segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Premiê português admite “derrota nacional” em eleições municipais


Premiê português admite “derrota nacional” em eleições municipais

No primeiro teste das políticas de austeridade defendidas pela coalizão governista de centro-direita, os governistas perderam em todos os grandes centros do país. O premiê Passos Coelho, no entanto, reforçou a política da troika no discurso da noite eleitoral: "seguirei lutando pelo caminho que percorremos, indispensável para nos recuperarmos da crise".

As eleições municipais portuguesas, realizadas neste domingo (29/09) deram um duro recado ao governo do primeiro-ministro conservador Pedro Passos Coelho e seu partido, o conservador PSD (Partido Social-Democrata), de direita e defensor das políticas de austeridade fiscal que paralisam a economia do país.

Em Lisboa, a oposição do Partido Socialista conseguiu a reeleição de António Costa com maioria absoluta e mais de 50% dos votos totais. No entanto, a maior surpresa das votações veio do Porto, segunda maior cidade portuguesa, com a vitória de um candidato independente.

Com cerca de 80% dos votos apurados, o Partido Socialista (PS), principal oposição, somava 100 das 308 Prefeituras do país e passava em pelo menos 300 mil votos os adversários PSD e o CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular), democratas-cristãos, com quem fechou coligação em várias cidades.

Os governistas perderam em todos os grandes centros do país, fazendo com que Passos Coelho admitisse uma “derrota nacional” parabenizando os socialistas por uma “vitória significativa”. "Seguirei lutando pelo caminho que percorremos, indispensável para nos recuperarmos da crise, a confiança e o crescimento", disse Passos Coelho em alusão ao cumprimento do programa de austeridade fiscal.

Os resultados do PSD são os piores em décadas, só semelhantes aos de meados dos anos 1990 e fim dos 1980.

No Porto, chamou a atenção a vitória de Rui Moreira, candidato sem partido, que surpreendeu os rivais Luis Filipe Menezes (PSD) e o Manuel Pizarro (PS). "Sempre disse que não sou contra os partidos, mas os partidos não estão bem. Esta eleição é um claro sinal do Porto de que é possível fazer diferente e que os partidos têm de ser diferentes. Mas se eles não entenderam o que se passou aqui hoje, então não entenderam nada", afirmou. Moreira, no entanto contou com o apoio formal do CDS-PP.

As eleições municipais tiveram um índice de abstenção de em torno de 44%, valor superior ao número de abstenções de 2009.

Teste nacional

Passos Coelho havia dito antes da votação que o resultado das eleições municipais não afetaria a política nacional. No entanto, prevendo o mau resultado cada vez mais evidente nas pesquisas, mudou de opinião e admitiu que as eleições locais devem ser consideradas sob uma perspectiva nacional.

As eleições foram vistas pelos analistas locais como o primeiro teste das políticas de austeridade defendidas pela coalizão governista de centro-direita.

Em troca de um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros, em maio de 2011, o governo português aumentou impostos, reduziu salários e aposentadorias e faz cortes significativos no funcionalismo público numa tentativa de equilibrar o orçamento. As medidas agravaram a crise econômica, que levou a taxa de desemprego a um recorde de 17,7% no começo deste ano.

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