Entidade prepara publicação para comemorar o aniversário. Obra traz a história da instituição e mostra seu papel na relação entre o Brasil e os países árabes.
São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira comemora 60 anos de sua fundação nesta segunda-feira (02). Para celebrar a data, a instituição está preparando um livro que conta sua história e mostra seu papel na aproximação comercial e cultural do Brasil com os países árabes. Escrita pela historiadora Silvia Antibas, a obra Câmara de Comércio Árabe Brasileira – 60 anos será lançada em novembro.
Para escrever o livro, ela entrevistou ex-presidentes, vice-presidentes, diretores e funcionários da entidade, além de analisar documentos e atas de reuniões. A autora usou também um livro anterior sobre a história da Câmara Árabe, escrito por ela mesma em 1998. “A Câmara cresceu muito em atividades, criou uma gestão muito profissional, com departamentos especializados”, aponta.
A entidade nasceu em 1952, em São Paulo, como Câmara de Comércio Sírio-Líbano Brasileira, e também se chamou Câmara de Comércio Sírio Brasileira, até adotar, em 1975, o nome atual. A maior parte da comunida árabe no Brasil é originária do Líbano e da Síria.
Para Antibas, a trajetória da instituição pode ser dividida em dois períodos diferentes, antes e depois do ano 2000. “Antes de 2000, a Câmara tinha a função importantíssima de ser a única fonte fora do governo a dar informações e divulgar dados sobre o comércio com os países árabes”, diz. “Depois de 2000, as informações aumentaram tanto que a função da Câmara passou a ser sintetizar estas informações para ajudar as pessoas a focarem em seus negócios”, explica.
Hoje, afirma a autora, além do fomento ao comércio, a instituição ganhou novos objetivos. “A Câmara está mais focada na área cultural. Ela vem apoiando mais atividades culturais e também relacionadas ao turismo, o que eu acho importante. É uma questão de passar uma imagem interessante dos povos árabes”, avalia.
Os laços políticos com os países árabes também cresceram nas últimas décadas. “A Câmara esteve junto nessa grande aproximação da política externa brasileira com os países árabes”, diz. O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, quando as exportações do Brasil ao mundo árabe passaram de US$ 2,76 bilhões para US$ 12,57 bilhões, um aumento de 355,5%, também marcou uma virada na história da instituição. “A Câmara cresceu junto, não só em volume de negócios, mas como entidade parceira do governo brasileiro”, ressalta.
Ela destaca atividades importantes da instituição ao longo de sua história. "As missões comerciais também foram importantes na história da Câmara. No início, na década de 70, era muito mais difícil organizá-las e, mesmo assim, a Câmara fazia estas missões. Hoje é muito mais fácil", afirma Antibas.
A comunicação é outra área que ganhou destaque dentro da instituição. “Antes não havia a ANBA (Agência de Notícias Brasil-Árabe) e a TV Câmara Árabe. A Câmara se voltou para distribuir informações importantes e mostrar uma imagem positiva dos dois lados, do Brasil para os árabes e dos árabes para o Brasil”, diz.
Entre outros fatos importantes, Antibas cita ainda um ocorrido na década de 70 e um da década de 90. “A Câmara teve um papel importantíssimo na crise do petróleo de 1973, quando ajudou o governo brasileiro a fazer tratativas com o governo do Iraque para ajudar na crise”, conta. "Outro momento relevante foi quando a Câmara Árabe entrou para a União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos países árabes, em 1992”, completa.
A autora
Formada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Silvia Antibas fez especialização em Museus na Universidade de Avignon, na França, e trabalhou como diretora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, ligada à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
De família libanesa por parte de mãe e síria por parte de pai, ela desenvolveu um interesse especial pela história da imigração árabe no Brasil, tendo realizado várias palestras e exposições sobre o tema e se especializado em pesquisar a trajetória de diversas entidades árabes no País, como o Clube Monte Líbano, o Esporte Clube Sírio, a Liga das Senhoras Ortodoxas e a Sociedade Antioquina.
Sobre sua relação com a Câmara Árabe, ela conta que seu pai, Fatala Antibas, empresário do ramo têxtil, esteve presente às primeiras reuniões da instituição. Já o trabalho de escrever o segundo livro sobre a entidade começou em novembro do ano passado. “O livro é importante porque é um resumo de toda a história”, diz.
A obra, que está em fase de revisão, terá cerca de 180 páginas e será lançada em edição trilíngue: português, inglês e árabe. Serão impressos três mil exemplares que vão ser distribuídos à diretoria da Câmara, embaixadas, consulados e membros da comunidade árabe.
