Fadl Abdul Rahman Shamandar, ou simplesmente Fadel Shaker, como ficou conhecido quando ainda dedicava-se a cantar, antes de se tornar um salafista, está sendo procurado pelas Forças de Segurança do exército libanês, juntamente como seu comparsa e guru, Ahmad Assir, pelos ataques contra o exercito em Sídon, no último final de semana. Shaker dedicou-se a musica de 1997, quando foi descoberto, até 2011, quando decidiu se unir ao clérigo salafista, Ahmad Assir, e seus partidários.
No último final de semana, durante os confrontos contra as forças armadas do Líbano, Shaker orgulhosamente bradava ter ele mesmo matado dois soldados. Ignorando o fato de também ter perdido seu irmão durante os confrontos, o frio comportamento de Shaker também foi esboçado por seu guru, que também perdeu o irmão durante os confrontos ao exército, mas continuou na guerrilha. A dupla e outros 120 homens de Assir, estão sendo procurados em uma caçada nacional, após o confronto de dois dias que deixou 18 soldados libaneses mortos e 50 feridos. Segundo relatos, após a morte do pai, o sobrinho de Shaker teria tentado fugir de Sídon, vestido de mulher. Shaker, Assir, e seus guerrilheiros estão desaparecidos.
Nascido com um talento natural, que o transformou em dos cantores mais famosos do mundo árabe, Shaker, filho de um libanês com uma palestina, teve infância miserável em Ain Al-Hilweh; um dos maiores campos de refugiados palestinos do Líbano. Ele começou sua carreira como cantor de casamentos, depois de ser notado cantando nos telhados do campo de refugiados. Apesar de ter uma belíssima voz, Shaker também era muito ingênuo e manipulável, segundo declarou um ex-amigo dele. Quando alcançou a fama, ele se afastou de todas as pessoas que o amavam, e passou a se dedicar às más companhias. Shaker se popularizou também, por defender os direitos palestinos, e chegou a receber cidadania honorária do Presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Shaker cantou canções de amor que se tornaram sucessos instantâneos em todo o Oriente Médio, e causava suspiros em todas as mulheres. Reservado e sensível, quando a ex-mulher o abandonou, ele costumava chorar no palco enquanto emotivamente cantava. Durante anos, seu irmão, um sunita religioso fervoroso, tentou convencê-lo a abandonar a musica, mas apenas após abrir um restaurante em Sídon, Shaker decidiu largar a musica e a fama, para levar uma vida mais calma e anônima, ao lado de seus três filhos. O que ninguém imaginava, é que um dia ele iria se unir ao clérigo salafista, Ahmad Assir, e enveredar profundamente no mau caminho.
Após a eclosão do conflito sírio, Shaker passou a ver a música como um pecado, proibido no islã, se afiliou ao movimento radical sunita de Assir, batizando o clérigo de "O leão dos sunitas", deixou a barba crescer, e passou a desfrutar de outro tipo de fama... O de destaque dos comícios de Assir, ajudando-o a buscar aliados para o salafismo, trocando literalmente, as canções de amor pelo canto de jihad e morte.
Durante um programa de TV, e sentado ao lado de seu guru Assir, Shaker sorrindo, cantou docemente: "Deus me deu o dom e me convidou para participar do jihad... Mãe, não chore por mim... A morte não me assusta, e meu desejo é me tornar um mártir". Recentemente em entrevista a uma emissora de TV, Shaker ameaçou matar o Prefeito de Sídon, insultando-o fervorosamente diante das câmeras, porque sua casa havia sido invadida e furtada, supostamente por membros do Hezbollah, segundo alegou o ex-cantor. A prisão de Shaker e Assir, além de seus homens, já foi decretada, porém, o paradeiro do grupo é desconhecido.
Claudinha Rahme
Gazeta de Beirute
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