Quando não está grudado na frente de seu computador, Stefan Cornea, 18, assiste na televisão a filmes de terror.
Mirel Bran
Mirel Bran
Bandeira oficial da Romênia
Esse estudante de Bucareste está cansado da política, da Romênia e da vida em geral. "Não tem nada para fazer aqui", ele diz, em um tom desiludido. "Era melhor antes. Meus pais me contaram como era". Antes, no caso, era a época da ditadura de Nicolae Ceausescu, destituído em dezembro de 1989, quatro anos antes do nascimento de Stefan. Ele ainda não era nascido quando o Conducator mergulhou a Romênia em uma das piores autocracias comunistas, mas tem certeza de que nos tempos do "Gênio dos Cárpatos" tudo era melhor.
O jovem Stefan não é um caso isolado na Romênia. Se a geração da terceira idade sente nostalgia dos “bons e velhos tempos”, os jovens romenos sentem a de um passado que eles não viveram. O estudo “Participação cívica e política dos jovens”, efetuado pela fundação Soros em Bucareste e publicado na terça-feira (18), traz um surpreendente retrato da jovem geração romena.
“Dois terços dos adolescentes afirmam que era melhor na época do comunismo, principalmente porque se respeitava mais a lei”, afirma Ovidiu Voicu, o coordenador desse estudo. “Eles não confiam nem na democracia, nem na economia de mercado e rejeitam a ideia de um chefe autoritário”. 23 anos após a queda do regime comunista e cinco anos após a adesão à União Europeia (UE), a Romênia tem encontrado dificuldades para virar a página do passado. A instabilidade política, a crise econômica e líderes nem sempre à altura mergulharam os jovens romenos em um profundo mal-estar.
Em vez de buscar referências no futuro, eles preferem se voltar para um passado que não viveram, mas que os fascina. “Sinceramente, não entendo, é absurdo”, se revolta Mugur Ionascu, um aposentado que sofreu a repressão da Securitate, a polícia secreta da ditadura. “Eles não fazem ideia do que vivemos na época. Posso entender que as pessoas de minha idade sintam falta da chamada segurança social do antigo regime, mas se os jovens começarem a adorar Ceausescu, isso quer dizer que fracassamos, que passamos pela prisão por nada”.
O mal-estar da juventude romena se ampliou com a crise política que abalou o país durante o verão. O conflito agudo entre o primeiro-ministro socialista Victor Ponta e o presidente de centro-direita Traian Basescu persuadiu boa parte dos jovens de que os dirigentes não se interessavam por seus problemas.
O governo socialista, que chegou ao poder em maio, teve em cinco meses quatro ministros da Educação, e as escolas abriram este ano com uma semana de atraso. A revelação de que o primeiro-ministro plagiou sua tese de doutorado abalou um pouco mais a credibilidade dos dirigentes junto aos jovens. “Na época de Ceausescu, isso seria motivo de prisão por roubo intelectual”, se indigna Stefan. “Hoje, é sempre o mais forte que vence, pouco importa o que ele tenha feito. Somente os pobres respeitam a lei, os outros fazem o que bem entendem”.
O estudo da fundação Soros também destaca que 47% dos jovens entre 14 e 18 anos consideram que o sistema de ensino atual é pior do que o da época comunista e que 46% não têm nenhuma confiança no sistema de saúde. Dois terços dos jovens gostariam de nunca cruzar com ciganos, a minoria mais discriminada do país.
Sem perspectivas de futuro, eles sonham em partir para a Europa Ocidental, onde de 2 a 3 milhões de seus compatriotas encontraram trabalho e renda. “A sociedade romena se esquece do mal que o comunismo causou e se projeta na lembrança de uma utopia”, explica Ovidiu Voicu. “É esse esquecimento que pode fazer com que jovens se tornem vítimas de um demagogo que queira explorar essa nostalgia”.
O jovem Stefan não é um caso isolado na Romênia. Se a geração da terceira idade sente nostalgia dos “bons e velhos tempos”, os jovens romenos sentem a de um passado que eles não viveram. O estudo “Participação cívica e política dos jovens”, efetuado pela fundação Soros em Bucareste e publicado na terça-feira (18), traz um surpreendente retrato da jovem geração romena.
“Dois terços dos adolescentes afirmam que era melhor na época do comunismo, principalmente porque se respeitava mais a lei”, afirma Ovidiu Voicu, o coordenador desse estudo. “Eles não confiam nem na democracia, nem na economia de mercado e rejeitam a ideia de um chefe autoritário”. 23 anos após a queda do regime comunista e cinco anos após a adesão à União Europeia (UE), a Romênia tem encontrado dificuldades para virar a página do passado. A instabilidade política, a crise econômica e líderes nem sempre à altura mergulharam os jovens romenos em um profundo mal-estar.
Em vez de buscar referências no futuro, eles preferem se voltar para um passado que não viveram, mas que os fascina. “Sinceramente, não entendo, é absurdo”, se revolta Mugur Ionascu, um aposentado que sofreu a repressão da Securitate, a polícia secreta da ditadura. “Eles não fazem ideia do que vivemos na época. Posso entender que as pessoas de minha idade sintam falta da chamada segurança social do antigo regime, mas se os jovens começarem a adorar Ceausescu, isso quer dizer que fracassamos, que passamos pela prisão por nada”.
O mal-estar da juventude romena se ampliou com a crise política que abalou o país durante o verão. O conflito agudo entre o primeiro-ministro socialista Victor Ponta e o presidente de centro-direita Traian Basescu persuadiu boa parte dos jovens de que os dirigentes não se interessavam por seus problemas.
O governo socialista, que chegou ao poder em maio, teve em cinco meses quatro ministros da Educação, e as escolas abriram este ano com uma semana de atraso. A revelação de que o primeiro-ministro plagiou sua tese de doutorado abalou um pouco mais a credibilidade dos dirigentes junto aos jovens. “Na época de Ceausescu, isso seria motivo de prisão por roubo intelectual”, se indigna Stefan. “Hoje, é sempre o mais forte que vence, pouco importa o que ele tenha feito. Somente os pobres respeitam a lei, os outros fazem o que bem entendem”.
O estudo da fundação Soros também destaca que 47% dos jovens entre 14 e 18 anos consideram que o sistema de ensino atual é pior do que o da época comunista e que 46% não têm nenhuma confiança no sistema de saúde. Dois terços dos jovens gostariam de nunca cruzar com ciganos, a minoria mais discriminada do país.
Sem perspectivas de futuro, eles sonham em partir para a Europa Ocidental, onde de 2 a 3 milhões de seus compatriotas encontraram trabalho e renda. “A sociedade romena se esquece do mal que o comunismo causou e se projeta na lembrança de uma utopia”, explica Ovidiu Voicu. “É esse esquecimento que pode fazer com que jovens se tornem vítimas de um demagogo que queira explorar essa nostalgia”.
Tradutor: Lana Lim
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