Leia abaixo um trecho da publicação sobre fatos recentes:
Em 2011, a Câmara Árabe teve que adotar atitude enérgica para enfrentar outra fase aguda da crise mundial. Apresentou números positivos, especialmente se considerarmos os desafios que foram superados em um ano de grande valorização da moeda brasileira e de movimentos sociais deflagrados em algumas nações árabes, a chamada “Primavera Árabe”. As crises econômicas nos Estados Unidos e na Europa aumentaram a cautela dos investidores, que novamente buscaram alternativas para suas estratégias de expansão e outros mercados. O agravamento da tensão nas economias desenvolvidas realçou ainda mais a importância dos mercados emergentes, reforçando assim, os laços entre o Brasil e os países árabes.
Diante dessas circunstâncias, a Câmara Árabe precisou reinventar suas estratégias para manter estável o volume de comércio entre as regiões. Intensificar o número de palestras, seminários e apresentações em diversas cidades brasileiras para mostrar o potencial de vendas da região, destacar oportunidades em outros mercados e enfatizar que, apesar das crises políticas, a atividade comercial continuava em ascensão. A promoção e a participação em eventos também foram importantes, assim como a continuidade dos encontros com líderes governamentais, políticos e diplomáticos. Os indicadores, de fato, revelam a manutenção da tendência de alta do fluxo comercial. O maior fluxo comercial comprovava que tanto governos quanto empresas dos países árabes identificaram a economia brasileira como um mercado de grande potencial. Nos últimos anos, a oferta de produtos e serviços árabes tem aumentado em inúmeros segmentos, como, por exemplo, os produtos químicos orgânicos, adubos e fertilizantes.
Imediatamente após a posse da presidente Dilma Rousseff, Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, e Fernando Pimentel, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, visitaram a sede da Câmara Árabe, reafirmando claramente o compromisso com o desenvolvimento das relações entre árabes e brasileiros.
Comemorações
Já como parte das celebrações de seus 60 anos, a Câmara Árabe lançou na sexta-feira passada um selo e um carimbo comemorativo dos Correios, em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em novembro, além do lançamento do livro, haverá um jantar comemorativo, que reunirá membros da comunidade árabe no Brasil.
Arquivo/Câmara Árabe
“A Câmara nasceu de um movimento espontâneo de descendentes de árabes, não foi criada por nenhum governo. Foi um ato espontâneo de empresários de ascendência árabe com a intenção não só de promover o comércio, como também de ser uma ponte com os países árabes em um país que os acolheu tão bem”, destaca Antibas.
Chanceler saudita (e) com Helmi Nasr, vice-presidente da Câmara, e Walid Yazigi, presidente, em 1981
Para escrever o livro, ela entrevistou ex-presidentes, vice-presidentes, diretores e funcionários da entidade, além de analisar documentos e atas de reuniões. A autora usou também um livro anterior sobre a história da Câmara Árabe, escrito por ela mesma em 1998. “A Câmara cresceu muito em atividades, criou uma gestão muito profissional, com departamentos especializados”, aponta.
A entidade nasceu em 1952, em São Paulo, como Câmara de Comércio Sírio-Líbano Brasileira, e também se chamou Câmara de Comércio Sírio Brasileira, até adotar, em 1975, o nome atual. A maior parte da comunida árabe no Brasil é originária do Líbano e da Síria.
Para Antibas, a trajetória da instituição pode ser dividida em dois períodos diferentes, antes e depois do ano 2000. “Antes de 2000, a Câmara tinha a função importantíssima de ser a única fonte fora do governo a dar informações e divulgar dados sobre o comércio com os países árabes”, diz. “Depois de 2000, as informações aumentaram tanto que a função da Câmara passou a ser sintetizar estas informações para ajudar as pessoas a focarem em seus negócios”, explica.
Hoje, afirma a autora, além do fomento ao comércio, a instituição ganhou novos objetivos. “A Câmara está mais focada na área cultural. Ela vem apoiando mais atividades culturais e também relacionadas ao turismo, o que eu acho importante. É uma questão de passar uma imagem interessante dos povos árabes”, avalia.
Os laços políticos com os países árabes também cresceram nas últimas décadas. “A Câmara esteve junto nessa grande aproximação da política externa brasileira com os países árabes”, diz. O governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010, quando as exportações do Brasil ao mundo árabe passaram de US$ 2,76 bilhões para US$ 12,57 bilhões, um aumento de 355,5%, também marcou uma virada na história da instituição. “A Câmara cresceu junto, não só em volume de negócios, mas como entidade parceira do governo brasileiro”, ressalta.
