A Alemanha está resistindo à crise econômica da Europa relativamente bem em comparação a seus vizinhos do sul. No entanto, a prosperidade parece estar deixando para trás uma grande parcela da população do país, como concluiu um estudo recente, segundo o qual a pobreza urbana está crescendo a um ritmo alarmante no país.
Der Spiegel
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Menos beneficiários da rede de bem-estar social igual a mais pobreza
Os autores do estudo usaram dados do “micro-censo”, realizado pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha, e os compararam com o número de pessoas que recebem seguro-desemprego de longo prazo. Isso foi feito para incluir aqueles que vivem na pobreza e que “não solicitam benefícios sociais por vergonha ou por outros motivos”, escreveram eles.
O ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi renunciou em novembro de 2011. Ele não resistiu no cargo em meio à crise econômica que assola a Itália, e foi substituído por Mario Monti
Eles descobriram que, na maior parte das grandes cidades, assim como em todo o país, a parcela de beneficiários da rede de bem-estar social diminuiu. No entanto, ao mesmo tempo, a taxa de pobreza nas cidades tem aumentado muito nos últimos anos – saltando de 17,5% em 2005 para 19,6% em 2011, percentual bem superior à média nacional. Eles também descobriram que entre 20% e 25% de todas as pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza residem em seis cidades: Leipzig, Dortmund, Duisburg, Hannover, Bremen e Berlim.
A pobreza parece estar em alta acentuada em algumas cidades alemãs, segundo o estudo, cujas conclusões ressaltam que é especialmente desconcertante o fato de isso ter acontecido apesar de o desemprego ter diminuído. O levantamento sugere que o aumento do número de empregos com baixos salários em um país que não tem um salário mínimo nacional pode explicar o aparente paradoxo – pois o quadro aponta, especificamente, para o fato de que alguns desses empregos desqualificam o empregado de receber benefícios sociais, apesar de esses postos de trabalho não pagarem salários que permitam arcar com a subsistência.
Cidades do sul da Alemanha têm taxas de pobreza mais baixas
Os pesquisadores encontraram a maior taxa de pobreza urbana na cidade de Leipzig, localizada na antiga Alemanha Oriental. Apesar de ter alcançado os 25% em 2011, o percentual ainda está abaixo de seu pico, de 27,2%, registrado em 2009.
As taxas foram igualmente ruins em duas cidades da região do Ruhr ocidental, que foram devastadas pelo declínio da indústria de carvão alemã. A pobreza em Dortmund ficou atrás apenas da de Leipzig, em 24,2%. Essa taxa foi seguida pelo percentual de Duisburg – localizada nas redondezas de Leipzig –, que registrou 23,5%. Esses resultados representam um aumento de cerca de 33% nas taxas de pobreza desde 2005, o que levou os pesquisadores a argumentar que essas cidades não estão enfrentando apenas um aumento na desigualdade social, mas também um empobrecimento generalizado.
No extremo oposto da escala estão as quatro grandes cidades que registraram taxas de pobreza quase iguais ou abaixo da média nacional – Munique, Stuttgart, Hamburgo e Frankfurt. Munique, capital da Baviera, o estado mais próspero da Alemanha, teve, de longe, a taxa de pobreza mais baixa (pouco menos de 12%), enquanto a capital econômica da Alemanha, Frankfurt, ficou um pouco acima da média nacional, com 15,6%.
As taxas de pobreza dos países são difíceis de comparar, mas a Eurostat, agência de estatísticas da Europa, registra dados referentes à classificação mais ampla de pessoas “em risco de pobreza ou exclusão social”. Em 2011, na Alemanha, essa taxa ficou em 19,7%, abaixo da média da União Europeia, de 23,2%. A Suécia registrou um dos percentuais mais baixos, com 16,3%, enquanto a Grécia alcançou os 30,1%. O Departamento de Recenseamento dos Estados Unidos informou que, em 2010, a taxa de pobreza norte-americana ficou em 15,1%.
Tradutor: Cláudia Gonçalves
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