JOSIANE COTRIM MACIEIRA
Não estaria na hora de enfrentar o desafio de estabelecer uma política consistente para o setor? Caso contrário, corremos o sério risco de na Rio+40 servirmos chá de eucalipto no coffee break . Ou caldo de cana .
Primeiramente, a informação precisa ser atualizada. Com um censo defasado, não sabemos o tamanho do nosso parque cafeeiro. Sem isso, como planejar a renovação das lavouras, investir para o aumento da produção sem aumentar a área plantada e sobretudo criar mecanismos para que o produtor seja remunerado corretamente e condições para que certificações agreguem valor a um café de qualidade, sustentável e competitivo ?
Reforçar a infraestrutura é outra tarefa essencial. O estado das estradas no meio rural é calamitoso, e o seguro rural, uma incógnita. O produtor que convive com sucessivas crises em regiões vulneráveis às mudanças climáticas cada vez mais ameaçadoras merece ter a tranquilidade que o seguro oferece .
O Brasil detém uma tecnologia avançada, mas ela não chega ao produtor e se chega, chega muito cara. Precisamos melhorar nossa transferência tecnológica muitas vezes restrita às bibliotecas universitárias. Fala-se de uma Agência Nacional do Café que promoveria uma cafeicultura nacional desatrelada que permitiria uma ação mais pontual, com os recursos liberados na hora certa, a pesquisa e a tecnologia utilizadas para intensificar a certificação,
E por que uma agência para o café? Porque o café é a segunda commodity mais comercializada no mundo, é uma cultura perene com alto índice de IDH e que emprega mão de obra como nenhuma outra. Como maior produtor do mundo, o Brasil precisa e deve conduzir uma liderança eficaz .
JOSIANE COTRIM MACIEIRA é jornalista .
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