terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Compositor brasileiro Arthur Kampela é destaque no festival Ultraschall em Berlim


Im Bild zu sehen ist der brasilianische Komponist Arthur Kampela in Berlin.
Copyright: unsere freie Mitarbeiterin Clarissa Neher.

CULTURA

Compositor brasileiro Arthur Kampela é destaque no festival Ultraschall em Berlim

Durante o festival de música contemporânea, Kampela encantou o público alemão com bossa nova e samba. Em seus estudos de percussão para violão, o músico criou novas técnicas e se tornou uma referência mundial.
O compositor e violonista brasileiro Arthur Kampela foi uma das principais atrações na edição deste ano do Festival de Música Contemporânea Ultraschall, que começou no dia 17 e vai até dia 27 de janeiro em Berlim. "Kampela compõe uma forma de música contemporânea que não existe na Europa, são obras influenciadas pelo samba e pela bossa nova", disse o organizador do evento, Rainer Pöllmann, em entrevista à DW Brasil.
Kampela é um dos grandes nomes da música contemporânea atual e já escreveu peças para a Orquestra Filarmônica de Nova York. Sua carreira começou no Rio de Janeiro, onde ele estudou música. Na década de 1990, o compositor ganhou uma bolsa para fazer mestrado na Manhattan School of Music em Nova York e depois doutorado na Columbia University, onde hoje dá aulas de composição.
Atualmente, o músico é bolsista do programa para artistas do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD, na sigla em alemão). Pelo programa, artistas do mundo inteiro têm a possibilidade de viver um ano em Berlim e se inspirar na cidade para produzir novos trabalhos.
Estilos variados
"Pela primeira vez em muitos anos eu pude me concentrar e só fazer o que eu tenho que fazer", contou Kampela em entrevista à DW Brasil. Em Berlim, o compositor escreveu a peça B, que estreou em julho de 2012 em Darmstadt.
As obras do artista são variadas. Além da música contemporânea, Kampela compõe bossa nova e samba. Para ele, a música contemporânea e a música popular brasileira possuem muito em comum. "A música popular era, para mim, uma maneira de diálogo com o mundo contemporâneo e abriu a perspectiva para eu pensar em sons. Ao mesmo tempo em que descobri Jobim, Caetano, Chico Buarque, quando era garoto, também descobri Stravinski e a música clássica em geral. Em ambas, eu podia ter ideias criativas", disse o compositor.
Tanto nos seus trabalhos contemporâneos como nos populares é possível perceber sua assinatura. "A ideia de subversão está presente em todas as minhas obras. Por exemplo, nas minhas últimas bossas eu repenso a batida da bossa nova em compassos assimétricos", explicou Kampela.
O Brasil e sua cultura são pontos de referência fundamentais. Assim, a literatura brasileira é fonte de inspiração para o compositor, que em muitas de suas obras procura construir um diálogo entre essas duas formas de arte.
"Percussions Studies"
Além de compositor, Kampela é um excelente violonista. Sua série Percussions Studies para violão o tornaram conhecido mundialmente. "O violão definiu meu estilo de compor. Quando eu toco o violão, não estou só tocando, mas exercendo o meu ser, funciona como uma explicação de quem eu sou", contou o músico.
Um dos diferenciais dos seus estudos de percussão é a transferência de técnicas de violão para outros instrumentos, como a viola. "Eu queria trazer a minha técnica para outro contexto morfológico. É a reinvenção da função do instrumentalista e a reinvenção do instrumento", definiu Kampela.
Em maio, sua peça Uma faca só lâmina será tocada pela primeira vez por completo em Nova York. O quarteto de cordas, baseado no poema de João Cabral de Melo Neto, foi escrito há 13 anos como peça de conclusão de seu doutorado, e pela complexidade e dificuldade, a primeira e a segunda partes nunca haviam sido tocadas num mesmo concerto.
Além disso, Kampela está escrevendo uma peça para o Collegium Novum Zürich e para a edição de 2014 do festival de música contemporânea MaerzMusik.
Autora: Clarissa Neher
Revisão: Francis França

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