domingo, 3 de março de 2013

Berlim exige que Bulgária e Romênia integrem ciganos para evitar êxodo de população pobre


Como a maré de cidadãos búlgaros e romenos que têm inundado a Alemanha não dá sinais de enfraquecimento, as autoridades alemãs pediram aos dois países que controlem o êxodo por meio do aumento dos esforços para integrar os ciganos em suas próprias sociedades. A migração motivada pela pobreza, afirmam as autoridades da Alemanha, deve ser combatida na fonte.

Der Spiegel
Ciganos romenos juntam seus pertences para deixar a cidade de Evry, perto de Paris
Ciganos romenos juntam seus pertences para deixar a cidade de Evry, perto de Paris
Uma grande onda de imigrantes provenientes da Bulgária e da Romênia tem se dirigido à Alemanha desde 2007 – quando os dois países aderiram à União Europeia (UE) e começaram a se beneficiar da livre circulação dentro do bloco de países – e está criando o que muitos chamam de grave problema de integração. As estatísticas mostram que aproximadamente 147 mil cidadãos búlgaros e romenos se mudaram para a Alemanha somente em 2011.

Embora não existam números oficiais, acredita-se que uma parte considerável de imigrantes desses dois países seja formada por membros da minoria cigana, que geralmente não são escolarizados e muitas vezes sofrem de problemas de saúde – e, portanto, têm muito menos chance de encontrar um emprego. Esses números devem aumentar ainda mais quando as restrições trabalhistas vigentes para os migrantes romenos e búlgaros forem levantadas, em 2014, após o término do período de transição de sete anos a que foram submetidos os dois países desde que aderiram à UE.
"Imigração relacionada à pobreza"
Na segunda-feira passada, o ministro do Interior da Alemanha, Hans-Peter Friedrich, disse que deseja consolidar os esforços destinados a combater a imigração relacionada à pobreza. Friedrich está exigindo que os governos da Bulgária e da Romênia adotem medidas em nível nacional para conter seu enorme êxodo, fenômeno que está afetando muitas regiões da Europa.

"Esse problema tem de ser resolvido em sua origem", disse Friedrich na segunda-feira. "É por esse motivo que a Alemanha está aconselhando a Bulgária e a Romênia, tanto em nível europeu quanto em suas relações bilaterais com os dois países, para que invistam uma parcela maior dossubsídios recebidos da UE para integrarem as pessoas afetadas (pela imigração em massa) em seus países de origem".

Enquanto isso, a ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, repetiu as declarações de Friedrich. "Muitos ciganos fugiram de suas casas por causa da discriminação e da pobreza resultante dessa discriminação", disse ela ao diário conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung. "A migração relacionada à pobreza deve ser tratada na raiz".
Um problema "previsível"
As últimas declarações das autoridades alemãs seguem a mesma linha de um memorando divulgado no final de janeiro pela Associação das Cidades Alemãs, que identificou o aumento dos problemas com os imigrantes pobres da Romênia e da Bulgária. O Departamento de Estatística Federat registrou um aumento de 24% no número de migrantes desses países durante o primeiro semestre de 2012. E o número mais do que dobrou desde 2007.

Com a disparada no número de pessoas que solicitam benefícios sociais, as autoridades das maiores cidades da Alemanha estão se queixando do crescimento dos gastos, além do aumento da prostituição, da mendicância e do trabalho ilegal. Diante desse cenário, a associação, que representa os interesses dos municípios alemães, solicitou ao governo federal, em Berlim, e à União Europeia, em Bruxelas, para que coloquem mais ênfase na questão e promovam a melhoria das condições de vida desses imigrantes em seus países de origem. O memorando afirma que esse resultado da expansão da UE, que transformou Romênia e Bulgária em membros do bloco de países, era "previsível".

"A atual onda de migração proveniente da Romênia e da Bulgária é um problema que só pode ser enfrentado por meio da cooperação coordenada entre os atores relevantes do governo federal, do país e da UE". Os municípios argumentam que essa não é uma questão de "isolar a Alemanha da onda de imigração", mas de "criar boas condições para a integração".

Com o memorando, as cidades disseram que pretendem lançar um debate sobre a melhor maneira para lidar com a questão. "Nós não queremos fazer generalizações indiscriminadas sobre os cidadãos europeus provenientes da Romênia e da Bulgária, e não podemos aceitar que esses problemas locais sirvam para promover o pensamento dos extremistas de direita".

Em 2011, na vizinha República Tcheca, os extremistas de direita atacaram os ciganos em uma área de fronteira próxima à Alemanha. Ataques semelhantes foram amplamente divulgados na Hungria.
Tradutor: Cláudia Gonçalves

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