Ela destaca atividades importantes da instituição ao longo de sua história. "As missões comerciais também foram importantes na história da Câmara. No início, na década de 70, era muito mais difícil organizá-las e, mesmo assim, a Câmara fazia estas missões. Hoje é muito mais fácil", afirma Antibas.
A comunicação é outra área que ganhou destaque dentro da instituição. “Antes não havia a ANBA (Agência de Notícias Brasil-Árabe) e a TV Câmara Árabe. A Câmara se voltou para distribuir informações importantes e mostrar uma imagem positiva dos dois lados, do Brasil para os árabes e dos árabes para o Brasil”, diz.
Entre outros fatos importantes, Antibas cita ainda um ocorrido na década de 70 e um da década de 90. “A Câmara teve um papel importantíssimo na crise do petróleo de 1973, quando ajudou o governo brasileiro a fazer tratativas com o governo do Iraque para ajudar na crise”, conta. "Outro momento relevante foi quando a Câmara Árabe entrou para a União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos países árabes, em 1992”, completa.
A autora
Formada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Silvia Antibas fez especialização em Museus na Universidade de Avignon, na França, e trabalhou como diretora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico, ligada à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
De família libanesa por parte de mãe e síria por parte de pai, ela desenvolveu um interesse especial pela história da imigração árabe no Brasil, tendo realizado várias palestras e exposições sobre o tema e se especializado em pesquisar a trajetória de diversas entidades árabes no País, como o Clube Monte Líbano, o Esporte Clube Sírio, a Liga das Senhoras Ortodoxas e a Sociedade Antioquina.
Sobre sua relação com a Câmara Árabe, ela conta que seu pai, Fatala Antibas, empresário do ramo têxtil, esteve presente às primeiras reuniões da instituição. Já o trabalho de escrever o segundo livro sobre a entidade começou em novembro do ano passado. “O livro é importante porque é um resumo de toda a história”, diz.
A obra, que está em fase de revisão, terá cerca de 180 páginas e será lançada em edição trilíngue: português, inglês e árabe. Serão impressos três mil exemplares que vão ser distribuídos à diretoria da Câmara, embaixadas, consulados e membros da comunidade árabe.
Leia abaixo um trecho da publicação sobre fatos recentes:
Em 2011, a Câmara Árabe teve que adotar atitude enérgica para enfrentar outra fase aguda da crise mundial. Apresentou números positivos, especialmente se considerarmos os desafios que foram superados em um ano de grande valorização da moeda brasileira e de movimentos sociais deflagrados em algumas nações árabes, a chamada “Primavera Árabe”. As crises econômicas nos Estados Unidos e na Europa aumentaram a cautela dos investidores, que novamente buscaram alternativas para suas estratégias de expansão e outros mercados. O agravamento da tensão nas economias desenvolvidas realçou ainda mais a importância dos mercados emergentes, reforçando assim, os laços entre o Brasil e os países árabes.
Diante dessas circunstâncias, a Câmara Árabe precisou reinventar suas estratégias para manter estável o volume de comércio entre as regiões. Intensificar o número de palestras, seminários e apresentações em diversas cidades brasileiras para mostrar o potencial de vendas da região, destacar oportunidades em outros mercados e enfatizar que, apesar das crises políticas, a atividade comercial continuava em ascensão. A promoção e a participação em eventos também foram importantes, assim como a continuidade dos encontros com líderes governamentais, políticos e diplomáticos. Os indicadores, de fato, revelam a manutenção da tendência de alta do fluxo comercial. O maior fluxo comercial comprovava que tanto governos quanto empresas dos países árabes identificaram a economia brasileira como um mercado de grande potencial. Nos últimos anos, a oferta de produtos e serviços árabes tem aumentado em inúmeros segmentos, como, por exemplo, os produtos químicos orgânicos, adubos e fertilizantes.
Imediatamente após a posse da presidente Dilma Rousseff, Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, e Fernando Pimentel, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, visitaram a sede da Câmara Árabe, reafirmando claramente o compromisso com o desenvolvimento das relações entre árabes e brasileiros.
Comemorações
Já como parte das celebrações de seus 60 anos, a Câmara Árabe lançou na sexta-feira passada um selo e um carimbo comemorativo dos Correios, em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em novembro, além do lançamento do livro, haverá um jantar comemorativo, que reunirá membros da comunidade árabe no Brasil.
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