sábado, 23 de fevereiro de 2013

Amigos ajudam na cura


Caro leitor, quando Gerard B. perdeu a esposa aos 40 anos verificou que tinha poucos amigos.

Jean-Marc Dupuy
Após anos de dedicação a sua carreira e a sua família, o medico achou-se isolado no mundo. "De repente, quando minha mulher desapareceu, eu compreendi em que ponto de isolamento me encontrava" reconheceu ele. "Eu me inscrevi num curso de dança de salão, mas em lugar de procurar uma mulher, tentava aproximar-me de homens".
O luto, a doença, as hospitalizações são momentos carregados de emoções, que podem proporcionar momentos de estreitamento de nossas amizades. Estas podem desempenhar papel crucial na recuperação do equilíbrio pessoal, pois os pacientes que desfrutam do apoio de um círculo de amizades se recuperam mais depressa que os demais (1).
Se alguém não ficar atento, pode também chegar à conclusão de que não há ninguém em quem confiar num momento em que acima de tudo a amizade, o apoio e o calor humanos se tornam indispensáveis.
O risco do envelhecimento
A Dra. Laura L. Cartensen, professora de psicologia do Centro de Longevidade de Stanford, na Califórnia, observa que a amplitude das relações sociais tende a reduzir-se à medida que a idade avança, no entanto os laços se reforçam com as pessoas próximas.
Ela assevera que não seríamos portadores de um despertador biológico que dispara ao atingimos os 30 anos de idade. Ele nos faria lembrar que o tempo corre celeremente, e é chegada a hora de cessar explorações em todas as direções, para que nos concentremos nas pessoas conhecidas já pertencentes ao nosso círculo de amigos desde a infância, a juventude e a vida familiar.
"Você tende a concentrar-se no que lhe é mais importante emocionalmente, já não se empenha em comparecer à festinha do bairro e prefere ficar com as crianças". (2)
Mas, então, corre-se o risco de perder o contato com relações mais afastadas, restringindo-se somente a reduzido número de amizades intimas.
Três condições para fazer amigos
Depois dos 50 anos, os sociólogos apontam três condições indispensáveis para fazer amigos (3):
1. Proximidade;
2. Interações repetidas e imprevistas;
3. Ambiente que estimule os indivíduos a "baixarem a guarda" e a confiar uns nos outros.
É a razão pela qual frequentemente se fazem amigos por toda vida durante os estudos. Hoje em dia, torna-se cada vez mais difícil reunir estas condições. O principal lugar para a socialização é o ambiente do trabalho. No entanto, nas grandes empresas e nas administrações, rivalidades e problemas hierárquicos impedem o surgimento de amizades genuínas. A fim de avançar na carreira profissional, percebe-se como ponto vital o empenho em dissimular estes pontos fracos e as sensibilidades por eles geradas. O relacionamento entre colegas de trabalho tem dimensão utilitária que torna difícil medir onde cessa o interesse e onde começa a amizade.
As diferenças de status profissional e de renda complicam ainda mais as coisas. Um obstáculo real pode fixar-se entre dois amigos de infância quando um deles faz bela carreira, enquanto o outro se afadiga para fechar a conta no fim do mês.
Amor e amizade
Que os amigos se reconheçam como tal ou não, existem entre eles ligações afetivas próximas, e às vezes de amor.
A amizade pode surgir tão rápido quanto um raio. Encontra-se alguém por acaso, e a reação química se produz instantaneamente. Riem-se das mesmas coisas, apreciam os mesmos filmes e a mesma música. Antes de terminar o primeiro copo juntos, cada um encerra as frases do outro. Tal qual no amor, não se dá conta do fluir das horas e tudo que nos envolve põe-se a cintilar. Um nada alegra-nos, você se torna caloroso e gracioso com todo mundo, as dores e dificuldades, por mais pesadas sejam elas instantes atrás, parecem agora secundárias. Desde já, juntos, arquitetam-se projetos e nenhum obstáculo parece insuperável.
Quando reflito sobre minhas grandes amizades, vejo que as iniciadas subitamente "como um raio". São as mais duradouras, independentemente do correr do tempo, da distância, do casamento e dos filhos. Meu melhor amigo, Eric, vive em Toulouse e nós nos conhecemos faz trinta anos. Ele passou por graves dificuldades, inclusive financeiras, e um doloroso divórcio. Já enfrentei uma porção de provações também. Mas embora nós não as comentemos com frequência, como desejaríamos, devido a nossas ocupações e a nossas famílias, sabemos que nossa amizade é sólida e que podemos contar um com o outro na velhice.
Porém, como os apaixonados, os amigos podem romper suas relações. Os telefonemas, os lanches, as excursões, os fins de semana juntos cessam repentinamente. Por habito, os egos associam-se e, por amor próprio, cada um recusa-se a dar o primeiro passo para reconciliação. Quando isso acontece, esquecer o amigo e refazer-se da ruptura pode levar anos, ou mesmo o restante da vida.
