Para conhecer o "verdadeiro nível de desenvolvimento da China", é necessário, segundo Liu Shijin, vice-diretor do Centro de Pesquisas sobre Desenvolvimento do Conselho do Estado, levar em conta que o consumo per capita - US$ 1.306 em 2009 - alcança apenas 4% do americano e 5,5% do japonês, apesar de a economia chinesa ter ultrapassado a de seu vizinho em 2011.
Georgina Higueras
Georgina Higueras

O vice-presidente da China, Xi Jinping (à direita), é seguido pelo vice-premiê, Li Keqiang (centro), ao chegar ao Monumento aos Heróis durante cerimônia que marca o Dia Nacional da China na praça Tiananmen, em Pequim
Se tudo correr como previsto, durante o congresso subirá ao poder a quinta geração de dirigentes chineses, encabeçada por Xi Jinping, que ocupará o lugar de Hu Jintao no Comitê Permanente do Birô Político, o órgão máximo do poder na China e onde se senta sua direção colegiada, que na atualidade é formada por nove homens, embora não se descarte uma redução para sete membros.
Hoje, em meio a uma nova crise global, é preciso conter esses efeitos indesejados do plano de estímulo. Os novos dirigentes não terão remédio senão ser mais seletivos em seus investimentos e ter um maior controle das autoridades locais se quiserem continuar avançando sem aguçar os desequilíbrios sociais. A China já teve sérios problemas ao longo de sua história com os barões regionais, e os novos dirigentes terão de fazer grandes esforços para que os atuais remem na direção dos interesses de Pequim.
Os sinais de cansaço com a atual política econômica entre o 1,35 bilhão de habitantes do país também são evidentes. Foi inclusive o que reconheceu Wen Jiabao, o promotor dessa política, durante uma viagem à província de Jiangsu em julho passado. Wen falou então da necessidade de um "investimento estabilizador", que enfatize o consumo interno e que transforme o bem-estar do cidadão em objetivo prioritário.
Li Keqiang, 57, que em novembro ocupará o lugar de Wen no Comitê Permanente, também se transformará em primeiro-ministro em março próximo, durante o plenário da Assembleia Popular Nacional em que Xi Jinping assumirá a presidência da República Popular.
Vice-primeiro-ministro desde 2008, a ninguém escapa que Li, como braço-direito de Wen, também é responsável pelo esgotamento do modelo atual. Entretanto, os especialistas salientam que não hesitará em cortar os laços com seu antecessor quando sentir que tem as mãos livres para empreender a transformação que deverá marcar a década de seu governo. Da mesma maneira que Hu e Wen se desfizeram da herança política de seus antecessores, Jiang Zemin e Zhu Rongji.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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