Desses 86 anos, mais de 40 foram também dedicados à pesquisa em café
A Universidade Federal de Viçosa (UFV), instituição participante do Consórcio Pesquisa Café cujo programa de pesquisa é coordenado pela Embrapa Café, celebra, neste mês de agosto, 86 anos de existência, idade que a credencia como uma das instituições de ensino superior mais bem conceituadas do país pela qualidade do ensino, pesquisa e extensão.
Programa de Melhoramento do Cafeeiro - Na área da cafeicultura, a UFV foi pioneira no estudo da biologia e do controle da ferrugem do cafeeiro. Um dos objetivos era a obtenção de cultivares portadores de resistência genética a Hemileia vastatrix Berk et Br, o agente causal da ferrugem. Para atingir esse objetivo, o Departamento de Fitopatologia (DFP) da UFV introduziu em 1970/71, do Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) localizado em Oeiras – Portugal, uma vasta coleção de germoplasma de café principalmente do Híbrido de Timor, portador de fatores de resistência a H. vastatrix e outras características de interesse agronômico. Em 1974, o programa da UFV se associou à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - Epamig. Como resultado dessa associação, utilizando-se como fonte de resistência o germoplasma Híbrido de Timor, foram lançadas pela Epamig em parceria com a UFV oito cultivares de café resistentes à ferrugem:
Oeiras MG 6851 (1999) – Desenvolvida pelo método genealógico a partir do híbrido CIFC HW 26/5, resultante do cruzamento entre Caturra Vermelho (CIFC 19/1) e Híbrido de Timor (CIFC 832/1). Características: A maioria dos cafeeiros apresenta resistência parcial às raças de Hemileia vastatrix Berk et Br., que prevalece nas regiões produtoras de Minas Gerais. Porte baixo, copa de formato cônico, brotos de cor bronze, fruto vermelho, sementes graúdas ligeiramente alongadas e maturação uniforme. Indicada para regiões de Minas Gerais de elevada altitude do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Sul de Minas e Zona da Mata.
Paraíso MG H419-1 (2002) – Derivada do cruzamento artificial da cultivar Catuaí Amarelo IAC 30 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 445-46. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, altura média de 1,95cm aos 72 meses, produtividade semelhante à da cultivar Catuaí Vermelho IAC 99, em condições de lavoura comercial.
Pau-Brasil MG1 (2004) – Derivada da hibridação artificial entre a cultivar Catuaí Vermelho IAC 141 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 442-34. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, elevado vigor vegetativo, arquitetura adequada para colheita manual e mecânica, porte baixo e elevada produtividade. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo de café.
Sacramento MG1 (2004) – Derivada da hibridação artificial entre a cultivar Catuaí Vermelho IAC 81 e a seleção de Híbrido de Timor UFV 438-52. Características: Alto nível de resistência à ferrugem, elevado vigor vegetativo e boa capacidade produtiva, com destaque para a precocidade da capacidade produtiva inicial. Folhas novas de cor verde ou bronze, frutos de cor vermelha, porte baixo e ramos bastante compridos. Indicada para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo de café.
Araponga MG 1 (2004) - Derivada da hibridação artificial entre Catuaí Amarelo IAC 86 e Híbrido de Timor UFV 446-08. Características: produtividade ligeiramente superior ao Catuaí Vermelho IAC 44 e altura e diâmetro da copa um pouco superior ao Catuaí. Possui alto vigor vegetativo. Os brotos terminais são verdes, com tonalidade levemente bronzeada quando muito jovens. Os frutos são vermelhos, com ciclo de maturação médio, sermelhante AP Catuaí. Tem apresentado bom desempenho nas principais regiões cafeeiras do Estado de Minas Gerais.
