Foto: Foxnews.com
A crise dos refugiados sírios no Líbano é mais complexa do que o oficialmente documentado, segundo o Alto Comissariado para os refugiados, a ONU, e o Governo libanês, existem muito mais de 400 mil refugiados no país (registrados e aguardando registro), e cerca de 300 mil espalhados pelo país, fora do alcance dos órgãos de ajuda humanitária. Esse afluxo crescente vem estressando a política, e a economia do país, ainda que o governo libanês e a ONU compreendam a situação, e venham tentando ajudar de todas as formas possíveis.
Ramzi Naamã, Coordenador dos Refugiados do governo do Primeiro-Ministro Interino, Najib Mikati, diz que é preciso incluir nas estatísticas, todos os refugiados que não estão registrados, ou que não querem fazer o registro, pois embora eles estejam fora das estatísticas oficiais, eles estão vivendo em apartamentos superlotados ou abrigos improvisados, em diversas cidades, como Shebaa, no sul de Arsal. No entanto a ACNUR e fontes diplomáticas do governo, alegam que é quase impossível elaborar estatísticas reais, com o grande número de refugiados espalhados naquela região, com os recursos que eles têm.
Naamã acredita que exista entre 650 a 700 mil refugiados de fato, e seu escritório está ampliando sua equipe de trabalho, para conseguir alcançar os demais refugiados, e alerta ainda, que além dos refugiados existem também, milhares de libaneses que se encontram cada vez mais marginalizados e pobres, em virtude da crise e do enorme afluxo de refugiados em pequenas cidades no norte do país, e do Vale do Bekaa. Eles estão sendo fortemente atingidos pela redução de salários, e aumento do desemprego, em comunidades que já estavam pairando a linha da pobreza, e essa situação vem gerando ressentimentos dentro de algumas dessas comunidades; e o medo de uma explosão de violência, tem sido a preocupação dos trabalhadores humanitários e autoridades locais, porque a situação é tensa e perigosa.
Uma estratégia de ajuda mais abrangente do que qualquer outra em curso na região, seria um plano de ajuda do governo que incluísse também, mais de 40 mil refugiados palestinos da Síria, bem como milhares de libaneses deslocados do país devastados pela guerra. Porém, para se conseguir executar tal estratégia, é necessário primeiramente, eliminar os obstáculos do caminho. Os órgãos governamentais do Estado não possuem verba para o financiamento, além da falta de iniciativa política em estabelecer áreas controladas de refugiados, que atualmente limita-se apenas na contagem de veículos que entram e saem do país.
A ACNUR também está ficando sem recursos para continuar com a ajuda humanitária, e pode alcançar somente parte dos refugiados espalhados no país. Naamã explica que dos US$80 mil de doações internacionais, tem sido quase totalmente destinados a ONU, e que este renovado plano de ajuda do governo, necessita de US$200 mil, para que hospitais, escolas e ministérios, tenham um financiamento adicional, para assim evitar os cortes no auxílio, em virtude da carga extra de refugiados que continua drasticamente aumentando no país. Sem falar que a formação de um Conselho de Ministros, independente da incerteza de funcionários de alto escalão sobre sua estabilidade no emprego, seria fundamental para que o plano fosse implantado, disse Naamã.
Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute
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