores do Brasil.
O objetivo era o de fazer uma volta pelas lavouras de
café e depois fazer umas indicações de como melhorar a qualidade para mais
adiante melhorar a remuneração no bolso do produtor.
Depois de fazer uma circulada, não somente por
Castelo, mas incluindo Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante, o seu Odilon
reuniu-se com os produtores e foi taxativo e direto:
-o que vocês estão produzindo não vale nada, não tem
qualidade.
A reação natural da platéia foi de se sentir agredida
e desconsiderada. Odilon, um homem experiente e conhecedor profundo da
atividade cafeeira, entrou novamente e em ação e disse que se eles mudassem um
pouco na condução das lavouras e também na colheita, certamente teriam um
resultado diferente do que tem obtido nas colheitas. Qualidade pode ser
traduzida como retorno financeiro no bolso.
Deixou dicas como fazer, conselhos para terem sucesso
na atividade e foi embora. Caminhando para o final do ano voltou e percorreu
novamente as propriedades que visitara antes. Colheu várias amostras da
colheita que estava ainda em andamento. Levou para Santos, que é o porto mais
qualificado e mais importante da cafeicultura brasileira, onde estão os
melhores e mais competentes classificadores de café do Brasil. Entregou as
amostras e não falou de onde elas eram. Quando o resultado chegou, Odilon disse
que as amostras eram do Espírito Santo. Ninguém acreditou, porque a fama da
cafeicultura capixaba é a de produzir o pior café do Brasil.
É desta época o início das conversas e da ação sobre
produção de café de qualidade nas montanhas capixabas. A ação de Paulo Galvão e
do seu Odilon Brasileiro, com a benção do Frei João Constantino e o trabalho
dos cafeicultores, deu partida na mudança de nossa cafeicultura de arábica.
De cadeira posso dizer que o estágio de nossa
cafeicultura de arábica tem o seu começo com Paulo Galvão, Odilon Brasileiro,
frei e os produtores que acreditaram que qualidade pode render no bolso. Hoje o
nosso Estado está deixando para a história o tempo que éramos conhecidos pela
péssima qualidade da nossas produção de café arábica. O hoje, com o
reconhecimento de que produzimos qualidade tem um pé no passado, quando alguns
sonhadores investiram e acreditaram na qualidade. A ação de Paulo Galvão,
Odilon Brasileiro, Frei João Constantino e o trabalho dos cafeicultores mudou a
história do café arábica, para melhor.
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