terça-feira, 22 de outubro de 2013

Marx, por Daniel Bensaid

Marx, que continua sendo o maior protagonista das análises e dos debates contemporâneos, precisa de uma nova apresentação? O Manifesto Comunista é a obra mais publicada no mundo, depois da Bíblia. Por que voltar sobre a obra desse alemão - teórico e militante – cuja obra foi publicada há mais de um século e meio?

Emir Sader
Emir Sader
Porque, à importância subversiva de Marx se unem a deformação do seu pensamento, quando não é mais possível silenciar sobre sua obra. Até há pouco o capitalismo havia sido promovido a um fenômeno identificado com dinamismo, modernização, progresso, racionalidade, criatividade, etc., etc.

O máximo que as capas das revistas faziam em relação a Marx era festejar sua undécima morte. O fim da história haveria decretado o fim do socialismo e, com ele, as análises e as previsões de Marx.

De repente, veio a nova crise do capitalismo e as palavras crise, recessão, desemprego, trouxeram de volta a Marx, como o maior analista do capitalista e das suas crises. Mas um Marx domesticado, bem comportado. Um Marx analista, mas não político. “Um Marx sem comunismo nem revolução, academicamente correto”, como diz Daniel Bensaid na abertura da sua deliciosa introdução a Marx.

Bensaid restabelece o caráter global da obra e da vida de Marx, como pensador e como militante, como analista e como teórico da revolução. O livro acompanha a biografia do Marx, sua formação intelectual e política, a construção da sua obra e sua imbricação com sua militância política.

O marxismo se constituiu no principal protagonista dos maiores debates teóricos e dos mais importantes embates políticos desde então. De repente, há duas décadas, os conservadores decretaram a morte do Marx, que vinha acompanhada do fim da URSS e da retração da esquerda no mundo.

Por que de repente surge uma ressurreição do Marx? “Simplesmente porque Marx é nosso contemporâneo, a consciência pesada do capital. E porque o capital, que ainda ensaiava  os primeiros delitos quando ele traçou seu perfil falado, tornou-se hoje um serial killer adulto que devasta todo o planeta.”

O passeio a que nos leva Bensaid vai das primeiras obras filosóficas de Marx, passa por seus escritos econômicos e chega às suas obras políticas. Da formação do conceito de alienação, passando pelo da exploração até chegar às analises da Comuna de Paris e do protagonismo político do proletariado.

Bensaid, o melhor pensador da sua geração, da geração de maio de 1968, faz isso com grande maestria e seu estilo instigante, provocador, irônico e agitador.
Ninguém melhor para introduzir, hoje, a Marx.

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