27.02.13
Adital
Pedro Páramo é uma novela que trata da vida cotidiana dos pobres mexicanos, mas que se estende aos pobres paraguaios, argentinos, brasileiros e tantos outros nas Américas e no continente africano. Contudo, esta novela exorciza qualquer tentativa de transformar a cultura vivida em manifestação folclórica. Rulfo não faz concessões, fala dos excluídos, dos indigentes, e seu proselitismo poético tem como eixo uma ética e uma moral denunciadoras da perversidade das elites espanholas, portuguesas, latino-americanas, mexicanas e, com efeito, brasileiras. Entretanto, de forma absolutamente notável, Juan Rulfo afasta-se de juízos de valor. Fotografa, descreve, etnografa e, de posse deste material, promove a narrativa do seu próprio sofrimento e do sofrimento de seu povo, e, sem tirar os pés do chão, voa para o imaginário de uma verdade revelada pelo enredo da tragédia humana (JENSEN, 1992).Por Paulo Baía, sociólogo e cientista político
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