quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Café a toda prova - Algumas das marcas mais vendidas são de baixa qualidade





Em degustação às cegas, especialistas avaliam as dez marcas de café mais vendidas em três supermercados de São Paulo, apontam as melhores e as piores, e dão dicas sobre como comprar e como avaliar a qualidade da bebida
LUIZA FECAROTTA
DE SÃO PAULO
O cafezinho nosso de cada dia é de baixa qualidade e de amargor acentuado. Foi essa a conclusão unânime a que três especialistas chegaram depois de provar às cegas as dez marcas de cafés mais vendidas em três supermercados de São Paulo, a convite daFolha.
Os rótulos foram pinçados a partir do ranking fornecido pelo Pão de Açúcar, pela Casa Santa Luzia e pelo Empório Santa Maria -não há um levantamento oficial. São eles: Origem Brasil, Santo Grão, Café do Ponto (foi provado o Cafeterie), Bravo, Floresta, Pilão, Mellita, Pelé, 3 Corações e Caboclo.
Para o júri, formado por Silvia Magalhães, gerente da Italian Coffee, Caio Alonso Fontes, editor da revista "Espresso", e Gelma Franco, diretora da Associação Brasileira de Café e Barista, os cafés mais bem avaliados exibiram notas cítricas e frutadas, doçura, corpo, frescor.
É o caso do Origem Brasil, que teve a nota mais alta (7,8 pontos). Nele, foram identificadas notas achocolatadas e "acidez prazerosa".
O amargor, por outro lado, apareceu, com persistência -sempre identificado por
todos os especialistas-, nas marcas mais mal avaliadas. Servem de exemplo o Caboclo, último colocado (com 3 pontos), o 3 Corações e o Pelé, que vieram em seguida, com 3,8 pontos.
Mas por que, então, o brasileiro ainda compra café amargo, mesmo com o crescimento da oferta de opções gourmets nas gôndolas de supermercado?
De acordo com a última pesquisa da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), feita em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o fator determinante na compra de um rótulo é a marca a que o consumidor está habituado.
Isso ajuda a explicar a resistência à chegada de cafés gourmet, de melhor qualidade. Neste caso, outro fator é o preço: os cafés gourmet podem ser até quatro vezes mais caros que os tradicionais.
No entanto, a mesma pesquisa, realizada para identificar as tendências do consumo de café e o perfil do mercado de consumidores no Brasil, também demonstra que há um aumento de pessoas dispostas a pagar mais por um produto melhor -45% dos consumidores, em 2010, contra 34% em 2008.
"Nossa referência é o café ruim", diz Gelma Franco. Caio Fontes explica que a torra extraforte "mata todos os aspectos positivos do café, como sabor, aroma e acidez...".
Para ele, o consumidor deve "aproveitar a oportunidade de fazer do hábito de tomar café um momento mais prazeroso", sem ficar preso aos hábitos tradicionais.
"A escolha do café é ditada pela educação, pelos hábitos e pelo estilo. É como a escolha de um vestido ou de um terno", diz Kenneth James em "Escoffier - O Rei dos Chefs" (ed. Senac), a biografia do chef Auguste Escoffier (1846-1935), um dos mais importantes cozinheiros da França.
Para auxiliar o consumidor a arriscar mais na hora da compra e procurar alternativas mais bem avaliadas, experts dão dicas do que fazer diante de uma gôndola de supermercado, abarrotada de embalagens de café.
Fonte: Folha de São Paulo

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