A meu amigo de liceu, Sandrine, e meu companheiro de estudo, Jonny, colega de montanhismo, Igor, se por acaso lerem este artigo em meu blog, digo-lhes que sinto bastante. Penso em vocês muitas vezes, e regularmente ocorre-me pretender vê-los todos nas pessoas dos novos amigos que vou encontrando por aí. Espero que a vida continue a lhes sorrir e que algum dia nossos caminhos se cruzem.
Questionamentos
Se sentir dificuldade em fazer amigos, tente uma breve auto-avaliação.
Existe um erro bem francês: acreditar que assumir atitude arrogante, arredia, apressada, é indispensável para tornar-se amigo mais atraente, mais gentil, disponível. Ao dizer bom-dia primeiro, mostrar-se prestativo, corre-se o risco de passar por "precipitado". Teme-se não ser levado a sério e não mostrar-se bastante solícito. Pior seria se os outros presumissem que você não tenha muitos amigos! Então, finge-se desconhecer os outros. Da mesma forma, para brilhar nos bate-papos, nas conversas, seria necessário "ignorar" o interlocutor, revelando-lhe sua superioridade, mostrando-lhe o "pique" superior de sua inteligência.
Porém a realidade é que não há nada mais fácil do que mostrar-se distante. É a solução dos fracos de espírito. Os indivíduos fortes e seguros de si, ao contrário, não temem revelar-se disponíveis, acessíveis. Por ocasião de uma reunião inicial de aulas este ano, cheguei à nova escola de meus filhos e percebi que os pais meus anteriores conhecidos saudavam-se efusivamente, ao passo que os novos, entre os quais eu, se mantinham afastados.
A timidez explica em parte este aspecto, que não constitui apenas indelicadeza. Não é fácil aproximar-se de desconhecidos, inclusive durante uma reunião nma pequena escola primária.
Na verdade, a situação foi brilhantemente contornada por uma mamãe que soube aproximar-se e fazer o necessário para deixar-nos à vontade. Fez as apresentações, usou palavras que agradaram a todos, descontraindo a atmosfera... tornou-se amiga de todos nós!
O homem ideal
Esta cena lembra-me um livro que li há algum tempo, As memórias do duque de Saint-Simon, que viveu no reinado de Luis XIV. Saint-Simon narra o caso de François Fenélon, muito amado de seus contemporâneos.
"Era preciso esforçar-se para deixar de o olhar". Narra Saint-Simon. "Ninguém podia deixá-lo, muito menos tentar não reencontrá-lo". "Todos os seus amigos permaneciam-lhe vinculados por toda vida". Eles se "reuniam para falar dele, para lamentá-lo, para desejá-lo, para dele se aproximar cada vez mais, como os judeus (prendem-se) à Jerusalém". (5)
E que talento especial tinha Fenélon para exercer tal atração? Era "um homem que jamais quis ostentar mais agudeza de espírito que os demais presentes, falava sempre de coisas ao alcance de cada um sem que jamais se percebesse".(4)
Tanto isto é verdade quanto mostrar-se "superior" é o melhor meio de tornar-ser antipático.
Pequenos truques suplementares
- Interessar-se sinceramente pelas pessoas;
- sorrir;
- lembrar os nomes das pessoas que encontrar;
- escutar atentamente. Encorajar os outros a falarem deles mesmos;
- falar de assuntos de interesse do interlocutor, e que forçosamente não diga respeito a você;
- evitar críticas, restrições ou queixas. (5)
Um tanto de pequenos hábitos de vida no dia em que cairmos gravemente enfermos fará apreciável número de amigos de verdade aproximar-se de nossa cabeceira, ajudando-nos a sarar.
Saúde!
PS - Você notará que minhas cartas informativas chegarão doravante sob o título Saúde Natureza Inovação e não mais Saúde e Nutrição. Com efeito, o presente título me pareceu mais correto, pois cubro cada vez mais assuntos relacionados com a saúde natural, indo além do domínio da nutrição. A apresentação permanecerá a mesma.
Achará você normal que tanta gente peregrine durante anos de hospital em hospital em busca de uma abordagem diferente de seus males?
Será necessário resignar-se a engolir medicamentos químicos até o fim de seus dias, suportando silenciosamente seus efeitos secundários?
Esta não é minha opinião, e é por esta razão que mensalmente divulgo um dossiê contendo todos os novos tratamentos naturais validados por pesquisas científicas. Um serviço de informação único está disponível e é referencial para inúmeros médicos e terapeutas. Você poderá surpreender-se com o que descobrirá em proveito próprio e de seus próximos.
Fontes
1) Ver artigo <>.
2) Citado no New York Times, <>, por Alex Williams, publicado em 13 de julho de 2012.
3) Rebecca G. Adams, professor de sociologia e de gerontologia da Universidade da Carolina do Norte, Greensboro, entrevistado pelo New York Time em 13 de julho de 2012.
4) Retrato de Fenélon pelo duque de Saint-Simon, em <>.
5) Cf. Dale Carnegie, Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, 1936.
Tradução de Odon

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