quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cesar ou Deus, quem a Arábia Saudita escolhe?


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Por Assad Frangieh.
O grande temor da Arábia Saudita na reaproximação dos Estados Unidos com o Irã está nos indícios de afrouxamento da principal sanção do Ocidente sobre a República Islâmica: o mercado do petróleo. A Arábia Saudita comanda a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo, assegurando sozinha um terço da produção mundial, quase 10 milhões de barris diários. Fiscalizando as cotas dos outros países, seus lucros beiram um bilhão de dólares por dia. Quanto mais o preço do petróleo se eleva, maiores são seus lucros.
Quem está fora da OPEP é o Irã, a quinta maior reserva de petróleo. As sanções asseguram que os mercados ocidentais não comprem petróleo do Irã. Mesmo assim, a Turquia, a Índia, a China, a Coréia do Sul e o Japão estão fora destas sanções tornando o petróleo iraniano essencial em suas indústrias de produção. Consequentemente, eles pagam um preço menor e quem sai prejudicado são os próprios europeus. Os Estados Unidos conseguem pressionar a Arábia Saudita para não impactar o mercado norte-americano, porém, nem sempre dá para andar na areia movediça dos desejos dos príncipes sauditas como Bandar Bin Saúd.
Segundo o jornal “Financial Times”, o Irã está chamando investimentos de 100 bilhões de dólares para sua indústria petrolífera nos próximos três anos. Em março de 2014, na cidade de Londres, os editais serão comunicados e neles há substanciais vantagens para as grandes empresas americanas e europeias não ficarem fora. Lógico, desde que as sanções sejam afrouxadas. Além disso, em novembro desse ano, o país sediará a 15º reunião dos países produtores de gás. Portanto, se houver menos sanções, haverá mais investimentos ocidentais no Irã.
Em casa, os Estados Unidos vêm ampliando cada vez mais sua independência de fontes de energias externas, principalmente do Oriente Médio. Isso significa menos política baseada na força armada  e mais diplomacia a serviço da economia. O desgaste diplomático e os gastos militares próprios dos Estados Unidos no Afeganistão, no Iraque e num eventual conflito generalizado no Oriente Médio centralizado na Síria, poderiam afetar profundamente a economia do império norte-americano e o bem estar de sua população. Esta é uma das razões das mudanças da política externa dos Estados Unidos no atual mundo multipolar.
A Arábia Saudita vê no fim das sanções sobre o Irã, enormes prejuízos financeiros causados pela entrada de um importante concorrente no mercado de produção de petróleo. Os Estados Unidos enxergam grandes investimentos com a redução das sanções. O programa nuclear não passa de uma máscara para as sanções. Será resolvido para que as economias voltem a prosperar. O trem, parado na estação Genebra 2, está chamando os passageiros para seguir viagem: Os Estados Unidos, a Rússia, a China, o Irã, o Iraque, a Síria, a Comunidade Européia, já embarcaram… Quem ficar de fora será perdedor.
A inimizade da Arábia Saudita sunita pelo Irã xiita nunca foi pelo nome de Allah. Foi pelas moedas de César.

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