A cinco quilômetros do centro de Gaspé, a mil quilômetros a nordeste de Montreal, um guindaste de 30 metros de altura acaba de ser instalado pela companhia Pétrolia em uma área desmatada da floresta coberta de neve. É aqui, na região de Gaspésie, no sítio de exploração Haldimand 4, que Quebec poderá conseguir sua entrada no clube dos produtores de petróleo.
Anne Pélouas
Anne Pélouas
Mulher joga geleia no rosto para protestar contra a exploração de óleo derivado de petróleo no Canadá, em manifestação realizada em Viena, na Áustria
Mas Quebec decretou em abril de 2012 uma moratória da fratura hidráulica. Obter uma autorização para tal sondagem seria, portanto, muito problemático. E a população se alarma com os riscos de poluição associados a essa tecnologia polêmica.
Em sua casa sobre o belo banco de areia de Sandy Beach, diante de Forillon, a joia dos parques canadenses em Quebec, a professora Lise Chartrand está desolada: "Eu vim morar em um lugar idílico, mas o projeto Haldimand destrói esse sonho". À frente do comitê Juntos para o Futuro Duradouro do Grand Gaspé, que quer proibir a exploração petrolífera no território da cidade, ela teme o pior: contaminação do lençol freático, poluição com metano, poluição dos rios, incerteza sobre o destino das lamas de sondagem...
Com uma prospecção a 350 metros da primeira moradia do lugar, em vezes dos 100 metros exigidos pela regulamentação, a Pétrolia estima que está fazendo as coisas direito. Os riscos de contaminação do lençol freático são "realmente mínimos", garante sua vice-presidente: "Nós encomendamos estudos sobre a água, realizamos uma sessão pública de informação e tentamos reduzir as substâncias irritantes".
"Se há um risco, é melhor se abster", afirma Chartrand, para quem a Pétrolia poderia fragilizar o ecossistema da baía de Gaspé, na qual desembocam três rios com famosos salmões, baleias em sua foz e uma importante, mas frágil colônia de gansos-patola a menos de cem quilômetros.
O prefeito, François Roussy, também cuida da imagem de sua cidade, o berço da América francesa, onde Jacques Cartier plantou sua primeira cruz em nome da França em 1534. Decididamente contra uma exploração petrolífera em área habitada, ele critica a lei provincial sobre as minas, "completamente ultrapassada", que permite a operação da Pétrolia.
"Eu posso proibir um parque eólico, mas não uma instalação de petróleo", ele comenta, empunhando sua nova arma: "Um regulamento municipal sobre a água potável, cuja proteção é minha responsabilidade". Recém-aprovado, ele proíbe a introdução no solo, por prospecção ou outro processo físico, de substâncias capazes de modificar a qualidade da água subterrânea ou de superfície.
O prefeito "não tem o poder de impedir a aplicação da lei sobre as minas", responde Proulx, apoiada por um grupo de homens de negócios e cidadãos "pró-petróleo". O deputado local Gaétan Lelièvre, ministro delegado às regiões no governo do Partido de Quebec, eleito em setembro de 2012, estima por sua parte que existe "urgência em modernizar essa velha lei" que dá poderes demais à indústria do petróleo.
O governo de Quebec enviou três ministros na semana passada a Gaspé para tentar acalmar o jogo, enquanto a Pétrolia ameaça deter todo desenvolvimento na região se não obtiver ganho de causa. Por enquanto, sua sonda continua muda.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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