quinta-feira, 2 de maio de 2013

Aprofundamento do rio Elba representa um sério risco ecológico



Um estudo holandês pode parar um projeto já controverso para aprofundar o rio Elba, como a "Spiegel" tomou conhecimento. Ele alerta que se a dragagem continuar, os danos ao ecossistema do rio provavelmente serão irreparáveis.

Der Spiegel
Vista do  no rio Elba, em Dresden, na Alemanha
Vista do no rio Elba, em Dresden, na Alemanha
Um estudo encomendado pelo Ministério da Infraestrutura e Meio Ambienteholandês traz mais más notícias aos defensores do plano suspenso para aprofundar o rio Elba. O relatório confirma que uma maior dragagem poderia resultar em danos ecológicos severos.

Intitulado "Sobre a resposta dos rios de maré ao aprofundamento e estreitamento", o estudo nota "a existência de um ponto de inflexão, além do qual um rio de maré evolui mais ou menos de modo autônomo a um estado hiperturvo". Esse estado representaria um dano irreparável às populações de peixes e animais.

O relatório conclui que o Elba está à beira desse "ponto de inflexão" e está "muito sensível a pequenas mudanças", como aprofundamento ou estreitamento.

O estudo pode desferir o golpe final ao projeto de dragagem. Em outubro de 2012, as autoridades suspenderam o projeto de 400 milhões de euros para aprofundamento do rio Elba nas proximidades de Hamburgo, para receber os megacargueiros que exigem uma profundidade de 14,5 metros ou mais. Mas duas organizações ambientais –Amigos da Terra da Alemanha (BUND) e a União de Conservação da Natureza e Biodiversidade (NABU)– com o apoio do Fundo Mundial da Natureza (WWF), conseguiram obter uma suspensão temporária do projeto junto ao Tribunal Administrativo Federal da Alemanha em Leipzig. O juiz impediu o início do projeto de dragagem, em parte devido ao risco de "perturbar o ecossistema" na estuário do Elba.

Isso gerou uma disputa amarga. Políticos, empresas portuárias e de transporte, e até mesmo o sindicato Verdi, que representa os estivadores, criticaram as organizações ambientais por seu ingresso na Justiça. Todos eles temem que o não aprofundamento do Elba poderia colocar em risco a competitividade do porto como gerador de empregos e motor econômico. Apenas naquele região norte da Alemanha, aproximadamente 150 mil empregos estão ligados ao porto. Ele também gera quase 15% do produto líquido de Hamburgo e mais de 700 milhões de euros em receita tributária anual.

O Verdi até mesmo apresentou um argumento ecológico. Se o rio não fosse aprofundado, as empresas de transporte com navios maiores poderiam transferir seus negócios para outros portos da Europa, como Roterdã, e as estradas seriam, por sua vez, ainda mais sobrecarregadas pelo tráfego de caminhões.

A questão "não tem nada a ver com responsabilidade ecológica", disse o sindicato, acrescentando que ficou surpreso e alarmado por grupos ambientais estarem aceitando facilmente essa avaliação. O Ministério dos Transportes em Berlim também interveio –apesar de sem sucesso– no conflito. Mas agora os oponentes do projeto de aprofundamento estão recebendo ainda mais reforço ao seu argumento.

O relatório pode acabar com a última esperança de encontrar uma forma de aprofundar o rio com táticas como a da Administração Federal Alemã de Hidrovias e Transporte (WSV), que vinha considerando um alargamento do estuário do Elba por meio da adição de diques, para preservar mais espaço natural. Mas esse plano ainda incluiria um aprofundamento do canal em um metro adicional para acomodar os navios de contêineres com calado carregado de até 14,5 metros.
Tradutor: George El Khouri Andolfato

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