domingo, 5 de agosto de 2012

VAMOS HOMENAGEAR RAUL SAMPAIO?


Marilene De Batista Depes5 de Agosto de 2012 13:23
Há dois anos temos, eu e jornalista Regina Monteiro, o privilégio de entrevistar Raul Sampaio no Programa “Entre Elas”. E eu, de trazê-lo de carona de Marataízes para Cachoeiro. O primeiro contato é com um Raul preocupado com a sua aparência, se está condizente com a ocasião. E daí para frente é só o prazer de ouvi-lo contando as histórias da sua vida. E quantas histórias. Vontade de parar o carro e ficar ouvindo-o para sempre.
Somos vizinhos do casal Raul e Morena em Marataízes. Certa vez, Morena estando adoentada, fui fazer-lhe uma visita. Nós duas pouco falamos, quem ocupou o espaço foi Raul mostrando “relíquias” do acervo da sua vida artística. O interessante que ele não fala de fatos passados com espírito narcísico. Raul simplesmente possui uma história de vida interessantíssima, a humildade é uma das suas características, talvez destacada por uma grande timidez.
A sua presença é simples e natural no meio dos muito amigos na “Catedral do Samba”, em Marataízes, um bar onde se reúnem boêmios do século passado que já não possuem pique para as noitadas e se encontram todos os dias às 11h. Entre eles, Raul continua compondo e cantando suas lindas melodias.
Termino de ler a Biografia de Raul Sampaio escrita por Evandro Moreira e Paulo Luna. Interessante que a sensação que tive, ao terminar a leitura é a mesma que tenho há bastante tempo: Cachoeiro de Itapemirim ainda deve a Raul Sampaio a consideração e reconhecimento que ele merece. Em Conservatória, a cidade da Seresta, o nome de Raul Sampaio é reverenciado. E em Cachoeiro, a sua cidade, pouco se fez por ele até hoje. Apesar de seu biógrafo considerar que ele recebeu muitas homenagens de sua cidade natal, considero que, com exceção do título de Cachoeirense Ausente, elas estão aquém do mérito do homenageado.
Raul Sampaio compôs centenas de músicas, é um dos poucos compositores que faz música e letra. Suas composições foram gravadas pelos maiores cantores brasileiros e nos ritmos mais variados, sambas-canção, boleros, sambas, marchinhas de Carnaval, valsas, baiões, sua obra é muito diversa, porém o destaque dela é o romantismo. E destacou-se também como cantor. Recebeu o título de Cachoeirense Ausente em 1969, e sua música, declaração de amor à sua terra,“ Meu pequeno Cachoeiro”, foi instituída o Hino Oficial da cidade.
Na sua simplicidade Raul garante que a maior homenagem que um compositor recebe é ouvir suas canções sendo cantadas por grandes intérpretes. Essa ele já recebeu. Mas a homenagem maior ainda não foi feita a Raul Sampaio. Algo que o imortalize de fato enquanto ainda está vivo, que leve todas as gerações a reconhecerem quem foi e quem é esse grande homem, grande compositor, emotivo e plenamente envolvido em suas composições e com a vida.
Raul Sampaio é unanimidade. Neste ano, ao ser homenageado no programa de Rolando Boldrin, chorou e fez muita gente chorar de emoção. É por tudo isso que sugiro uma estátua de Raul Sampaio tocando violão, em tamanho natural, sentado num dos bancos da Praça Jerônimo Monteiro. E uma placa com o seu nome e um trecho da música louvor à sua terra: “Eu passo a vida recordando, que tudo quanto aí deixei...”
Será que é muito oneroso para o Poder Público proporcionar essa homenagem? Será que alguma grande empresa ou um grupo de empresários assumiria esse compromisso?
É apenas uma sugestão. Que poderia redimir uma enorme injustiça que se faz.
Marilene De Batista Depes rmdepes@terra.com.br

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