Bradley Manning, soldado americano julgado por espionagem por ter vazado documentos confidenciais do Exército americano ao Wikileaks
Sylvain Cypel
Sylvain Cypel

Vitória ou recuo para os denunciantes?
O debate em andamento entre juristas, defensores dos direitos civis e meios jornalísticos nos Estados Unidos após o veredicto do julgamento do soldado Manning deixa transparecer ao mesmo tempo um alívio e certa apreensão quanto ao que virá.
"À primeira vista, o veredicto da juíza não aponta nenhum 'vencedor', esse julgamento só deixa vencidos", diz acreditar Karen Greenberg, diretora do Centro de Direito Securitário da Universidade Fordham, em Nova York, coautora do livro de referência sobre os julgamentos de Guantánamo, "The Enemy Combatant Papers: American Justice, the Courts and the War on Terror" (Ed. Cambridge Press, 2008). Isso porque "a leitura desse veredicto 'equilibrado' deixa inúmeras dúvidas no ar". "Por exemplo, não é possível concluir nada de mais preciso quanto às normas impostas à mídia e aos jornalistas em sua relação com o governo."
Mas, segundo ela, a ACLU (principal associação de defesa das liberdades civis) e os defensores da liberdade de imprensa "têm mais motivos para ficarem preocupados do que a Casa Branca, ainda que a procuradoria não tenha conseguido validar a acusação de ajuda ao inimigo".
"Internet traz problemas inéditos"
Comparar, como alguns fazem, as questões levantadas pelos denunciantes de 40 anos atrás com aquelas trazidas pelo WikiLeaks "não faz sentido", ela diz, "na medida em que os meios dos quais seus contemporâneos dispõem hoje não têm comparação, são mais poderosos, mais móveis, e, assim, mais difíceis de controlar pelo Estado".
A professora Greenberg diz acreditar que, a curto prazo, os meios jurídicos americanos estarão muito atentos ao enunciado da sentença final da juíza militar, que decidirá sozinha. Independentemente de ser pesada, com dezenas de anos de prisão, clemente (de 10 a 12 anos) ou intermediária, ela abrirá um precedente.

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