No limiar do século XXI, a busca de um novo projeto socialista encontra-se novamente na ordem do dia.
Ricardo Antunes
Ricardo Antunes
Hoje estamos em condições de fazer um balanço mais conclusivo da experiência vivida no século XX: derrotadas as suas mais importantes experiências, com a URSS à frente, é possível constatar que estes projetos não foram capazes de derrotar o sistema de metabolismo social do capital. Esse sistema, constituído pelo tripé capital, trabalho e estado, não pode ser superado sem a eliminação do conjunto dos elementos que compreende este sistema. Como diz István Mészáros (1995), não basta eliminar um ou mesmo dois de seus pólos. O desafio é superar o tripé, nele incluída a divisão social hierárquica do trabalho que subordina o trabalho ao capital.
Por não ter avançado nesta direção, os países pós-capitalistas, com a URSS à frente, foram incapazes de romper a lógica do capital. Fenômeno assemelhado ocorre hoje com a China, que oscila, por um lado, entre uma abertura ampla para o mercado mundial sob o comando do capital e, por outro, fortalece o controle político rígido exercido pelo Estado e pelo Partido Comunista Chinês. Penso que a reflexão deste ponto é um primeiro e decisivo desafio.
Ricardo Antunes é professor Titular de Sociologia do Trabalho na Universidade de Campinas (UNICAMP). Autor de Adeus ao Trabalho? (Ed.Cortez); Os Sentidos do Trabalho (Ed. Boitempo) e A Desertificação Neoliberal no Brasil: Collor, FHC e Lula (Ed. Autores Associados), entre outros livros. É também Coordenador da Coleção Mundo do Trabalho (Ed.Boitempo) e Trabalho e Emancipação (Ed. Expressão Popular).
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