Catiguá MG 1, MG 2 (2004) e MG 3 (2006) – Derivadas de cruzamento artificial entre Catuaí Amarelo IAC 86 e uma planta de Híbrido de Timor registrada como UFV 440-10. Características: As três são resistentes à ferrugem e a Catiguá MG3 também apresenta resistência ao nematoide Meloidogyne exigua. Têm folhas ligeiramente lanceoladas e formam um ângulo agudo em relação ao ramo (espinha de peixe). Os frutos maduros têm coloração vermelha intensa. A Catiguá MG2 apresenta bebida de excelente qualidade. Indicadas para as regiões cafeeiras do Brasil aptas para o cultivo do Coffea arabica.
Mais contribuições para o Banco de Germoplasma - Novas introduções foram efetuadas no Banco de Germoplasma de Café da UFV ao longo do tempo. Em 2006, por exemplo, 1.036 acessos foram plantados em nova área no Banco de Germoplasma, em área experimental do Departamento de Fitotecnologia/UFV, incluindo vários acessos de Coffea arabica das variedades Bourbon Vermelho, Bourbon Amarelo, Sumatra, San Ramon, Caturra, Goiaba, Amarelo de Botucatu, Laurina, São Bernardo, Típica, Pacas, Vila Lobos, Geisha, e outros. Vários acessos de Híbrido de Timor, Catimor, Sarchimor, Cachimor, Cavimor e Catindu foram também plantadas neste local, para preservar esta importante variabilidade genética. Também foram realizados cruzamentos com variedades tradicionais como Catucaí Vermelho e Amarelo e Mundo Novo.
Tecnologias para preparo, secagem e armazenamento de grãos - São alternativas tecnológicas para oferecer, a custos compatíveis, uma infraestrutura mínima para que, independentemente das condições climáticas, o cafeicultor possa produzir café de qualidade superior, com economia de tempo, redução de custos e mão-de-obra empregada e maior rendimento operacional.
O sistema de secagem apresenta como principais características a simplicidade, o baixo custo de implantação e maior eficácia de secagem e armazenagem dos grãos, permitindo um salto de qualidade para que o pequeno produtor brasileiro possa participar no concorrido mercado nacional e internacional. O sistema se adapta um dispositivo de ventilação de ar aquecido por uma fornalha, de baixo custo e que funciona a carvão vegetal, a um terreiro convencional. Denominado terreiro-secador, esse sistema resulta em redução de custos e da área necessária à secagem, permitindo ainda, o controle do processo e a proteção contra chuvas e deterioração do produto.
Para facilitar a separação das impurezas trazidas junto com a colheita, há a abanadora com acionamento manual, que deixa ainda na lavoura boa parte das impurezas, além de reduzir o esforço físico e a insalubridade, quando comparada com o processo convencional. É uma máquina simples, de baixo custo e acessível ao pequeno produtor. O equipamento é constituído por um grupo de duas ou três peneiras montadas de tal forma a separar materiais estranhos (folhas, paus e torrões) da massa de cerejas, e também a massa composta por finos, terra, grãos imaturos, quebrados, descascados e grãos pequenos. O uso da máquina implica em significante redução na mão-de-obra e de custos.
Consórcio Pesquisa Café - Tendo por base a sustentabilidade, a qualidade, a produtividade, a preservação ambiental, o desenvolvimento e o incentivo a pequenos e grandes produtores, com responsabilidade social e ambiental, participam atualmente do Consórcio as dez instituições fundadoras - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastevimento (Mapa), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) - e outras 40 instituições de pesquisa, ensino e extensão. As pesquisas estão concentradas nas áreas de melhoramento genético, biotecnologia, segurança alimentar, otimização do sistema produtivo, manejo integrado de pragas e doenças, cafeicultura irrigada, zoneamento climático, colheita e pós-colheita, aperfeiçoamento de processos e desenvolvimento de equipamentos.
As pesquisas do Consórcio Pesquisa Café contam com o apoio e o financiamento do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa.
Gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café
Texto: Flávia Bessa – MTb 4469/DF e Cristiane Vasconcelos - MTB 1639/CE
Fone: (61) 3448-1927
Site: www.embrapa.br/cafe
www.consorciopesquisacafe.com. br
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